O primeiro grande desafio O que devo falar, neste momento? Uma d\u00favida que me acompanhou desde o instante em que fui convocado para represent\u00e1-los. Como concludente da primeira turma do Curso de Audiovisual e Novas M\u00eddias da Unifor, a minha inspira\u00e7\u00e3o, claro, \u00e9 sempre imag\u00e9tica.<\/p>\n Lembro-me destes \u00faltimos anos como um filme, em que cada cena, cada di\u00e1logo, cada sequ\u00eancia foi constru\u00edda coletivamente. Um roteiro que incluiu todos os elementos que as grandes narrativas do cinema incorporam: alegria, afetos, tens\u00e3o, encontros, separa\u00e7\u00f5es, reencontros. Mas o final deste roteiro est\u00e1 completamente aberto. Diferente das fic\u00e7\u00f5es do cinema cl\u00e1ssico, o final deste filme \u00e9 constru\u00eddo indefinidamente.\u00a0<\/p>\n Porque, na vida, o que nos impulsiona \u00e9 exatamente este desafio de construir as nossas trajet\u00f3rias pessoais. E, nos caminhos, essa trajet\u00f3ria \u00e9 fragmentada, \u00e9 sempre um processo de idas e vindas. N\u00e3o existe nenhuma certeza sobre o lugar em que chegaremos. Mas, nestes caminhos, talvez possamos assumir compromissos. \u00c9 disso que gostaria de falar com voc\u00eas agora.<\/p>\n Estamos num tempo de grandes transforma\u00e7\u00f5es culturais, econ\u00f4micas e sociais. Um mundo em que desapareceram as tradicionais ideias de na\u00e7\u00e3o, de fam\u00edlia, de profiss\u00e3o, de pol\u00edtica. Enfim, estamos em processo de constru\u00e7\u00e3o de novas refer\u00eancias.<\/p>\n Hoje n\u00f3s somos cidad\u00e3os do mundo. E esta situa\u00e7\u00e3o re\u00fane muito mais quest\u00f5es do que o uso comum desta frase sugere. A conex\u00e3o mundial em que estamos mergulhados cria uma nova sensibilidade.<\/p>\n Sentimos as dores das v\u00edtimas dos tsunamis do Jap\u00e3o; nos comovemos com ascens\u00e3o pol\u00edtica do primeiro negro \u00e0 presid\u00eancia dos Estados Unidos; torcemos pelo sucesso do trabalho da primeira mulher presidente do Brasil. Choramos com as m\u00e3es que perdem seus filhos violentamente em todo mundo: para as guerras, para as drogas, para a intoler\u00e2ncia.<\/p>\n Todas estas dores e alegrias nos desafiam e participam ativamente da constru\u00e7\u00e3o de cada uma das trajet\u00f3rias profissionais que come\u00e7am neste momento de formatura. Acredito que o compromisso central que devemos assumir em nosso tempo \u00e9 com uma nova \u00e9tica de vida, independentemente do lugar em que nossa trajet\u00f3ria nos levar\u00e1.<\/p>\n Esta nova \u00e9tica inclui uma defesa inegoci\u00e1vel dos direitos humanos, que \u2013 apesar do desenvolvimento incontest\u00e1vel das sociedades \u2013 ainda s\u00e3o amea\u00e7ados em todo mundo. O direito \u00e0 liberdade de express\u00e3o; ao acesso a uma educa\u00e7\u00e3o plena; \u00e0 cidadania cultural. Esta nova \u00e9tica deve preocupar-se com o desenvolvimento sustent\u00e1vel, amea\u00e7ado pelas ocupa\u00e7\u00f5es urbanas desordenadas e pela explora\u00e7\u00e3o imobili\u00e1ria dos nossos litorais.<\/p>\n Esta nova \u00e9tica n\u00e3o deve compactuar, em nenhum momento, com a corrup\u00e7\u00e3o instalada h\u00e1 d\u00e9cadas nos sistemas pol\u00edticos internacionais. Enfim, devemos, hoje, nos comprometer com uma nova \u00e9tica que garanta o pensamento livre, porque o pensamento s\u00f3 se transforma em a\u00e7\u00e3o, quando ele pensa \u2013 como nos sugere o fil\u00f3sofo alem\u00e3o Heidegger.<\/p>\n E, no mundo contempor\u00e2neo, as nossas formas de a\u00e7\u00e3o s\u00e3o v\u00e1rias. Nunca tivemos tantas possibilidades de agir. Somos a primeira gera\u00e7\u00e3o de um mundo novo, a quem a navega\u00e7\u00e3o na web oferece in\u00fameros caminhos. N\u00e3o devemos abrir m\u00e3o desta riqueza. Ao contr\u00e1rio, devemos usar essa abund\u00e2ncia de informa\u00e7\u00f5es para a constru\u00e7\u00e3o de um mundo mais justo.<\/p>\n Aprendemos, nestes anos na Unifor, uma enormidade de coisas: com os nossos gestores, colegas, professores, funcion\u00e1rios, a quem agradecemos, com alegria e satisfa\u00e7\u00e3o, o apoio que nos deram no processo de aprendizagem. Somos tamb\u00e9m gratos aos nossos familiares e amigos pela compreens\u00e3o nos momentos de dificuldade, sobretudo pelo amor que partilharam conosco. Oportunamente, parabenizamos o Chanceler Airton Queiroz, pelo t\u00edtulo de Doutor Honoris Causa recebido h\u00e1 pouco tempo da Universidade do Havre. Estamos certos de sua postura vision\u00e1ria na gest\u00e3o desta Universidade que nos ser\u00e1 sempre refer\u00eancia. Foi ela que nos colocou em contato com um conhecimento de qualidade que agora devemos utilizar para o mundo.<\/p>\n Por fim, convoco todos voc\u00eas para participar da constru\u00e7\u00e3o de um mundo socialmente mais justo. Um mundo de respeito \u00e0s diferen\u00e7as e de luta pela igualdade social. Termino esta fala com o meu cora\u00e7\u00e3o comovido e com uma expectativa enorme. Acredito que cada um de n\u00f3s carrega um pouco deste sentimento. Hoje, carrego talvez uma \u00fanica certeza: estes anos na Unifor j\u00e1 comp\u00f5em \u201cOs melhores dias da minha vida\u201d – para lembrar um filme irland\u00eas que fala de jovens. Desejo a todos muita coragem nestes novos caminhos a serem percorridos. Obrigado!\u201d<\/p>\n Andr\u00e9 Luiz Sucupira<\/strong><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Estamos num tempo de grandes transforma\u00e7\u00f5es culturais, econ\u00f4micas e sociais. Um mundo em que desapareceram as tradicionais ideias de na\u00e7\u00e3o, de fam\u00edlia, de profiss\u00e3o, de pol\u00edtica. 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\n\u201cConfesso a voc\u00eas que n\u00e3o foi f\u00e1cil aceitar a responsabilidade de representar os formandos da Universidade de Fortaleza deste semestre de 2011. Talvez este seja o primeiro grande desafio que a situa\u00e7\u00e3o de bacharel formado me coloca: represent\u00e1-los num momento em que nossos pensamentos s\u00e3o orientados para a realiza\u00e7\u00e3o dos in\u00fameros projetos que constru\u00edmos nestes \u00faltimos anos.<\/p>\n