A economia brasileira cresceu 6,1% no 1\u00ba. trimestre! Este \u00e9 um n\u00famero que traz boas e m\u00e1s not\u00edcias. A semana de 11 de setembro de 2008 marcou o cen\u00e1rio de um mercado nervoso sem muito sentido, meio que \u0091rebelde sem causa\u0092 em se tratando de Brasil. O pa\u00eds vive um momento muito bom. Tivemos boas not\u00edcias sobre a Petrobr\u00e1s quanto a descoberta de grandes reservas. O pa\u00eds cresce a uma taxa que nem ele mesmo suporta e ainda assim as bolsas come\u00e7aram as cair por conta de uma crise mundial que na realidade \u00e9 uma crise americana provocada pela tresloucada pol\u00edtica econ\u00f4mica da gera\u00e7\u00e3o Bush. O d\u00f3lar subiu bastante e isso come\u00e7ou tamb\u00e9m a preocupar, mas esta subida deve-se a compra de d\u00f3lares por parte de investidores para investir em outros mercados ou cobrir preju\u00edzos de aplica\u00e7\u00f5es feitas em locais em crise como acontece nos EUA. Por outro lado, filiais de empresas americanas compraram d\u00f3lares para ajudar a melhorar os balan\u00e7os das suas matrizes. Enfim, o problema parece retroceder no Brasil. A bolsa cresceu esta semana e o d\u00f3lar deve sim dar uma respirada quanto ao nervosismo de sua subida. A economia mundial passa por um momento ruim, dizem alguns especialistas acostumados apenas a ver o mundo sob a \u00f3tica de um fuso hor\u00e1rio apenas.<\/p>\n
Crise Mundial? Foi isto que eu disse? Nem tanto. <\/strong><\/p>\n Enquanto o varejo nos EUA caiu e teve crescimento negativo; na China ele cresceu pouco mais de 23%. \u00cdndia e Brasil tiveram crescimento acima de 10%, mas onde est\u00e1 esta a crise? Ela \u00e9 americana e puxa uma boa parte dos pa\u00edses europeus. Estamos vivendo n\u00e3o um momento confuso, mas um momento COM FUSO hor\u00e1rio. A China e outros emergentes que andaram fazendo a li\u00e7\u00e3o de casa, est\u00e3o crescendo. Os americanos, n\u00e3o. Parece que investir em emergentes seja a sa\u00edda para acalmar essa crise americana e a DELL parece dar o primeiro passo ao dar a entender que ir\u00e1 incrementar sua produ\u00e7\u00e3o em outros pa\u00edses, inclusive no Brasil. A f\u00e1brica de semicondutores aqui, antes um sonho distante, pode acontecer em um tempo menor. Nem mesmo a crise na Bol\u00edvia e a poss\u00edvel redu\u00e7\u00e3o no fornecimento de g\u00e1s assustam. Segundo especialistas, o Brasil ter\u00e1 esta depend\u00eancia praticamente eliminada em tr\u00eas anos com o incremento da produ\u00e7\u00e3o interna dos novos campos com grandes reservas de g\u00e1s na Bacia de Santos.<\/p>\n Mas o que preocupa o Brasil? <\/strong><\/p>\n O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre de 6,1% mostrou que o pa\u00eds \u0091bateu no teto\u0092. O Brasil cresceu tudo o que a sua atual infra-estrutura permite e suporta. Aqui sim existe uma crise, mas a crise \u00e9 de necessidade de maiores investimentos para poder crescer ainda mais. Imaginemos um autom\u00f3vel rodando duas voltas seguidas com a rota\u00e7\u00e3o do motor em seu n\u00edvel m\u00e1ximo? Se o piloto n\u00e3o tirar um pouco o p\u00e9 a conseq\u00fc\u00eancia ser\u00e1 estourar o motor. Penso que a mesma coisa aconteceria a um processador se fosse submetido a um esfor\u00e7o desses. \u00c9 o que aconteceu ao Brasil. O n\u00famero \u00e9 maravilhoso e ficou acima do que se esperava, mas o pa\u00eds n\u00e3o suporta crescer outro trimestre a esse ritmo. Por isso a economia deve dar uma respirada. Isso quer dizer que teremos uma pequena redu\u00e7\u00e3o no consumo e as metas extremamente otimistas de crescimento das empresas, principalmente as de tecnologia (SMB, varejistas, grandes redes e distribuidores) devem ser revistas para menos que o programado. Vamos continuar crescendo, mas n\u00e3o a taxas de 6% ao ano sen\u00e3o o motor 1.0 do Brasil estoura. E j\u00e1 se percebe isso nas lojas. H\u00e1 uma redu\u00e7\u00e3o do fluxo de pessoas e uma pequena calmaria em andamento que ir\u00e1 durar um curto espa\u00e7o de tempo. Isso \u00e9 normal em ajustes naturais de mercados.<\/p>\n Repito: <\/strong> continuaremos crescendo, n\u00e3o a taxas euf\u00f3ricas, mas sim a taxas animadas e realistas para a infra-estrutura do pa\u00eds. \u00c9 uma boa not\u00edcia, por\u00e9m os efeitos desta acomoda\u00e7\u00e3o come\u00e7am a serem percebidos agora.<\/p>\n E o setor de eletroeletr\u00f4nicos, onde a inform\u00e1tica est\u00e1 inserida, o que pode vir por ai? <\/strong><\/p>\n Recente estudo divulgado pela Positivo indica que foram comercializados mais de 3,1 milh\u00f5es de PCs e o mercado cinza(m\u00e1quinas montadas sem o PPB) representou 38% das vendas com base em dados da IDC Brasil. O volume representa uma alta de 40,9% em rela\u00e7\u00e3o aos 2,2 milh\u00f5es de PCs vendidos no segundo trimestre de 2007.<\/p>\n O mercado cinza – m\u00e1quinas montadas sem processo produtivo b\u00e1sico (PPB) – representou 38% das vendas no \u00faltimo trimestre. H\u00e1 um ano, a participa\u00e7\u00e3o do segmento ilegal era de 39,5%, segundo a IDC. A Positivo lidera o ranking brasileiro de fabricantes h\u00e1 15 trimestres consecutivos e registrou 13,9% de participa\u00e7\u00e3o no mercado total de PCs com a venda de 433.231 m\u00e1quinas – 24,1% em desktops e 19,2% em notebooks.<\/p>\n Segundo o relat\u00f3rio da empresa, que prepara um programa para canais corporativos (que na minha vis\u00e3o \u00e9 aqui que o crescimento da tecnologia acontecer\u00e1), sua participa\u00e7\u00e3o de mercado supera a soma do segundo colocado, que registrou 6,7% de participa\u00e7\u00e3o, e do terceiro colocado, com 5,4% do mercado, no segundo trimestre de 2008. Em rela\u00e7\u00e3o ao primeiro trimestre do ano, o espa\u00e7o ocupado pela Positivo no mercado registrou uma alta de 2,5 pontos porcentuais. Em um ano, houve uma queda de participa\u00e7\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o aos 17,7% de presen\u00e7a no segundo trimestre de 2007. Considerando o mercado oficial a Positivo tem uma participa\u00e7\u00e3o de 22,5% e aqui justifica-se a entrada de um programa espec\u00edfico para canais.<\/p>\n 3G, Banda Larga e notebooks e a produ\u00e7\u00e3o de TI e Telecom. <\/strong><\/p>\n Outro estudo muito importante e um balizador confi\u00e1vel dos rumos do setor foi divulgado pela ABINEE-Associa\u00e7\u00e3o Brasileira da Ind\u00fastria Eletroeletr\u00f4nica.<\/p>\n Pelo estudo deduz-se que 3G, Banda Larga e notebooks est\u00e3o sustentando a produ\u00e7\u00e3o de TI e Telecom. De acordo com o publicado em agosto, os neg\u00f3cios do setor eletroeletr\u00f4nico continuaram crescendo, apesar das \u00e1reas de Componentes El\u00e9tricos e Eletr\u00f4nicos e Utilidades Dom\u00e9sticas ainda estarem com desempenho negativo em rela\u00e7\u00e3o ao ano passado. O \u0091boom\u0092 agora \u00e9 inform\u00e1tica j\u00e1 que a classe D e E passam a entrar mais forte nesse mercado.<\/p>\n O mercado de Telecomunica\u00e7\u00f5es continuou aquecido em fun\u00e7\u00e3o dos investimentos em infra-estrutura para a implanta\u00e7\u00e3o da tecnologia 3G e de banda larga para acesso \u00e0 internet. A entrada da portabilidade num\u00e9rica, que torna o usu\u00e1rio “dono” de seu n\u00famero de telefone fixo e celular, dever\u00e1 contribuir para o aumento da demanda de equipamentos e de software das operadoras.<\/p>\n O mercado de telefones celulares cresceu, puxado, principalmente, pela troca de aparelhos. Estima-se que a produ\u00e7\u00e3o de celulares atinja 81 milh\u00f5es de unidades no ano de 2008, crescimento de 19% em rela\u00e7\u00e3o a 2007 (68 milh\u00f5es de unidades).<\/p>\n As vendas do Setor de Inform\u00e1tica est\u00e3o sustentadas pelos neg\u00f3cios com os<\/p>\n notebooks. A previs\u00e3o \u00e9 que o mercado de PCs atinja 13 milh\u00f5es de unidades, com incremento de 30% em rela\u00e7\u00e3o ao ano anterior. Por\u00e9m, ser\u00e3o os notebooks que salvar\u00e3o a queda de 6% prevista para os desktops com um incremento da ordem de 185%.<\/p>\n As expectativas s\u00e3o otimistas em rela\u00e7\u00e3o ao desempenho do setor eletroeletr\u00f4nico para os pr\u00f3ximos meses de 2008, apesar da preocupa\u00e7\u00e3o das empresas quanto \u00e0 acomoda\u00e7\u00e3o do mercado em raz\u00e3o do elevado crescimento da economia que parece ter \u0091batido no teto\u0092.<\/p>\n Apesar disso, a proje\u00e7\u00e3o do setor de atingir o faturamento de R$ 124 bilh\u00f5es neste ano, o que representa um crescimento de 11% em rela\u00e7\u00e3o ao ano passado, fica mantida. Eu penso diferente. N\u00e3o passaremos de 10%.<\/p>\n Diante de tais n\u00fameros podemos arriscar uma profunda mudan\u00e7a na venda de desktops. Alguns arriscam que ele dever\u00e1 desaparecer em breve e outros v\u00eaem o seu crescimento atrelado a ind\u00fastria do entretenimento, transformando-os em consoles a pre\u00e7os mais populares com configura\u00e7\u00f5es mais avan\u00e7adas.<\/p>\n Desktops: Previs\u00f5es exageradas? <\/strong><\/p>\n Mat\u00e9ria da revista Isto \u00c9, publicada em 10 de setembro de 2008, sinaliza isso baseado nos n\u00fameros projetados pela ABINEE. Faz sentido, mas nem tanto assim para um curto espa\u00e7o de tempo. Os primeiros PCs surgiram em 1971 e tinham 120 metros c\u00fabicos e exigiam uma mega estrutura para funcionarem e apenas grandes e ricas empresas poderiam t\u00ea-los. Os notebooks surgiram em 1985 e chegaram ao Brasil em 1990 e s\u00f3 15 anos depois popularizaram-se por aqui. O segredo foi, al\u00e9m do pre\u00e7o, a compacta\u00e7\u00e3o e a portabilidade. Isto fez com que os notebooks nada deixassem a dever aos desktops. Tal fato ajuda na queda de desktops prevista para este ano na ordem de 6% negativos.<\/p>\n E isso anda mexendo com todo mundo, inclusive as grande multinacionais. Os h\u00e1bitos de consumo dos brasileiros foram pesquisados pela Intel em 2007 e trouxeram a informa\u00e7\u00e3o na qual aumentou de 47% para 64% o n\u00famero de brasileiros que possuem um lugar em casa para utilizar um computador port\u00e1til-leia-se: notebook.<\/p>\n H\u00e1 um forte indicativo que o notebook est\u00e1 se transformando no principal computador da casa e eles existem em todos os tamanhos e pre\u00e7os para todos os gostos e bolsos. H\u00e1 algum tempo escrevi sobre a irrevers\u00edvel populariza\u00e7\u00e3o dos notebooks<\/a> e apostei na portabilidade<\/a> como alavancador desse produto. Estava certo. Agora \u00e9 deixar crescer e se popularizar ainda mais.Apesar disso, os desktops ainda ganham em conforto quanto ao teclado, mouse, altura da tela, resolu\u00e7\u00e3o de tela e aquecimento. Exatamente por isso que a previs\u00e3o de fim do desktop \u00e9 precipitada para aqueles que apostam no seu desaparecimento em menos 10 anos.<\/p>\n Mesmo tendo o crescimento chegado aos 8% neste in\u00edcio de ano, a continuidade dos programas do Governo para a inclus\u00e3o digital e asa\u00e7\u00f5es de combate ao mercado ilegal, continuam contribuindo para a performance desse segmento. Neste primeiro semestre, o mercado brasileiro de PCs movimentou 5,7 milh\u00f5es de unidades, registrando crescimento de 31% em compara\u00e7\u00e3o ao mesmo per\u00edodo de ano passado (4,3 milh\u00f5es). Deste total, 3,9 milh\u00f5es s\u00e3o desktops e 1,8 milh\u00f5es s\u00e3o notebooks, sendo que este \u00faltimo teve crescimento de 186%, enquanto as vendas de desktops cresceram 5%.<\/p>\n O crescimento do faturamento da \u00e1rea de Telecomunica\u00e7\u00f5es, de 33% nos seis<\/p>\n primeiros meses deste ano, ocorreu em fun\u00e7\u00e3o da implanta\u00e7\u00e3o da infra-estrutura da tecnologia 3G e da banda larga para internet. Tamb\u00e9m contribuiu para este crescimento, a venda de telefones celulares. Neste caso, segundo dados da ANATEL, a implanta\u00e7\u00e3o de novas linhas neste primeiro semestre chegou a 12,2 milh\u00f5es de terminais, 81% acima das ocorridas no mesmo per\u00edodo de 2007 (6,7 milh\u00f5es). O crescimento de 7% das exporta\u00e7\u00f5es destes aparelhos, que passaram de 11,4 milh\u00f5es de unidades, no primeiro semestre de 2007, para 12,2 milh\u00f5es de unidades, no primeiro semestre de 2008 tamb\u00e9m puxou pra cima estes n\u00fameros.<\/p>\n Resumindo: <\/strong> o crescimento do mercado de inform\u00e1tica no Brasil ainda \u00e9 majoritariamente interno e como todo crescimento apenas interno ele um dia bate no teto ou cresce menos do que o esperado. O crescimento do PIB de 6,1% \u00e9 o primeiro sinal do in\u00edcio dessa acomoda\u00e7\u00e3o natural e conseq\u00fcente para o varejo, principalmente.<\/p>\n Onde a crise \u00e9 mesmo oportunidade. <\/strong><\/p>\n Por\u00e9m, um outro segmento, aquele que depende de investimentos para crescer, vai sim, aquecer-se ainda mais. Trata-se do segmento corporativo e as SMB (Small and Medium Business). Aqui estar\u00e3o concentrados os melhores e mais rent\u00e1veis neg\u00f3cios (o fil\u00e9, como muitos chamam) e ser\u00e1 desse setor que vir\u00e1 a compensa\u00e7\u00e3o pela acomoda\u00e7\u00e3o do varejo que depende de uma infra-estrutura maior para poder ampliar suas vendas e isso vir\u00e1 da ind\u00fastria, do governo (estradas, energia etc) e principalmente de um detalhe ainda n\u00e3o muito falado-exportar tecnologias fabricadas aqui por empresas brasileiras ou por multinacionais estrangeiras.<\/p>\n Para muitos o crescimento elevado do PIB no 1\u00ba. Trimestre pode ter gerado medo de algum tipo de colapso e dentre eles a volta da infla\u00e7\u00e3o, que parece ter sido controlada e em queda. Mas para o segmento de inform\u00e1tica o varejo reduzir\u00e1 seu \u00edndice de crescimento esperando por novos investimentos. A vantagem de se atuar no segmento de inform\u00e1tica \u00e9 que sempre existir\u00e1 uma sa\u00edda, ou melhor, neste caso uma nova entrada e a porta \u00e9 o corporativo que aponta no sentido das SMBs em um novo mercado de novo cen\u00e1rio com forte direcionamento para solu\u00e7\u00f5es customizadas, servi\u00e7os e exporta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n E quanto a crise mundial, prefiro interpret\u00e1-la como fazem os chineses onde \u0091crise\u0092 \u00e9 igual a \u0091oportunidade\u0092, onde o confuso cen\u00e1rio \u00e9 na realidade um cen\u00e1rio com fuso o qual nos convida a olhar em outra dire\u00e7\u00e3o.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" A economia brasileira cresceu 6,1% no 1\u00ba. trimestre! Este \u00e9 um n\u00famero que traz boas e m\u00e1s not\u00edcias. A semana de 11 de setembro de 2008 marcou o cen\u00e1rio de um mercado nervoso sem muito sentido, meio que \u0091rebelde sem causa\u0092 em se tratando de Brasil. O pa\u00eds vive um momento muito bom. 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