Amigos e irm\u00e3os motociclistas, um belo dia desses estava este missivista a dialogar com o Harada e o Paulo Couto sobre como viver em duas rodas e eles acharam interessante falar como seria a vida de quem faz tudo de moto. Com j\u00e1 havia dito eu deixei de usar carro h\u00e1 alguns anos, mas precisamente, h\u00e1 tr\u00eas deles, por pura op\u00e7\u00e3o e filosofia. Eu queria ver como seria viver apenas usando moto. <\/em><\/span><\/p>\n Outra dica que eles me deram e que adotei foi a de que voc\u00ea precisa de uma moto para uma coisa e outra moto para outra coisa. Estavam certos. Enfim, a minha ideia \u00e9 escrever sobre isso – as aventuras e desventuras de quem faz tudo numa moto – pelo menos, quase tudo.<\/p>\n Comecemos por algo bem simples – fazer supermercado. Como moro s\u00f3 as fun\u00e7\u00f5es de profissional e dono de casa se acumulam e ir ao supermercado \u00e9 uma delas. Para quem anda de moto a feira pode vir a ser um grande problema. Nesta coluna eu vou explicar como eu fa\u00e7o para me virar. Antes de tudo \u00e9 importante separar o que \u00e9 “essencial”, “importante” e “acidental”. Explico: “Acidental” s\u00e3o aqueles itens que voc\u00ea pode comprar depois, que podem aguardar. “Importante” s\u00e3o aqueles itens que precisam ser comprados, mas n\u00e3o agora; ou que podem ser comprados via telefone e “essencial” s\u00e3o aqueles itens que se voc\u00ea n\u00e3o comprar n\u00e3o tem o que comer ou n\u00e3o lava a roupa e nem limpa a casa.<\/p>\n Descobri que usando a Poposuda e seus ba\u00fas (3) e mochila de apoio eu consigo, numa \u00fanica ida, comprar mantimentos para 15 dias. Isso me ajudou a evitar desperd\u00edcio de comida, pois, para quem mora s\u00f3 alguns itens acabam vencendo. A vantagem \u00e9 que quando chego a casa eu s\u00f3 fa\u00e7o retirar os ba\u00fas e os levo e l\u00e1 eu os esvazio. O velho carrinho de compras serve apenas pra isso. Os ba\u00fas voltam para o guarda-volumes da casa e as compras seguem para o arm\u00e1rio. Quanto \u00e0 “sagrada cerveja” ela fica na categoria dos “importantes” e pode ser adquirida j\u00e1 gelada diretamente de um dep\u00f3sito aqui perto que me traz \u00e1gua e refrigerantes, o qual tamb\u00e9m adquiro pelo telefone e sem taxa de entrega. A carne tamb\u00e9m \u00e9 pedida por telefone. Primeiro fa\u00e7o uma visita ao a\u00e7ougue para mostrar a cara e conhecer a qualidade do produto, fa\u00e7o amizade com o entregador (que tamb\u00e9m \u00e9 usu\u00e1rio de moto) e levo o primeiro pedido. Na segunda pe\u00e7o por telefone e ela chega bem legal e ainda rola um papo com o entregador sobre motos e equipamentos de seguran\u00e7a.<\/p>\n Mas se eu desejar algo “acidental”? Digamos que um vinho com alguns queijos e algumas especiarias. Voc\u00ea programa uma nova ida, s\u00f3 que desta vez ir\u00e1 a uma loja especializada e l\u00e1 escolhe, compra e tr\u00e1s para casa. Nenhuma dessas a\u00e7\u00f5es mudou a originalidade da moto. Para pequenas compras, dessas que cabem na mochila, quem vai passear no super \u00e9 a ca\u00e7ula – a XR200 que uso para fora-de-estrada. Parece um bicicletinha, mas \u00e9 muito levinha e gostosa de andar.<\/p>\n Mas e quando sa\u00edmos para uma cerveja? A solu\u00e7\u00e3o \u00e9 n\u00e3o ir de moto. V\u00e1 de “ang\u00e9lica” (taxi) ou a p\u00e9. Beba sem preocupa\u00e7\u00e3o com o baf\u00f4metro e muito menos, quando voltar, se o seu carro n\u00e3o foi roubado ou amassado. De novo a dica \u00e9 escolha um taxista que sempre est\u00e1 dispon\u00edvel e tenha um plano B. Quando n\u00e3o pinta carona, o taxi \u00e9 extremamente mais c\u00f4modo e menos arriscado do que beber e pilotar. Confesso que n\u00e3o sinto falta de carro. \u00c0s vezes nas quais eu realmente preciso dele s\u00e3o t\u00e3o poucas que nem vale a pena ter um e as despesas que gera rodando pouco n\u00e3o compensam para mim.<\/p>\n Eu me lembrei do meu av\u00f4 – o saudoso Comendador Sucupira – que andou a vida toda de bicicleta e \u00f4nibus e nunca teve habilita\u00e7\u00e3o (e ainda assim foi presidente do sindicato dos motoristas profissionais do Cear\u00e1), criou 11 filhos e casou duas vezes. Ainda me lembro de uma mat\u00e9ria do jornal O Povo no Cear\u00e1 que trazia na manchete “Sucupira passa dos ‘oitenta’ a p\u00e9.” E olha que o cara era professor, jornalista, governador, deputado federal e imortal da Academia Cearense de Letras – contempor\u00e2neo da Raquel de Queir\u00f3s. Ufa! E sempre andava a p\u00e9 ou de bicicleta. E por falar em bicicleta um fato interessante aconteceu com ele (mais um de muitos bem engra\u00e7ados). No dia da posse como Interventor (governador \u00e0 \u00e9poca) a comitiva atrasou e ele resolveu ir de bicicleta assumir o Governo do Estado sob os protestos da Dona Nilda – sua esposa amada. Chegando l\u00e1 o militar chefe da seguran\u00e7a n\u00e3o o conhecia e o prendeu sob a alegativa que o “governador n\u00e3o anda de bicicleta”. Minutos depois, meu ainda av\u00f4 preso na guarita junto com a bicicleta, chega o chefe da seguran\u00e7a junto com a comitiva e aos berros pede desculpas ao “governador”. O militar desmaiou quando descobriu que tinha prendido o Governador do Estado. Meu av\u00f4 depois de socorrer o rapaz ainda o nomeou para ser da sua seguran\u00e7a. Ah! A feira da casa do vov\u00f4 era feita via carro de frete. Dizia ele que ainda tinha gente para ajudar a descarregar tudo.<\/p>\n Ent\u00e3o, se d\u00e1 para fazer tudo isso numa moto, por que n\u00e3o d\u00e1 para fazer uma feira? Essa \u00e9 uma parte da minha vida numa moto. Semana que vem a gente trata do tema “Minha vida numa moto: Cantando, na chuva!”. At\u00e9 l\u00e1.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Minha vida numa moto – o supermercado Amigos e irm\u00e3os motociclistas, um belo dia desses estava este missivista a dialogar com o Harada e o Paulo Couto sobre como viver em duas rodas e eles acharam interessante falar como seria a vida de quem faz tudo de moto. Com j\u00e1 havia dito eu deixei de …<\/p>\n![\"\"](\"http:\/\/www.motonline.com.br\/colunistas\/motoclubes-motonliners\/sucupira\/supermercado\/01.jpg\")
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