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{"id":215081,"date":"2013-01-27T08:00:18","date_gmt":"2013-01-27T10:00:18","guid":{"rendered":"http:\/\/www.luissucupira.com.br\/?p=215081"},"modified":"2013-03-11T11:46:09","modified_gmt":"2013-03-11T14:46:09","slug":"aventurismo-os-caminhos-que-levam-a-luiz-gonzaga-o-rei-do-baiao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/aventurismo-os-caminhos-que-levam-a-luiz-gonzaga-o-rei-do-baiao\/","title":{"rendered":"Aventurismo: Os caminhos que levam a Luiz Gonzaga, O Rei do Bai\u00e3o."},"content":{"rendered":"
\"A<\/a>
A estrada para a terra do Rei do Bai\u00e3o traz muitas emo\u00e7\u00f5es.<\/figcaption><\/figure>\n

Todo dia assim que o sol nasce e se p\u00f5e em Iguatu as azas brancas passam na minha janela lembrando que neste solo da \u00e1gua boa, pelas letras de Humberto Teixeira, foi escrito o poema que virou hino do nordeste pela melodia de Luiz Gonzaga, o Rei do Bai\u00e3o.<\/em><\/p>\n

Sexta-feira, 25 de janeiro de 2013. Neste dia \u00e9 feriado em Iguatu. A cidade comemorava seus 160 anos de emancipa\u00e7\u00e3o pol\u00edtica e eu nada tinha para fazer. \u201cDescansar? N\u00e3o! Vou andar de moto. Mas para onde eu iria?\u201d Eram quase dez da manh\u00e3 quando decidi encontrar Ricardo Quinder\u00e9 dono do Exposi\u00e7\u00e3o Hotel e um profundo conhecedor da hist\u00f3ria da regi\u00e3o. L\u00e1 decidimos que ir\u00edamos a Exu, que fica no Estado de Pernambuco, distante, 210 km de Iguatu.<\/p>\n

Um emocionante dia estava apenas come\u00e7ando. Mal sabia eu que estaria destilando nesta rota parte da hist\u00f3ria do Cear\u00e1 e do Brasil.<\/p>\n

A viagem come\u00e7a e cinquenta quil\u00f4metros depois chegamos a V\u00e1rzea Alegre. Naquela cidade cruzamos com a est\u00e1tua de Padre Ant\u00f4nio Vieira, o primeiro ecologista que se tem not\u00edcia no Nordeste Brasileiro. Foi por suas m\u00e3os que o jumento escapou de ser exterminado quando, na Bahia, um frigor\u00edfico capturava estes animais e os levava para serem transformados em carne de charque.<\/p>\n

\"V\u00e1rzea<\/a>
V\u00e1rzea Alegre, CE. Terra onde o Padre Ant\u00f4nio Vieira defendeu o jumento da extin\u00e7\u00e3o e teve a m\u00fasica de Gonza\u00e7\u00e3o como parceira da causa.<\/figcaption><\/figure>\n

Comovido com a hist\u00f3ria e a causa de um animal que era bom e lutando contra o homem, que \u00e9 mal, Luiz Gonzaga comp\u00f4s uma m\u00fasica que faria o jumento, nosso irm\u00e3o, ficar mais famoso ainda, passando a ser quase que idolatrado, pois foi bento pelo Papa Jo\u00e3o Paulo II. Desde ent\u00e3o cessaram as hostilidades contra um animal que se fixou sagrado. Segundo Luiz Gonzaga, se n\u00e3o fosse o jumento, \u201co nordestino n\u00e3o existiria\u201d.<\/p>\n

Alguns quil\u00f4metros perto dali fica Assar\u00e9, uma cidade que ficou famosa por conta de um poeta o qual recebera o nome de uma ave que canta muito e encanta quem a ouve \u2013 a patativa. O \u2018Patativa do Assar\u00e9\u2019 foi o maior poeta a cantar as coisas do sert\u00e3o. Conseguia fazer de todo fato um verso e de qualquer conversa uma prosa. Assim \u2018Patativa\u2019 ficou famoso como cantador e poeta. De personalidade forte, \u2018Patativa\u2019 chegou a ser preso ao desafiar o prefeito da cidade e mesmo preso comp\u00f4s um verso onde dizia: \u201cpatativa, voc\u00ea est\u00e1 presa para cantar e eu \u2018Patativa\u2019 fui preso por que cantei.\u201d<\/p>\n

\"Patativa<\/a>
Patativa do Assar\u00e9 foi outro grande parceiro de Luiz Gonzaga.<\/figcaption><\/figure>\n

\u2018Patativa do Assar\u00e9\u2019 tamb\u00e9m foi parceiro de Luiz Gonzaga em v\u00e1rias m\u00fasicas que atrav\u00e9s de seu talento emprestado, fez com que Gonzaga fosse o folhetim cantado do sert\u00e3o, o sujeito que falava a l\u00edngua do povo que na sua maioria n\u00e3o sabia ler e nem escrever. Tamb\u00e9m perto dali fica o Caldeir\u00e3o da Santa Cruz do Deserto, onde o beato Jos\u00e9 Louren\u00e7o recebia o povo que passava fome na seca.<\/p>\n

\"Imagem<\/a>
Imagem do massacre de inocentes no Caldeir\u00e3o de Santa Cruz do Deserto do beato Z\u00e9 Louren\u00e7o.<\/figcaption><\/figure>\n

A elite da \u00e9poca (Seca de 15,22 e 32), que preferia manter seus conterr\u00e2neos em campos de concentra\u00e7\u00e3o para morrerem de fome, sede e doen\u00e7as, n\u00e3o estava gostando de saber que o Caldeir\u00e3o poderia vir a ser uma nova \u2018Canudos\u2019 e o beato Louren\u00e7o um novo Conselheiro. Assim protagonizou um dos piores massacres patrocinados pelo Estado Brasileiro \u2013 bombardearam pela primeira vez na hist\u00f3ria desse pa\u00eds, uma cidade de mais de duas mil pessoas, civis desarmados e indefesos, famintos e agarrados a vida apenas pela f\u00e9, matando quase mil deles instantaneamente.<\/p>\n

Nesta mesma \u00e9poca, Pedro Am\u00e9rico, Ministro dos Transportes de Get\u00falio Vargas, teve uma ideia salvadora. Levou os cearenses que passavam fome para lutar na Revolu\u00e7\u00e3o Constitucionalista contra o \u2018levante paulista\u2019. Est\u00e1vamos na Era Vargas. Milhares de cearenses foram salvos da fome e da seca lutando na guerra. Muitos morreriam em consequ\u00eancia do frio e das balas, mas nunca de fome e sede. Assim, acreditava Am\u00e9rico, seria melhor. Era arriscar uma chance de sobreviver ou ter a certeza de morrer de fome. Mais tarde, a mesma cidade que ajudaram a combater para n\u00e3o morrer de fome, a fizeram renascer atrav\u00e9s da incr\u00edvel capacidade de trabalho do nordestino de transformar um problema e assim, com a ajuda deste povo, a \u2018Terra da Garoa\u2019, transformou-se na terceira maior cidade do mundo.<\/p>\n

\"B\u00e1rbara<\/a>
B\u00e1rbara de Alencar, primeira prisioneira pol\u00edtica do Brasil.<\/figcaption><\/figure>\n

Setenta quil\u00f4metros depois passamos pela entrada do Crato, terra de onde Padre C\u00edcero Rom\u00e3o Batista, que, brigado com o bispo da cidade juntou v\u00e1rios seguidores, andou dez quil\u00f4metros e fundou Juazeiro do Norte, hoje a maior cidade da Regi\u00e3o do Cariri. Esta mesma regi\u00e3o viu surgir a Confedera\u00e7\u00e3o do Equador onde nordestinos cansados do descaso do Imp\u00e9rio decidiram separar-se do Brasil. Dentre eles dois antepassados meus \u2013 Padre Sucupira (fuzilado no Rio de Janeiro, ap\u00f3s ter sido excomungado a pedido por n\u00e3o ter aceitado a proposta de perd\u00e3o do Imperador) e B\u00e1rbara de Alencar (considerada localmente como a primeira prisioneira pol\u00edtica da Hist\u00f3ria do Brasil. Morreu depois de v\u00e1rias peregrina\u00e7\u00f5es em fuga da persegui\u00e7\u00e3o pol\u00edtica em 1832 na cidade piauiense de Fronteiras, mas foi sepultada em Campos Sales, no Cear\u00e1.), vinda de Araripe, j\u00e1 bem perto de Exu.<\/p>\n

No caminho de Crato a Exu passamos por um longo t\u00fanel de \u00e1rvores que pintam o c\u00e9u de verde na Chapada do Araripe. Sua exuber\u00e2ncia encanta. As chuvas tinham voltado e, mesmo que ainda poucas, j\u00e1 deixavam a mata em um tom de verde vi\u00e7oso, dizendo que ali a seca j\u00e1 havia ido embora. Na moto, embaixo do capacete, fico pensando como o nordestino \u00e9 um forte. Como este povo vive de teimoso. O quanto eles conseguem a cada dia e a cada dificuldade reinventarem-se e seguir em frente.<\/p>\n

\"O<\/a>
O Centen\u00e1rio de Luiz Gonzaga.<\/figcaption><\/figure>\n

No meio dessa sorte de desgra\u00e7as o nordestino produziu in\u00fameros talentos. Foi um desses \u2018cabras\u2019, hoje consagrado como Rei, que estamos prestes a visitar. No meio da Chapada do Araripe paramos para apreciar a paisagem. O clima mudou rapidamente em poucos quil\u00f4metros. O bafo revoltoso e sufocante presentes no calor do sert\u00e3o havia dado lugar ao cheiro doce de mato molhado e fresco e a uma brisa que ajudou a baixar em alguns graus a temperatura do motor da moto e em mim.<\/p>\n

\"Ricardo<\/a>
Ricardo Quider\u00e9, meu companheiro de viagens e um grande conhecedor das hist\u00f3rias da regi\u00e3o ser\u00e1 meu guia nesta saga de contar o aberto e o escondido do sert\u00e3o central do Cear\u00e1.<\/figcaption><\/figure>\n

No lugar onde paramos era o fim da subida da serra. Ricardo Quinder\u00e9 me conta que naquele lugar Luiz Gonzaga, sempre que descia a Chapada do Araripe, mandava o motorista parar. Ele chamava aquele ponto de \u2018Verifique\u2019. Segundo Gonzaga antes da descida era importante ver como estava o carro, ent\u00e3o \u201cverifique os freios, a gasolina, o motor.\u201d Neste mesmo lugar existia antes uma barraca que vendia lanches aos viajantes. Hoje o Ibama a retirou de l\u00e1. O nome da barraquinha dado pelo Rei era \u2018Verifique\u2019.<\/p>\n

Depois de descer novamente a Chapada Chegamos a Exu \u2013 Pernambuco. Exu \u00e9 ainda uma cidade muito pequena aonde tudo de bom que l\u00e1 chegou veio pelas m\u00e3os prestigiadas de Luiz Gonzaga que tinha grande acesso ao poder e usava isso em benef\u00edcio de melhorias para a sua terra.<\/p>\n

\"Vis\u00e3o<\/a>
Vis\u00e3o da Chapada do Araripe. Verde depois de uma pequena chuva.<\/figcaption><\/figure>\n

Ainda h\u00e1 pouco progresso na cidade, fruto de anos de desaven\u00e7as entre as fam\u00edlias Sampaio e Alencar. Era uma grande onda de \u2018um mata o outro por que mataram um\u2019, que nada se podia fazer. Nascer com o sangue, mesmo que seja a metade ou um ter\u00e7o, de um Sampaio ou Alencar, j\u00e1 seria o mesmo que receber junto com um \u201cseja bem vindo ao mundo\u201d tamb\u00e9m um \u201cdescanse em paz\u201d. Durante anos naquela cidade se nascia marcado para morrer. Pior, na cadeia n\u00e3o havia nenhum preso.<\/p>\n

Luiz Gonzaga era f\u00e3 de Lampi\u00e3o. Tinha na sua casa uma foto em tamanho real do Rei do Canga\u00e7o. Vestiu-se assim durante muitos anos, at\u00e9 que esta guerra entre duas fam\u00edlias ficou totalmente descontrolada. Para dar o exemplo, o Rei decidiu deixar de lado a roupa de cangaceiro e passou a usar o gib\u00e3o de vaqueiro.<\/p>\n

\"A<\/a>
A Missa do Vaqueiro surgiu depois de uma m\u00fasica de Luiz Gonzaga.<\/figcaption><\/figure>\n

A guerra entre os Sampaio e Alencar acabou, mas os atos de Luiz Gonzaga em defesa da paz n\u00e3o. Outro assassinato, o de um vaqueiro chamado Raimundo Jac\u00f3, morto em Serrita, fez com que Luiz Gonzaga cantasse sua morte. A homenagem ficou t\u00e3o grandiosa e emocionante que a \u2018Morte do Vaqueiro\u2019 virou uma missa \u2013 a Missa do Vaqueiro anualmente \u00e9 rezada e frequentada por milhares de vaqueiros que chegam a Serrita, um lugar que antes s\u00f3 era mato, para receberem homenagens e agradecer muito a Deus, mesmo que seja pelo pouco que eles receberam. \u00a0\u201cBom vaqueiro nordestino morre sem deixar tost\u00e3o e seu nome \u00e9 esquecido nas quebradas do sert\u00e3o\u201d \u2013 cantava Luiz.<\/p>\n

Na hora do almo\u00e7o eu e Ricardo assistimos a um desfile de depoimentos falando e contando hist\u00f3rias sobre Luiz Gonzaga. Dominguinhos fala da forma como ele provocava do fole que era \u00fanica e isso acabou influenciando todos os sanfoneiros do Brasil a ponto de hoje existir uma orquestra sanf\u00f4nica. Um menino chega pedindo um tost\u00e3o. Ricardo pergunta se tem fome e manda fazer um prato caprichado de comida que o moleque divide com um amigo. Mas no momento em que baixamos a cabe\u00e7a e olhamos para nossos pratos, apenas ouvindo o que se falava na TV sobre Luiz Gonzaga um som, vindo das entranhas, sobrenatural mexe com a gente. Vem um arrepio forte e uma sensa\u00e7\u00e3o de for\u00e7a em meu peito e um n\u00f3 na garganta. \u00c9 um sentimento t\u00e3o forte, t\u00e3o poderoso que s\u00f3 poderia ser gerado pelo aboio. O aboio \u00e9 t\u00e3o imponente que at\u00e9 o mais xucro boi quando escuta obedece e entende. Hora a boiada caminha lento, hora mais r\u00e1pida, hora para. N\u00e3o \u00e9 feito com nenhum instrumento ou parte de um boi. Vem de dentro, vem das entranhas e se solta como uma voz no tempo em forma de m\u00fasica sem letra definida, mas com endere\u00e7o e sentido certos.<\/p>\n

\"Lu\u00eds<\/a>
Lu\u00eds Sucupira e Ricardo Quinder\u00e9 em frente ao Museu do Gonzag\u00e3o.<\/figcaption><\/figure>\n

Passado o almo\u00e7o fomos ao Parque Aza Branca onde ficam, respectivamente, o Museu do Gonzag\u00e3o, o mausol\u00e9u da fam\u00edlia, uma pequena pousada e a casa onde ele morou nos seus \u00faltimos sete anos de vida. O pernambucano do S\u00e9culo XX apresenta objetos, fotos, documentos e homenagens recebidas quando em vida. Uma delas a Medalha do Pacificador dada pelo Minist\u00e9rio do Ex\u00e9rcito. Luiz Gonzaga era corneteiro e assim o fez a pedido do pai Janu\u00e1rio que trazia um recado da sua m\u00e3e Dona Santana pedindo que o filho, mesmo no ex\u00e9rcito, nunca viesse a matar ningu\u00e9m. Luiz atendeu e v\u00e1rias vezes foi preso por responder ao major. Isso de fato foi a maneira que encontrou para n\u00e3o pegar em armas e acabou sendo o corneteiro da tropa.<\/p>\n

Andar pela casa de Luiz Gonzaga \u00e9 outra viagem no tempo. Ver como vivia, de forma simples, sem pompa e quase nenhuma circunst\u00e2ncia nos faz repensar quais seriam os s\u00edmbolos do sucesso. Talvez esteja aqui o significado entre ser eterno pelos seus feitos ou esquecido pela ostenta\u00e7\u00e3o. Gonzag\u00e3o era ma\u00e7om e usava isso para ajudar ainda mais seus irm\u00e3os. Doou centenas de sanfonas, uma delas, a um jovem e talentoso rapaz pobre chamado hoje de Dominguinhos.<\/p>\n

\"Estacionadas<\/a>
Estacionadas no museu do Gonzag\u00e3o.<\/figcaption><\/figure>\n

Na lanchonete, onde paramos, ouvimos ainda mais uma hist\u00f3ria de Luiz Gonzaga. Contam que um dos vigias \u2018via seu Gonzag\u00e3o andando pelo parque\u2019 e outros contam que ainda escutam, em algumas madrugadas algu\u00e9m tocar sanfona no mausol\u00e9u da fam\u00edlia onde est\u00e3o enterrados Janu\u00e1rio, Dona Helena (sua esposa) e Luiz Gonzaga. Ao entrar no mausol\u00e9u, este rep\u00f3rter, que escutava a m\u00fasica que l\u00e1 fora estrebuchava no alto falante, passou a escutar a mesma m\u00fasica com em um tom mais suave, pacificador… um leve eco que parecia um \u2018delay\u2019 e um sentimento de que Gonzag\u00e3o ainda estava vivo e, quem sabe, bem ali, olhando pela sua cidade e pelos seus irm\u00e3os nordestinos.<\/p>\n

Nascido em 13 de dezembro, chamou-se Luiz por ser dia de Santa Luzia; Nascimento veio a pedido do padre por ser m\u00eas de dezembro, \u00e9poca que Jesus nasceu e Gonzaga para refor\u00e7ar o nome de santo. Pelas m\u00e3os deste homem que fez fama, cantou o nordeste e as suas tradi\u00e7\u00f5es, que defendeu os bichos, as pessoas e a terra, que posso afirmar: nestes 210 quil\u00f4metros de passeio (420 ida e volta) feitos em um dia, aprendi e revivi a saga de um povo cantada em folhetim atrav\u00e9s de uma sanfona, um tri\u00e2ngulo e uma zabumba. E tive a certeza de que n\u00e3o \u00e9 o Nordeste Brasileiro que passa pelo Brasil, mas \u00e9 sim, o Brasil que deu certo, o Brasil que deu errado e o Brasil que tenta se consertar que passa obrigatoriamente pelo Nordeste Brasileiro, pois n\u00e3o existe um \u00fanico lugar neste pa\u00eds e em muitos lugares do mundo que n\u00e3o exista um nordestino disposto a lutar, juntar um dinheirinho e voltar para a sua terra para aqui morrer em paz.<\/p>\n

\"Lu\u00eds<\/a>
Lu\u00eds Sucupira e a Versys agora batizada de Aza Branca.<\/figcaption><\/figure>\n

Cheguei a Iguatu com sol se pondo. Tirei o capacete, a balaclava, abri a jaqueta e olhei para o c\u00e9u e as mesmas \u2018azas brancas\u2019 que inauguraram meu dia estavam voltando, dizendo a mim que a esperan\u00e7a de dias melhores n\u00e3o havia batido \u2018asas do sert\u00e3o\u2019. Agradeci a Deus pelo dia inesquec\u00edvel; enxuguei o rosto, suspirei e subi para o apartamento cantando \u201cvai boiadeiro que a noite j\u00e1 vem. Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem\u201d. De hoje em diante a Kawasaki Versys atende pelo nome de ‘AZA BRANCA\u2019.<\/p>\n

 <\/p>\n

\"Como<\/a>
Como chegar em Exu.<\/figcaption><\/figure>\n

Servi\u00e7o:<\/b><\/p>\n

Parque AZA BRANCA \u2013 Exu (PE) Rodovia BR 122<\/p>\n

Museu do Gonzag\u00e3o<\/p>\n

Entrada \u2013 R$ 10,00<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Um emocionante dia estava apenas come\u00e7ando. Mal sabia eu que estaria destilando nesta rota por parte da hist\u00f3ria do Cear\u00e1 e do Brasil.<\/p>\n","protected":false},"author":22,"featured_media":215072,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"site-sidebar-layout":"default","site-content-layout":"default","ast-global-header-display":"","ast-main-header-display":"","ast-hfb-above-header-display":"","ast-hfb-below-header-display":"","ast-hfb-mobile-header-display":"","site-post-title":"","ast-breadcrumbs-content":"","ast-featured-img":"","footer-sml-layout":"","theme-transparent-header-meta":"","adv-header-id-meta":"","stick-header-meta":"","header-above-stick-meta":"","header-main-stick-meta":"","header-below-stick-meta":"","footnotes":""},"categories":[14,1343],"tags":[27,57,1334,610,1173,1473,453,1476,454,1491,1493,572,82,1332,896,1333],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/215081"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/22"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=215081"}],"version-history":[{"count":18,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/215081\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":215633,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/215081\/revisions\/215633"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/215072"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=215081"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=215081"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=215081"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}