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{"id":215273,"date":"2013-02-18T22:01:11","date_gmt":"2013-02-19T01:01:11","guid":{"rendered":"http:\/\/www.luissucupira.com.br\/?p=215273"},"modified":"2013-03-11T11:45:56","modified_gmt":"2013-03-11T14:45:56","slug":"aventurismo-padre-geraldo-slag-o-padim-cico-holandes-e-o-misterio-da-adega-submersa-2","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/aventurismo-padre-geraldo-slag-o-padim-cico-holandes-e-o-misterio-da-adega-submersa-2\/","title":{"rendered":"AVENTURISMO: Padre Geraldo Slag e o mist\u00e9rio da adega submersa."},"content":{"rendered":"
\"Saboeiro<\/a>
Saboeiro seria apenas uma cidade de nome engra\u00e7ado se n\u00e3o fosse o Padre Geraldo Slag<\/figcaption><\/figure>\n

Domingo, 17 de fevereiro de 2013. Sou acordado pelo celular atrav\u00e9s do som caracter\u00edstico das mensagens de SMS. \u00c9 Jan Messias informando que est\u00e1 pronto para viajar a Saboeiro. Respondo que em meia hora estarei pronto.<\/em><\/p>\n

\"Fruto<\/a>
Fruto da sabonete<\/figcaption><\/figure>\n

Enquanto me preparo vou pensando no que vou encontrar. Confesso que n\u00e3o espero muita coisa do destino da nossa aventura al\u00e9m de uma paisagem bonita e de uma curiosidade sobre o padre que guardava vinho debaixo d\u2019\u00e1gua em grotas submersas no Rio Jaguaribe.<\/p>\n

Pegamos a estrada. O domingo estava nublado e fresco, coisa rara na Regi\u00e3o Centro-Sul. A velocidade das motos n\u00e3o passava dos 90 km\/h j\u00e1 que eu acompanhava o Jan numa 125cc. Isso permitiu que degustasse a paisagem lentamente e apreciasse o cheiro de mato molhado que enchia o ar ap\u00f3s as primeiras chuvas do inverno nordestino. Ser\u00e3o 81 km at\u00e9 l\u00e1. A estrada \u00e9 tranquila e boa at\u00e9 chegar \u00e0 entrada para Saboeiro. De l\u00e1 s\u00e3o mais 8 km at\u00e9 a sede da cidade em uma estrada sinuosa, com buracos. No meio do caminho encontramos os primeiros motociclistas da cidade andando sem capacete e as motos sem retrovisores e com mais de duas pessoas em uma moto.<\/p>\n

Alguns minutos depois chegamos \u00e0 Saboeiro. A cidade que \u00e9 uma refer\u00eancia a uma \u00e1rvore \u2018que faz sab\u00e3o\u2019 j\u00e1 n\u00e3o tem na sua sede quase nenhum exemplar da sabonete (Sapindus saponaria L.) antes abundante na regi\u00e3o. Somente uma sobrou e a encontramos em uma escola preservada pelos alunos. O restante foi dizimado. A \u00c1rvore do sabonete chega a 9 m de altura e \u00e9 conhecida tamb\u00e9m pau-de-sab\u00e3o, saboneteiro, sab\u00e3o-de-macaco, sabonete-de-soldado, jequitinha\u00e7u, fruta-de-sab\u00e3o, sab\u00e3o-de-soldado. A casca, a raiz e o fruto s\u00e3o utilizados na medicina popular como calmante, adstringente, diur\u00e9tico, expectorante, t\u00f4nico, depurativo do sangue e contra a tosse. Os frutos servem para a lavagem de roupas, por possu\u00edrem saponina (subst\u00e2ncia com propriedades similares \u00e0s do sab\u00e3o). Al\u00e9m disto, \u00e9 utilizada na arboriza\u00e7\u00e3o urbana.<\/p>\n

As origens da cidade remontam ao in\u00edcio do S\u00e9culo XVIII, tendo como fundadores e primeiros habitantes Domingos Rodrigues e seu amigo Ventura Rodrigues de Souza.<\/p>\n

Mas Saboeiro seria apenas mais uma cidade com nome engra\u00e7ado se n\u00e3o fosse pela chegada de um padre holand\u00eas chamado de GERALDO SLAG. <\/strong><\/p>\n

\"De<\/a>
De onde veio o Padre Geraldo?<\/figcaption><\/figure>\n

Padre Gerald Slag (nome holand\u00eas depois aportuguesado para Geraldo) chegou \u00e0 Saboeiro em 1963 em meio \u00e0 fome, mis\u00e9ria e com sua popula\u00e7\u00e3o ainda sofrendo com os efeitos da seca. Mission\u00e1rio da Ordem da Sagrada Fam\u00edlia, Geraldo Slag, era de fam\u00edlia rica e tradicional na cidade de Enter, na Holanda, que fica a poucos quil\u00f4metros da fronteira com a Alemanha. A cidade fundada em 1200 j\u00e1 viu de tudo inclusive a invas\u00e3o nazista na Segunda Guerra Mundial. Hoje Enter \u00e9 a cidade que det\u00e9m o recorde de ter feito o maior tamanco de madeira do mundo \u2013 tradi\u00e7\u00e3o holandesa de fazer sapatos de madeira.<\/p>\n

A esperan\u00e7a chega \u00e0 Saboeiro.<\/strong><\/p>\n

\"Padre<\/a>
Padre Geraldo jovem<\/figcaption><\/figure>\n

Movido pelo sentimento humanit\u00e1rio, Padre Geraldo Slag desembarca em 1963 em Saboeiro e encontra a maioria dos quatro mil habitantes, \u00e0 \u00e9poca, vivendo em condi\u00e7\u00f5es bem dif\u00edceis.<\/p>\n

Rapidamente Geraldo acionou seus familiares e amigos em Enter que prontamente atenderam o seu pedido de ajuda e enviaram donativos, comida, roupas e rem\u00e9dios. A cidade e as pessoas come\u00e7aram a entender quem era aquele padre que falava \u2018dif\u00edcil de entender\u2019, mas que trazia o que eles mais precisavam – comida e amor.<\/p>\n

O padre Geraldo Slag adotou a cidade e seus habitantes como sua fam\u00edlia e mudou para sempre a vida de muita gente. Ele era o m\u00e9dico da cidade, o farmac\u00eautico, o guia espiritual, apaziguador e juiz de paz, assistencialista e de vez em quando assumia na marra as fun\u00e7\u00f5es de prefeito. Bastava mexer com seu povo para ver o padre tomar \u00e0 frente.<\/p>\n

Padre Geraldo cercou-se de pessoas da sua confian\u00e7a. Para ter certeza que seguiriam suas recomenda\u00e7\u00f5es e n\u00e3o cairiam na tenta\u00e7\u00e3o de serem vencidas pelo dem\u00f4nio da corrup\u00e7\u00e3o, muitas dessas pessoas foram passar uma boa temporada em Enter, na Holanda.<\/p>\n

A cidade do Padre Geraldo Slag<\/strong><\/p>\n

\"Dona<\/a>
Dona Maroca, 81 anos – a sua secret\u00e1ria e \u2018bra\u00e7o direito e esquerdo\u2019.<\/figcaption><\/figure>\n

Tudo naquela cidade tem o dedo de Geraldo e mesmo depois de 13 anos da sua morte, ocorrida em 26 de fevereiro de 1999, as pessoas que conviveram com ele ainda se emocionam ao lembr\u00e1-lo. Foi nessa caminhada que encontramos a Dona Maria Augusta Braga, 81 anos, l\u00facida, de passos r\u00e1pidos e em boa forma. Conhecida como \u2018Dona Maroca\u2019 ela foi durante toda a estadia do padre (36 anos na cidade) em Saboeiro a sua secret\u00e1ria e \u2018bra\u00e7o direito e esquerdo\u2019 como falam. Era nela que ele confiava cegamente e era ela que poderia esclarecer sobre o mist\u00e9rio da adega submersa.<\/p>\n

Dona Maroca ainda hoje \u00e9 fiel \u00e0 mem\u00f3ria de Geraldo. Por vezes desviava o assunto, fugindo das minhas perguntas e indicava outras pessoas para me darem informa\u00e7\u00e3o sobre o padre, mas eu sabia que estava diante da pessoa que podia falar dele com a credibilidade que eu precisava. Tamb\u00e9m dei as minhas voltas, indo e vindo em torno de v\u00e1rios assuntos; puxa daqui, sorri acol\u00e1 at\u00e9 que acabei ganhando sua confian\u00e7a. Minha inten\u00e7\u00e3o era saber sobre a lenda dos vinhos que o padre Geraldo escondia no Caldeir\u00e3o.<\/p>\n

A Adega submersa do Padre Geraldo<\/strong><\/p>\n

\"Imagens<\/a>En\u00f3logo de carteirinha o Padre Geraldo tinha como h\u00e1bito banhar-se nos caldeir\u00f5es (forma\u00e7\u00f5es rochosas desgastadas pela correnteza do rio que quando secam formam piscinas e pequenas cachoeiras naturais).<\/p>\n

Ocorre que o vinho que chegava da Holanda n\u00e3o durava muito a uma temperatura m\u00e9dia de 39 a 40 graus. Foi ent\u00e3o que o padre decidiu fazer a sua adega nas grotas do caldeir\u00e3o. L\u00e1 descobriu que, se colocasse a uns 4 metros de profundidade o vinho ficaria conservado a 22 graus.<\/p>\n

E assim foi feito e durou por v\u00e1rios anos, pois n\u00e3o havia geladeira e a energia el\u00e9trica ainda demoraria um tanto para chegar \u00e0 Saboeiro.<\/p>\n

Assim se formou a lenda. No come\u00e7o ningu\u00e9m via o padre chegar com os vinhos, que ele escondia magistralmente por baixo da batina. Ao mergulhar no Caldeir\u00e3o, ao chegar \u00e0 profundidade ideal, Geraldo, que era dotado de grande f\u00f4lego, retirava o vinho da batina e o guardava na grota submersa.<\/p>\n

Como mergulhava em um ponto e saia em outro as pessoas nunca desconfiaram de nada. Mas o melhor estava por vir. Nas vezes que n\u00e3o mergulhava de batina ele saia debaixo d\u2019\u00e1gua com duas garrafas de vinho, j\u00e1 sem r\u00f3tulo devido \u00e0 a\u00e7\u00e3o da \u00e1gua. Foi ai que as pessoas come\u00e7aram a achar que ele era milagreiro. Sim, o Padre Geraldo Slag, que era tudo na cidade, \u2018tamb\u00e9m fazia aparecer vinho engarrafado de dentro do rio\u2019. Seria o primeiro milagre de Jesus acontecendo de novo?<\/p>\n

Para um povo carente das coisas do corpo e da alma, o m\u00ednimo que se fa\u00e7a diferente e se vista de uma esperan\u00e7a de melhoria e reden\u00e7\u00e3o ser\u00e1 vista como a possibilidade de um milagre de Deus. Padre Geraldo sabia disso e preocupado com essa repercuss\u00e3o, desfez o mist\u00e9rio, mas nunca informou a ningu\u00e9m onde ficava a sua adega submersa. O fato \u00e9 que at\u00e9 hoje procuram o lugar e os vinhos que, dizem alguns, ainda estariam l\u00e1 embaixo.<\/p>\n

Pois este mist\u00e9rio findou. Voltando a conversa com Dona Maroca, ela n\u00e3o se conteve e em voz suave e em tom baixo, pois Dona Maroca fala alto e \u00e9 muito empolgada, me disse: -\u201cFilho… quando Padre Geraldo descobriu que estava doente dos pulm\u00f5es e n\u00e3o poderia mais mergulhar ele foi ao caldeir\u00e3o e tirou todas as garrafas de l\u00e1. N\u00e3o tem mais vinho e ningu\u00e9m sabe onde ele escondia. Nem eu. Nunca soube. Ele nunca me disse.\u201d<\/p>\n

A for\u00e7a de um exemplo que ainda provoca l\u00e1grimas.<\/strong><\/p>\n

\"N\u00e3o<\/a>
N\u00e3o h\u00e1 um lugar onde a presen\u00e7a do Padre Geraldo n\u00e3o seja percebida.<\/figcaption><\/figure>\n

Andar por Saboeiro \u00e9 impregnar-se pelas obras do \u2018Padim C\u00ed\u00e7o\u2019 holand\u00eas. Tudo carrega seu nome. Desde pra\u00e7as a gin\u00e1sios, passando por escolas, quadras de esportes, postos de sa\u00fade e at\u00e9 crian\u00e7as s\u00e3o batizadas em sua homenagem.<\/p>\n

A cidade neste domingo de fevereiro estava melanc\u00f3lica. Eu e Jan Messias percebemos isso. Ao lado da Capela da Sagrada Fam\u00edlia, erguida com recursos oriundos de amigos e familiares do Padre Geraldo ocorria um vel\u00f3rio. Tudo estava fechado. Apenas uma ou duas mercearias teimavam em abrir, mas logo que o cortejo f\u00fanebre desceu no rumo da Igreja de Nossa Senhora da Purifica\u00e7\u00e3o as portas eram abaixadas em sinal de respeito.<\/p>\n

Ao lado, bem no alto do centro de Saboeiro, na Capela da Sagrada Fam\u00edlia est\u00e1 sepultado o Padre Geraldo. Pedi permiss\u00e3o para abrir a capela. Logo fui atendido por um jovem rapaz. Ao lado do altar est\u00e1 o seu \u00faltimo descanso. Em cima do t\u00famulo uma foto que retrata a sua \u00faltima imagem. Enquanto conversava com ele vejo entrar uma senhora vestida com blusa branca trazendo no peito a marca da Sagrada Fam\u00edlia. \u00c9 Dona Maria Dorismar da Silva Alves, outra servidora da Igreja que tamb\u00e9m conviveu com o Padre.<\/p>\n

Enquanto convers\u00e1vamos, aos poucos, a emo\u00e7\u00e3o tomava conta dos seus olhos que mudaram de uma c\u00f3rnea l\u00edmpida e branca contrastando com as pupilas pretas, para um tom rosado de emo\u00e7\u00e3o. Neste momento o sino toca avisando que o cortejo que acontecia na casa ao lado sairia. Dona Dorismar n\u00e3o se conteve e deixou escapar a primeira l\u00e1grima. Diz-me ela: \u201cN\u00e3o consigo ouvir este sino tocar e n\u00e3o encher os olhos d\u2019\u00e1gua. N\u00f3s n\u00e3o \u00e9ramos nada antes dele. Hoje somos um povo melhor, mais feliz. Temos muita saudade dele.\u201d E olhando para a foto do t\u00famulo descem mais l\u00e1grimas. \u201cComo voc\u00ea faz falta Padre Geraldo…\u201d Finaliza ela ao lado do marido e do filho que abaixam a cabe\u00e7a em sinal de respeito.<\/p>\n

\"Igreja<\/a>
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purifica\u00e7\u00e3o<\/figcaption><\/figure>\n

Dona Dorismar \u00e9 uma das que foi \u00e0 Enter para ser preparada para gerir as doa\u00e7\u00f5es. Quem pensa que o Padre Geraldo doava apenas comida, rem\u00e9dios e roupas, engana-se. Ele doou v\u00e1rias casas a pessoas carentes. Ele ia a Iguatu quase que toda semana buscar doa\u00e7\u00f5es.O padre que mergulhava no caldeir\u00e3o e aparecia com duas garrafas de vinho, tamb\u00e9m multiplicava p\u00e3es. Quando chegava de Iguatu trazia o carro cheio de p\u00e3es novos e secos e tudo era aproveitado para alimentar os seus filhos \u2013 homens, mulheres e crian\u00e7as.<\/p>\n

No seu leito de morte, depois que n\u00e3o p\u00f4de mais rezar a missa, Padre Geraldo Sleg fez a Dona Dorismar seu \u00faltimo pedido: -\u201cQuero morrer aqui e ser enterrado aqui ao lado do meu povo. Por favor, nunca deixem as minhas crian\u00e7as passarem fome e as obras da pastoral abandonadas. Essas pessoas precisam disso.\u201d<\/p>\n

No meio dessa emo\u00e7\u00e3o entra a Dona Albertina Arraes. Vestida com vestido escuro, vinha do vel\u00f3rio. Ao saber na nossa presen\u00e7a imediatamente j\u00e1 chegou \u00e0 entrada da capela com a m\u00e3o no peito esquerdo dizendo em alto e bom tom: -\u201cEu n\u00e3o era nada. N\u00e3o tinha nada. Era miser\u00e1vel e passava fome e ele me deu tudo que eu tenho hoje.\u201d Um testemunho gratuito, emocionado, espont\u00e2neo dado a um estranho que n\u00e3o trazia microfone e nem estava na TV.<\/p>\n

Na mesma hora parei a conversa com a Dona Dorismar e passei a ouv\u00ed-la. Ela j\u00e1 chegou perto de mim em l\u00e1grimas contando os fatos e suas obras para aquele povo.<\/p>\n

A morte do mito na extingue a obra<\/strong><\/p>\n

\"Iguatu(A)<\/a>
Iguatu(A) – Juc\u00e1s(B) – Saboeiro(C) – 81 km<\/figcaption><\/figure>\n

Esta \u00e9 uma das poucas hist\u00f3rias onde a morte do mito n\u00e3o extingue a obra. Em sil\u00eancio e de forma discreta como sempre viveu e ajudaram os pobres, a fam\u00edlia de Geraldo Slag e seus amigos at\u00e9 hoje continuam a manter as obras dele vivas. Diariamente s\u00e3o distribu\u00eddos 50 litros de leite \u00e0s crian\u00e7as carentes (nada vindo do governo) e mensalmente chega ajuda vinda da Holanda. A cada dois anos, parentes e amigos de Slag v\u00eam de Enter para Saboeiro para fiscalizar e refor\u00e7ar as doa\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

Lembrei-me de Padre C\u00edcero e da forma como cuidava da sua gente. Aprendi estudando a cultura nordestina que quando o Estado se ausenta e abandona seu povo ele est\u00e1 entregue a duas sortes \u2013 a primeira delas \u00e9 a sua pr\u00f3pria sorte e assim acabarem mortos de fome ou formando filas de retirantes em busca de uma vida prometida. A outra \u00e9 a chegada de homens como Geraldo Slag que fazem do sacerd\u00f3cio e do verdadeiro esp\u00edrito crist\u00e3o de entrega e amor ao pr\u00f3ximo uma m\u00e1xima que pode manter corpos vivos e almas saud\u00e1veis.<\/p>\n

Nesta aventura, da qual pouco ou quase nada esperava, eu Jan Messias em nossas motos, sa\u00edmos de l\u00e1 emocionados e felizes por saber que naquele lugar que o mundo quase esqueceu ainda vivem, cerca de 16 mil pessoas, a esperan\u00e7a e o exemplo deixado por algu\u00e9m que veio do outro lado do mundo, que deixou sua vida rica e abastada, por que n\u00e3o dizer, nobre, para dedicar-se aos pobres.<\/p>\n

Foi com esta sensa\u00e7\u00e3o de ter vivido e pisado nas pedras onde um misto de Francisco de Assis e Padre C\u00edcero cunhou um novo destino de um povo que entrei na Matriz e de joelhos agradeci a Deus por todas as vidas que o Padre Geraldo Slag salvou da morte certa.<\/p>\n

Da \u00e1rvore que deu nome a cidade nada sobrou, mas a semente plantada por Padre Geraldo Slag ainda frutifica adubada e cuidada por pessoas de um mundo distante, de fala diferente e que mesmo em pa\u00edses distantes, separados por milhares de quil\u00f4metros relacionam-se como sendo da mesma fam\u00edlia. A mesma Sagrada Fam\u00edlia que Slag deixou pra sempre plantada como uma \u00e1rvore que n\u00e3o para de dar os verdadeiros frutos da vida.<\/p>\n

\"Luis<\/a>
Luis Sucupira e Jan Messias<\/figcaption><\/figure>\n

<\/strong>Eu e o Jan voltamos pra Iguatu com a certeza de que nossas vidas mudaram mais uma vez depois de ter vivido um caldeir\u00e3o de emo\u00e7\u00f5es em Saboeiro, Centro Sul do Cear\u00e1.<\/p>\n

SERVI\u00c7O:<\/strong> Esta \u00e9 a segunda de uma s\u00e9rie de 24 mat\u00e9rias produzidas sobre destinos in\u00e9ditos no Centro-Sul do Cear\u00e1 em parceria com o Motonline.<\/p>\n

APOIO CULTURAL<\/strong> \u2013 FAB Energ\u00e9tico da Foverer (Representante Forever Iguatu: maria_suelisil@hotmail.com), Make Safe \u2013 alarmes presenciais, Icamotos e Posto Icavel.<\/p>\n