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{"id":213006,"date":"2011-05-14T23:04:02","date_gmt":"2011-05-15T02:04:02","guid":{"rendered":"http:\/\/www.luissucupira.com.br\/?p=213006"},"modified":"2011-05-14T23:04:46","modified_gmt":"2011-05-15T02:04:46","slug":"seguranca-viaria-antes-de-culpar-as-motos-leia-isto","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/seguranca-viaria-antes-de-culpar-as-motos-leia-isto\/","title":{"rendered":"Seguran\u00e7a Vi\u00e1ria: Antes de culpar as motos, leia isto!"},"content":{"rendered":"
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Certa vez eu escutei de um fabricante de motos que o que mais atrapalha as vendas \u00e9 a excessiva publicidade que d\u00e3o aos acidentes com motos. Isso me gerou curiosidade, pois o fabricante disse que os jornalistas n\u00e3o especializados em autom\u00f3veis e motos, principalmente os das p\u00e1ginas policiais ou das editorias que tratam do bizarro, s\u00e3o os que mais exploram o tema de forma sensacionalista.<\/p>\n

Assim como as cartas de um baralho, os n\u00fameros n\u00e3o mentem jamais. Fui atr\u00e1s de pesquisar mais sobre isso e acabei descobrindo que uma pessoa morre em acidente de trabalho por hora no Brasil. A informa\u00e7\u00e3o foi dada na sexta-feira (29) no audit\u00f3rio da Unip (Universidade Paulista), em evento realizado pela SMS (Secretaria de Sa\u00fade), alusivo ao Dia Mundial em Mem\u00f3ria das V\u00edtimas de Acidentes e Doen\u00e7as do Trabalho. Participaram profissionais de sa\u00fade, sindicalistas e estudantes de log\u00edstica portu\u00e1ria e enfermagem.<\/p>\n

Fazendo as contas chegamos a 8.760 trabalhadores mortos no Brasil em decorr\u00eancia de acidente de trabalho. Se formos puxar os homic\u00eddios dentro do mesmo relat\u00f3rio, chegaremos a uma m\u00e9dia de 5,7 homic\u00eddios no Brasil a cada hora. O mesmo acontece no campo dos acidentes de tr\u00e2nsito com motos \u2013 um n\u00famero entre o gerado pelos acidentes de trabalho e bem longe do n\u00famero de homic\u00eddios.<\/p>\n

Mas por que isso acontece? Os especialistas afirmam que falta educa\u00e7\u00e3o e fiscaliza\u00e7\u00e3o \u2013 n\u00e3o necessariamente nessa ordem. Vejamos o que nos interessa \u2013 motos x autom\u00f3veis: <\/strong><\/p>\n

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Segundo o mesmo relat\u00f3rio, na sua vers\u00e3o completa que tra\u00e7a o Mapa da Viol\u00eancia no Brasil – devemos verificar que o uso massivo da motocicleta \u00e9 fen\u00f4meno relativamente recente. Segundo o pr\u00f3prio Denatran, ainda em 1970, ela era um item de baixa representatividade: em um parque total de 2,6 milh\u00f5es de ve\u00edculos, s\u00f3 existiam registradas 62.459 motocicletas: 2,4% do parque. J\u00e1 no in\u00edcio da d\u00e9cada analisada, 1998, temos 2,8 milh\u00f5es, o que representa 11,5% da frota total do pa\u00eds. Em 2008, o n\u00famero salta para 13,1 milh\u00f5es, representando 24% do total nacional de ve\u00edculos.<\/p>\n

De acordo com o mapa, impressiona mais ainda o ritmo de crescimento do n\u00famero de motocicletas. Nos anos iniciais da d\u00e9cada 98\/08, esse ritmo foi em torno de 20% ao ano, ultrapassando largamente o propalado crescimento dos autom\u00f3veis. Se, na d\u00e9cada, a frota de motocicletas cresceu 368,8%, isto \u00e9, acima de quatro vezes e meia; a de autom\u00f3veis aumentou 89,7%, n\u00e3o chegando a duplicar seu n\u00famero, mas teve ampla divulga\u00e7\u00e3o da Anfavea\u00a0 \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Nacional dos Fabricantes de Ve\u00edculos Automotores \u2013 e grande cobertura da imprensa.<\/p>\n

Se a frota de motocicletas cresceu 369% nessa d\u00e9cada, as mortes de motociclistas cresceram 506%. Em outras palavras: 369% do incremento da mortalidade devem-se a esse aumento dr\u00e1stico da frota de motocicletas. Mas 137% (a diferen\u00e7a entre ambas as percentagens) s\u00f3 podem ser interpretados como um aumento do risco motocicleta no tr\u00e2nsito.<\/p>\n

J\u00e1 com o autom\u00f3vel ocorreu processo inverso: a frota aumentou 88%, e as v\u00edtimas de acidentes com autom\u00f3vel, 57%. Assim, por motivos diversos, o risco-autom\u00f3vel caiu 31 pontos percentuais no per\u00edodo. J\u00e1 no in\u00edcio do per\u00edodo, em 1998, o risco-motocicleta era 75% maior que o risco-autom\u00f3vel. Para o final do per\u00edodo, no ano de 2008, esse risco ampliou-se ainda mais: 170% maior que nos autom\u00f3veis.<\/p>\n

Ou seja: autom\u00f3veis est\u00e3o mais seguros. Mas e como podemos reduzir o \u00edndice de acidentes com motos?<\/strong><\/p>\n

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A solu\u00e7\u00e3o passa pela ado\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas r\u00edgidas voltadas para a fiscaliza\u00e7\u00e3o e para a educa\u00e7\u00e3o. Imagine que cada uma dessas a\u00e7\u00f5es seja um prato de uma balan\u00e7a. Se existe fiscaliza\u00e7\u00e3o e seguran\u00e7a na mesma intensidade teremos, obviamente a redu\u00e7\u00e3o do \u00edndice de acidentes. Mas quando o fiel da balan\u00e7a pende para um dos lados a situa\u00e7\u00e3o se desenha de outra forma.<\/p>\n

Digamos que o fiel da balan\u00e7a pendeu para a falta de fiscaliza\u00e7\u00e3o. Se a educa\u00e7\u00e3o for o ponto de maior peso teremos uma redu\u00e7\u00e3o no \u00edndice de acidentes, pois com pol\u00edticas prevencionistas voltadas para a educa\u00e7\u00e3o de tr\u00e2nsito teremos uma maior conscientiza\u00e7\u00e3o, maior ades\u00e3o ao uso de equipamentos de seguran\u00e7a e um maior respeito pela vida. Isso faz com que o \u00edndice tamb\u00e9m caia.<\/p>\n

Agora, se ocorrer o contr\u00e1rio, se a fiscaliza\u00e7\u00e3o for r\u00edgida e esta parte for a que tenha maior peso em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 educa\u00e7\u00e3o, teremos uma redu\u00e7\u00e3o de acidentes, mas quando ela falhar ou faltar ou ainda n\u00e3o estiver presente de forma massiva, a falta de educa\u00e7\u00e3o prevalecer\u00e1 e assim o \u00edndice voltar\u00e1 a subir, mesmo que ocorra apenas em microrregi\u00f5es.<\/p>\n

Enfim, a redu\u00e7\u00e3o do \u00edndice de acidentes passa por um equil\u00edbrio entre fiscaliza\u00e7\u00e3o e educa\u00e7\u00e3o devidamente sustentada por uma sequ\u00eancia de a\u00e7\u00f5es focadas na seguran\u00e7a vi\u00e1ria.<\/p>\n

Sabemos que o ser humano tem uma pretensa curiosidade sobre o m\u00f3rbido e o bizarro. Feito por seres humanos, a maioria dos ve\u00edculos de comunica\u00e7\u00e3o est\u00e3o utilizando o equipamento moto como recurso para aumentar a audi\u00eancia ou vender jornais. Mostrar apenas a desgra\u00e7a alheia sem debater as causas e cobrar provid\u00eancias \u00e9 explorar de maneira pouco \u00e9tica o sofrimento alheio.\u00a0 Publicar acidentes, mortes e desgra\u00e7as apenas por publicar para vender mais e aumentar\u00a0 a audi\u00eancia \u00e9 uma pr\u00e1tica que deve ser revista, pois n\u00e3o condiz com a verdadeira ess\u00eancia da comunica\u00e7\u00e3o \u2013 qual n\u00e3o seria uma via de m\u00e3o dupla\u00a0 – que educa atrav\u00e9s do fato e n\u00e3o apenas o explora para poder obter algum tipo de vantagem.<\/p>\n

Tratar a motocicleta como a causa e a consequ\u00eancia do acidente de tr\u00e2nsito \u00e9 mostrar-se pelo menos desinformado. A moto \u00e9 um novo player no esquema de tr\u00e2nsito e por isso requer equipamentos espec\u00edficos, absolutamente diferentes de um carro. Inclua-se aqui a educa\u00e7\u00e3o de tr\u00e2nsito para motociclistas e motoristas. Um em rela\u00e7\u00e3o ao outro. Assim, agindo nos dois pratos da balan\u00e7a, poderemos equilibr\u00e1-los de forma que todos ganham por continuarem vivos.<\/p>\n

O problema n\u00e3o \u00e9 apenas do Estado, mas se ele fizer a parte que lhe cabe neste trip\u00e9 que forma esta balan\u00e7a teremos uma educa\u00e7\u00e3o de tr\u00e2nsito mais eficiente, uma fiscaliza\u00e7\u00e3o mais r\u00edgida e uma seguran\u00e7a vi\u00e1ria onde toda a tecnologia estaria voltada para salvar vidas.<\/p>\n

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Segundo o mesmo relat\u00f3rio, na sua vers\u00e3o completa que tra\u00e7a o Mapa da Viol\u00eancia no Brasil – devemos verificar que o uso massivo da motocicleta \u00e9 fen\u00f4meno relativamente recente. <\/p>\n","protected":false},"author":22,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"site-sidebar-layout":"default","site-content-layout":"default","ast-global-header-display":"","ast-main-header-display":"","ast-hfb-above-header-display":"","ast-hfb-below-header-display":"","ast-hfb-mobile-header-display":"","site-post-title":"","ast-breadcrumbs-content":"","ast-featured-img":"","footer-sml-layout":"","theme-transparent-header-meta":"","adv-header-id-meta":"","stick-header-meta":"","header-above-stick-meta":"","header-main-stick-meta":"","header-below-stick-meta":"","footnotes":""},"categories":[14,20],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/213006"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/22"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=213006"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/213006\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":213014,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/213006\/revisions\/213014"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=213006"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=213006"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=213006"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}