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Os Campos de concentração que mataram centenas de milhares de cearenses entre os anos 1915 e 1932. – Luís Sucupira

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Os Campos de concentração que mataram centenas de milhares de cearenses entre os anos 1915 e 1932.

 

No Ceará, 28 anos antes de Hitler, essa foi uma solução elaborada pelo governo para evitar que flagelados famintos fugindo do sertão semi-árido chegassem a Fortaleza.

“Seco, meu Deus, só o fiapinho de gente, despencou em cima da carroça, já se tremendo todinho e ali mesmo morreu”, contava João Patriolino de Menezes, avô de Xico Sá, sobre a morte do irmão, Francisco, durante a construção de um açude na Batateira, nos arredores da cidade do Crato, no Ceará. Chico Patriolino, como seu tio era chamado, nascido no vizinho município de Exu, em Pernambuco, era um dos alistados do campo de concentração do Cariri, o maior do território cearense. Tinha 22 anos quando foi vítima da tragédia. O ano é 1915 e o cenário uma das mais terríveis secas por que passou o Estado do Ceará.

Se você pensava que a ideia de adotar os campos de concentração como solução final foi executada pela primeira vez pelos nazistas, enganou-se. No Ceará, 28 anos antes de Hitler, essa foi uma solução elaborada pelo governo para evitar que flagelados famintos fugindo do sertão semi-árido chegassem a Fortaleza. Vicente a Conceição, personagem do romance O Quinze, da escritora Rachel de Queiroz pergunta a um sertanejo sobre os campos de concentração. Eles não estão falando dos campos da Segunda Guerra Mundial, mas dos criados e mantidos pelo governo cearense em 1915. O diálogo fala dos currais erguidos no Ceará pelos governos estadual e federal para isolar os famintos da seca de 1915.

Os retirantes não podiam alcançar Fortaleza, pois assim trariam “o caos, a miséria, a moléstia e a sujeira”, como informavam os boletins do poder público à época. Naquele ano, criou-se o campo de concentração do Alagadiço, nos arredores da capital cearense, hoje região da Washington Soares (zona nobre da cidade) que foi cenário do livro de Rachel de Queiroz. Este campo chegou a juntar oito mil esfomeados, que recebiam alguma comida e permaneciam vigiados por soldados. A segregação dos miseráveis era lei, mas chegou um momento em que o flagelo em massa era tão chocante, pelas 150 mortes diárias, que o governo do Estado ordenou, em 18 de dezembro 1915, de acordo com os jornais da época, a dispersão dos flagelados, ou “molambudos”, como eram também conhecidos.

Segundo o historiador Marco Antonio Villa, autor de Vida e Morte no Sertão, durante a seca de 1915 teriam morrido pelo menos 100 mil nordestinos. Outros 250 mil migraram para escapar da “velha do chapelão” – como a fome era conhecida no imaginário do semi-árido. O medo das autoridades diante dos flagelados da seca tinha um antecedente. Em 1877, uma leva de cerca de 110 mil famintos saiu dos sertões e tomou as ruas de Fortaleza, assombrando os moradores que viviam a ilusão, importada de Paris, de urbanismo e civilidade.

Rodolfo Teófilo e o relato das 400 mortes diárias.

Rodolfo Teófilo: “A peste e a fome matam mais de 400 por dia!”

No livro ‘A Fome’, o mais consistente relato sobre o cenário de 1877 nas ruas da capital, o cientista social e escritor Rodolfo Teófilo assim descreve o que viu: “A peste e a fome matam mais de 400 por dia! O que te afirmo é que, durante o tempo em que estive parado em uma esquina, vi passar 20 cadáveres: e como seguem para a vala! Faz horror! Os que têm rede, vão nela, suja, rota, como se acha; os que não a têm, são amarrados de pés e mãos em um comprido pau e assim são levados para a sepultura. E as crianças que morrem nos abarracamentos, como são conduzidas! Pela manhã os encarregados de sepultá-las vão recolhendo-as em um grande saco; e, ensacados os cadáveres, é atado aquele sudário de grossa estopa a um pau e conduzido para a sepultura”.

 

O cheiro de podridão e as memórias de um horror que virou indústria

Foi em 1932 que o modelo de isolamento começava para valer. Na “seca de quinze” – como era chamada a estiagem – ainda não existia sequer a famosa “indústria da seca”, como se convencionou chamar a ajuda do poder federal às oligarquias nordestinas – diante das ameaças de saques e violência das legiões de famintos, os grandes proprietários de terra sempre chantagearam o governo federal, principalmente a partir dos anos 1930, alocando recursos para a região que na maioria das vezes acabavam se revertendo em benefício das próprias elites.

“De longe eu sentia o cheiro de podridão, chegava a tapar as ventas. Era tão forte o fedor que é como se eu o sentisse hoje, mesmo eu estando com a memória fraquinha, fraquinha”, diz Manuel Conceição Rodrigues de Sá, 87 anos, um rapaz de 15 anos durante a seca braba de 1932. Hoje, ele mora no subúrbio de Juazeiro do Norte, no Ceará, terra do Padre Cícero, personagem que já era celebrado como santo naquele tempo, pelas levas de famintos que buscavam por sua bênção. Manuel morava, então, no município de Serra Talhada, em Pernambuco. Trabalhava como tropeiro – tocava burros com carregamentos de cachaça dos engenhos da região do Cariri, no sul do Ceará, para municípios de Pernambuco e da Paraíba. “Era num sítio ali perto do Crato, só vi uma vez de perto o campo de concentração, nunca mais tive coragem de passar junto. Pense num desmantelo! Gente apodrecendo de verdade parecia uns urubus quando o governo mandava comida”, afirma o ex-mascate.

O cearense do Cariri Miguel Arraes de Alencar, nascido em dezembro de 1917, na cidade do Araripe, governador de Pernambuco por três mandatos, relatou também lembranças do campo de concentração do Crato, onde morou sua família. “A seca braba de 32 é muito forte em minha memória. Um dia, quando ia estudar, me deparei com três homens presos. Eram flagelados do curral da concentração. Foram presos como desordeiros, só porque ficaram revoltados com as injustiças na distribuição de comida por lá”, afirmou Arraes em conversa com este repórter, em 2002. “É uma lembrança que guardo para sempre, as histórias vindas de lá eram um horror danado.”

Falsa promessas de água de comida farta.

Campo de concentração cearense desativado e abandonado.
Campo de concentração cearense desativado e abandonado.

Pelo campo de concentração do Crato passaram cerca de 65 mil pessoas durante aquela estiagem. Ali, o governo prometia comida, água, assistência médica e oferta de trabalho. Na realidade não havia água tratada, nem comida para todos e muita gente morria literalmente de fome ou doença e era sepultada ali mesmo. O campo se tornou um foco de tudo o que é infecção. Em alguns dias, o número de mortes de famintos alcançava a marca de 200. Há registros de pelos menos outros cinco currais no estado do Ceará, localizados em Quixeramobim, Senador Pompeu, Cariús, Ipu, Quixadá e o último nos arredores de Fortaleza, como derradeira tentativa de evitar que os famintos convivessem com a população da capital.

Entravam e não podiam mais sair

“Eram locais para onde grande parte dos retirantes foi recolhida a fim de receber do governo comida e assistência médica. Dali não podiam sair sem autorização dos inspetores do campo. Havia guardas vigiando constantemente o movimento dos concentrados. Ali ficavam retidos milhares de retirantes a morrer de fome e doenças’’, diz a historiadora Kênia Rios, da PUC-SP.

As estatísticas oficiais, que não conseguiam abarcar todos os alistados nos “currais”, dão conta de 73.918 “molambudos” nas seis áreas de confinamento – 6.507 em Ipu; 1.800 em Fortaleza; 4.542 em Quixeramobim; 16.221 em Senador Pompeu; 28.648 em Cariús e 16.200 no Crato, conforme relata uma das melhores fontes sobre o assunto, o livro Campos de Concentração no Ceará – Isolamento e Poder na Seca de 1932, de Kênia Rios.

Os famintos foram mandados a São Paulo para lutar na Revolução de ‘32

Sem ter a menor noção do que enfrentariam, muitos seguiram de navio e caminhão para as trincheiras de São Paulo.

Em 1932, em São Paulo, tropas revolucionárias enfrentavam o Exército brasileiro num levante contra Getúlio Vargas, que assumira a presidência em 1930. Quando a luta apertou, os governos federal e estadual, que haviam criado os campos de concentração no Ceará, convocaram seus ocupantes para engrossar o caldo contra os paulistas. Para quem estava faminto e desabrigado, servir o Exército era a única saída entre esperar morrer de fome e escapar das balas.

Sem ter a menor noção do que enfrentariam, muitos seguiram de navio e caminhão para as trincheiras de São Paulo. O escritor paraibano José Américo de Almeida, ministro da Viação, responsável pela política de combate à seca no Nordeste, foi um dos defensores da medida: “O Norte veio para a trincheira impelido pela gratidão e pelo instinto de conservação, pois só no Ceará o Ministério da Viação deu trabalho a 100 mil homens e 500 mil brasileiros foram salvos da fome”, disse, na época, ao jornal O Povo, de Fortaleza. Detalhe: escapar da fome para morrer de frio ou por balas de fuzis.

Segundo o jornal, em 19 de agosto, pouco mais de um mês do início dos combates, já haviam sido enviados pelo menos 1.200 cearenses para a linha de fogo, não pouparam nem crianças e idosos. O jornal O Povo registrou os sofrimentos desses nordestinos em São Paulo, “submetidos às mais duras humilhações”. O jornal relatou que na capital paulista a população provocou depredações e incêndios em lojas cujos proprietários eram migrantes do Ceará. Contam que os soldados da seca não tinham treinamento adequado para quem ia a uma guerra, nenhuma experiência militar e até o fardamento que utilizavam era inadequado para a região, o que fazia a tropa passar muito frio. Porém, não há estatísticas sobre o número de vítimas nordestinas na guerra vencida por Getúlio, mas estima-se que menos da metade retornou ao Ceará.

A fome e o beato Zé Lourenço

O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, a comunidade foi destruída e bombardeada

Um sobrevivente da segregação é Antonio Siqueira da Silva, de 90 anos, que tinha 18 anos quando foi “jogado” com a família – pai, mãe e mais 12 irmãos – no “curral dos flagelados” do Crato. A família havia mudado do município de Quebrangulo, terra do escritor Graciliano Ramos, para Juazeiro do Norte, cidade hoje emendada ao Crato, em 1930. “A gente veio por causa dos milagres do meu padim Ciço. Só se falava nas obras do ‘meu padim’ por esse mundão todo afora. Ai meu pai pegou a penca de menino, botou em cima dos burros, e chegamos aqui em Juazeiro, pois lá nas Alagoas não tinha mais como viver que preste”, diz Silva, em depoimento para o projeto Nova Geografia da Fome, do Centro Cultural Banco do Nordeste. “Chegando aqui o meu padim nos botou lá no sítio do beato Zé Lourenço, onde tinha muita fartura. O mundo todo sem nada para comer e o beato lá dando de comer a todo mundo, até irrigação já tinha.”

O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto e o bombardeio de inocentes desarmados

Seguidor do padre Cícero, Lourenço (1872-1946), nascido na Paraíba, chegou a abrigar cerca de mil pessoas no começo dos anos 1930. Conhecida como o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, a comunidade foi destruída e bombardeada – a primeira vez que as Forças Armadas usaram aviões para um massacre no Brasil – em 1937, por ordem do ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra, durante o governo de Getúlio Vargas. O poder central, insuflado pelas autoridades cearenses, temia que o beato pudesse transformar o seu vilarejo em mais um Canudos, episódio que ainda assombrava os militares. No massacre, teriam morrido cerca de 700 pessoas. Lourenço escapou, fugindo pela Chapada do Araripe. Doente, morreria nove anos depois, em Exu (PE), município nas cercanias do Crato.

“O sítio do beato foi ficando cheio de gente demais, ai meu pai achou melhor a gente escapar da fome lá no ‘curral dos flagelados’, pois o governo prometia muita esmola por lá”, diz o sobrevivente do campo de concentração Antônio da Silva. “Mas quem disse que as esmolas chegavam? Lá perdi foi seis irmãos, de fome braba. Eu mesmo só escapei porque fugi com o resto, de madrugada, ainda lembro como se fosse hoje. Era uma catinga tão feroz, meu filho, que nem dava pra dormir direito. E os urubus em cima, querendo arrancar as tripas dos falecidos.”

 

Mais de dois milhões de mortos: uma página negra que poucos ousam falar.

Entre 1877 e 1913 mais de dois milhões de mortos

A história das secas que castigam a população do Nordeste desde pelo menos 1877, deixou um rastro de tragédias e mortes assombroso. Nunca foi feito um levantamento a respeito dos números de nordestinos que perderam as vidas por causa da fome nestes períodos. Os levantamentos parciais, no entanto, são assustadores. Somente entre 1877 e 1913, portanto ainda sem os números da seca de 1915, o governo federal, por intermédio do IOCS estimava que 2 milhões de pessoas haviam morrido em conseqüência da miséria nas estiagens. Pouco mais de 100 anos depois, a equipe do livro Genocídio do Nordeste (organizado pela Comissão Pastoral da Terra e o Ibase, entre outras organizações) repetiu o desafio de contar as vítimas da seca e chegou ao número de 3,5 milhões de mortos somente no período entre os anos de 1979 e 1984.

Esta é uma página negra da história do Brasil que pouco ou nunca se aborda. Talvez por vergonha, talvez pelo medo de reconhecer que esta solução final adotada aqui no Ceará por cearenses e contra seus irmãos acabaria inspirando mais tarde Adolf Hitler a usá-la contra os judeus que resultou no maior holocausto que se tem notícia o qual ceifou 6 milhões de vidas inocentes.

[googleMap name=”Caldeirão de Santa Cruz do Deserto” description=”Caldeirão de Santa Cruz do Deserto” width=”400″ height=”300″]Senador Pompeu, Ce[/googleMap]

Fonte: texto originalmente escrito por Xico Sá e adaptado e revisado por Luis Sucupira para publicação neste blog.

Saiba mais

Livros

Campos de Concentração no Ceará – Isolamento e Poder na Seca de 1932, Kênia Rios, Museu do Ceará, 2001 – Obra de referência sobre o assunto, traz análises bem documentadas e detalhes riquíssimos

Vida e Morte no Sertão, Marco Antonio Villa, Ática, 2000 – Retrato das secas nordestinas desde o século 19 e de como suas vítimas foram assistidas pelo governo

O Quinze, Rachel de Queiroz, José Olympio, 2004 – A história de uma voluntária na ajuda a flagelados do campo de concentração cearense de 1915

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