Os novos n\u00fameros comprovam e assustam. Na maior cidade do pa\u00eds, aumentou o n\u00famero de mortes de motociclistas. O surpreendente \u00e9 que essas v\u00edtimas n\u00e3o s\u00e3o os motoboys, os motoristas profissionais que passam o dia cruzando a cidade. S\u00e3o pessoas que usam a moto como meio de transporte.<\/p>\n

A grande maioria das v\u00edtimas era de pessoas que usavam motos como meio de locomo\u00e7\u00e3o, para ir para o trabalho ou para a escola. O levantamento mostrou que apenas 8% dos mortos eram motoboys, que geralmente s\u00e3o mais acostumados a guiar motocicletas.<\/p>\n

O vendedor F\u00e1bio Dias de Oliveira comprou a moto em fevereiro. Em abril, deu entrada hospital com a perna fraturada. O jovem de 24 anos n\u00e3o sabe quando vai voltar para casa, mas n\u00e3o pensa em voltar para a moto. \u201cA gente pensa em comprar um carro. Moto \u00e9 muito perigoso, coisa de segundo que aconteceu comigo, n\u00e3o pude controlar\u201d, lembra.<\/p>\n

As motocicletas s\u00e3o \u00e1geis, mas tamb\u00e9m perigosas. O problema \u00e9 que rodar sobre duas rodas exige muito mais do que equil\u00edbrio. Ainda mais em um tr\u00e2nsito t\u00e3o carregado quanto o de S\u00e3o Paulo. Mais pessoas est\u00e3o morrendo em acidentes envolvendo motocicletas. A maioria n\u00e3o \u00e9 composta por motoboys.<\/p>\n

Um levantamento da Companhia de Engenharia de Tr\u00e1fego da capital apontou aumento de 7% no n\u00famero de motociclistas mortos em 2011, em rela\u00e7\u00e3o ao ano anterior. Foram 512 mortes. Apenas 8% usavam a moto como ferramenta de trabalho.<\/p>\n

O porteiro Paulo Henrique de Souza Silva sempre quis sair do aperto do \u00f4nibus. S\u00f3 n\u00e3o imaginava que poderia acabar em um quarto de hospital. O acidente a caminho do trabalho foi em 2009. Ficou um ano parado. Agora, voltou ao Hospital das Cl\u00ednicas para tratar de uma infec\u00e7\u00e3o na perna acidentada. \u201cEu me arriscava pouco, mas tinha hora em que acabava correndo um pouquinho mais\u201d, confessa.<\/p>\n

A reabilita\u00e7\u00e3o \u00e9 demorada e trabalhosa. Segundo uma pesquisa do Hospital das Cl\u00ednicas, refer\u00eancia nesse tipo de atendimento, 40% dos acidentados com motos precisam passar por complexas cirurgias e longos tratamentos de fisioterapia. No Hospital das Cl\u00ednicas, o atendimento a esse tipo de paciente aumentou 14% nos \u00faltimos cinco anos. A maioria \u00e9 homem, com idade entre 20 e 40 anos.<\/p>\n

\u201cNos \u00faltimos tr\u00eas anos, o perfil desse paciente mudou. \u00c9 aquela pessoa que usa a motocicleta como meio de transporte, locomo\u00e7\u00e3o, na cidade de S\u00e3o Paulo. Um n\u00famero n\u00e3o desprez\u00edvel de acidentados \u00e9 de pacientes que estavam ou tinham pouco tempo de habilita\u00e7\u00e3o e utilizando a motocicleta\u201d, revela o diretor cl\u00ednico do Instituto de Ortopedia do Hospital de Cl\u00ednicas, Jorge dos Santos Silva.<\/p>\n

O aumento no n\u00famero de acidentes com motociclistas levou o hospital a criar um blog na internet, para alertar as pessoas sobre o uso desse meio de transporte perigoso.<\/p>\n

\u201c\u00c9 um espa\u00e7o onde as pessoas podem trocar experi\u00eancias, dar os seus depoimentos e, dessa maneira, contribuir de alguma forma para minimizar o problema para que as pessoas se conscientizem de que andar de motocicletas exige cuidados e que esses cuidados s\u00e3o importantes para que o numero de v\u00edtimas diminua cada vez mais\u201d, declara Jorge dos Santos Silva, do Instituto de Ortopedia do Hospital de Cl\u00ednicas.<\/p>\n

As les\u00f5es mais graves causadas por acidentes de motos, geralmente, s\u00e3o no cr\u00e2nio e na coluna.<\/p>\n

A Companhia de Engenharia de Tr\u00e1fego informou, em nota, que aumentou a fiscaliza\u00e7\u00e3o para tentar frear o avan\u00e7o no n\u00famero de acidentes com motos na capital paulista. Tamb\u00e9m colocou em funcionamento, seis radares port\u00e1teis, do tipo pistola – que registram imagens- para flagrar excesso de velocidade cometido por motociclistas.<\/p>\n

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