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{"id":216690,"date":"2014-02-05T10:59:07","date_gmt":"2014-02-05T12:59:07","guid":{"rendered":"http:\/\/www.luissucupira.com.br\/?p=216690"},"modified":"2014-02-05T10:59:07","modified_gmt":"2014-02-05T12:59:07","slug":"o-iceberg-das-cinquentinhas-no-mercado-brasileiro","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/o-iceberg-das-cinquentinhas-no-mercado-brasileiro\/","title":{"rendered":"O iceberg das cinquentinhas no mercado brasileiro"},"content":{"rendered":"

Muitos criticam a venda de motos de 50cc, mas na realidade poucos sabem por que elas existem, continuam rodando, vendem muito e n\u00e3o sofrem com os efeitos da crise no mercado de duas rodas.<\/span><\/h1>\n
\n

\"Mercado<\/a><\/p>\n

Mercado brasileiro de 50cc: emplacamento mostra apenas a ponta de um iceberg<\/p>\n

As motos de cinquenta cilindradas fazem parte da hist\u00f3ria das motos no mundo. Quase todos os grandes fabricantes mundiais tiveram motos de 50cc como moto de entrada seja na vers\u00e3o dois tempos ou na vers\u00e3o quatro tempos. Acontece que essas motocicletas ganharam popularidade em raz\u00e3o de dois fatores b\u00e1sicos \u2013 a necessidade de mobilidade urbana e suburbana atreladas ao poder aquisitivo de seus compradores.<\/p>\n

A grande maioria dos compradores pertence as classes C, D e E. Muitos desses clientes que migram para as 50cc antes eram usu\u00e1rios de bicicletas ou usavam o jumento e, portanto precisavam de algo econ\u00f4mico e mais r\u00e1pido. Levando-se em considera\u00e7\u00e3o a p\u00e9ssima estrutura e qualidade do transporte urbano nas grandes e m\u00e9dias cidades dos pa\u00edses pobres como tamb\u00e9m em pa\u00edses em desenvolvimento, caso do Brasil, este seria o cen\u00e1rio perfeito para aparecer um produto bom e barato.<\/p>\n

\"Solu\u00e7\u00e3o<\/a><\/p>\n

Solu\u00e7\u00e3o ou problema?<\/p>\n

No Brasil estas motos ganharam popularidade com a chegada dos produtos chineses que s\u00e3o famosos por venderem produtos baratos e muitas vezes de qualidade duvidosa. Na realidade o chin\u00eas fabrica produtos de toda qualidade e qualidade na China est\u00e1 diretamente relacionada a pre\u00e7o. L\u00e1 n\u00e3o existe o bom, bonito e barato \u2013 l\u00e1 existe o \u00f3timo, o bom, o ruim e o p\u00e9ssimo e cada um custa um pre\u00e7o.<\/p>\n

Esta diferen\u00e7a de entendimento acabou gerando um s\u00e9rio problema. Os brasileiros importadores buscavam produtos \u201cbons e baratos\u201d e os chineses entendiam apenas o \u201cbarato\u201d ou o \u201cbom\u201d e cada um tinha um pre\u00e7o bem diferente do outro. O brasileiro optava pelo \u201cbarato\u201d achando que ele tamb\u00e9m poderia ser o \u201cbom\u201d e importava isso. Quando eram vendidos aqui davam todo tipo de problema e da\u00ed a fama e a culpa foi jogada nos chineses.<\/p>\n

A China \u00e9 a f\u00e1brica do mundo e cresce absurdamente a cada ano. Para se ter uma ideia, no ritmo de crescimento que a China anda, em breve precisaremos de dois planetas Terra para abastecer suas f\u00e1bricas apenas de a\u00e7o e concreto. Na China tudo se produz \u2013 desde produtos de marcas consagradas \u00e0s famosas e conhecidas \u201cchingling\u201d.<\/p>\n

No meio desse engodo os importadores descobriram um fil\u00e3o importante para vender motos de baixa cilindrada. O primeiro deles era a vontade das pessoas de n\u00e3o pagar IPVA e licenciamento. Aliado a isso um produto que gastasse pouco combust\u00edvel e que fosse barato. O mercado queria algo assim, principalmente o que pertence as classes C, D e E que acabavam de entrar no maravilhoso mundo de consumo no Brasil. Ocorre que j\u00e1 estava muito bom, mas nada que esteja muito bom que n\u00e3o possa ficar excelente.<\/p>\n

CTB com buracos<\/strong><\/p>\n

Uma brecha existente no C\u00f3digo de tr\u00e2nsito Brasileiro (CTB) deixava para os munic\u00edpios a responsabilidade de realizar o emplacamento e a regulamenta\u00e7\u00e3o da emiss\u00e3o da ACC \u2013 Autoriza\u00e7\u00e3o para Condu\u00e7\u00e3o de Ciclomotores. Ocorre que, mesmo com o tr\u00e2nsito municipalizado a grande maioria dos munic\u00edpios<\/p>\n

\"C\u00f3pias?<\/a><\/p>\n

C\u00f3pias? Sim, c\u00f3pias! Mas boa parte fruto de acordos<\/p>\n

brasileiros n\u00e3o mexe no assunto \u201850cc\u2019 ou cinquentinhas mesmo sendo isso uma determina\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Tais motos rodam sem serem incomodadas na grande maioria dos munic\u00edpios brasileiros e n\u00e3o apenas do Nordeste do Brasil como muitos pensam. O Rio de Janeiro \u00e9 um dos mercados que mais compram 50cc, al\u00e9m de mercados do Sul, Centro-Oeste e parte do Norte. Mas \u00e9 no Nordeste que elas vendem cada vez mais.\u00a0 Tais motos rodam livremente nas cidades e todos sabem que mesmo emplacadas n\u00e3o podem rodar em rodovias federais e estaduais. Aqui para que possam transitar sem serem incomodadas contam com outro esquema \u2013 o da propina. Se paga uma pontinha as autoridades de tr\u00e2nsito para trafegar entre cidades pr\u00f3ximas em um raio de at\u00e9 80 quil\u00f4metros.<\/p>\n

H\u00e1 v\u00e1rias raz\u00f5es para que estas motos rodem sem serem incomodadas. A primeira delas \u00e9 pol\u00edtica. N\u00e3o h\u00e1 interesse em brigar com usu\u00e1rios\/eleitores ao exigir o emplacamento e a ACC destas motos. Assim, tenta-se conviver pacificamente e de forma tolerante com essa brecha existente no CTB. Os DETRANs n\u00e3o podem fazer nada, por enquanto. Outra raz\u00e3o envolve a forma\u00e7\u00e3o dos usu\u00e1rios de 50cc. Na sua maioria composta de pessoas com baixa ou nenhuma instru\u00e7\u00e3o, detentoras de poucos recursos e de idade avan\u00e7ada. Tal p\u00fablico, na sua maioria, n\u00e3o consegue pagar por uma ACC e muito menos emplacar a moto. Falta de dinheiro e tamb\u00e9m de instru\u00e7\u00e3o, j\u00e1 que para poder tirar uma CNH \u00e9 necess\u00e1rio ser alfabetizado e muitos dos idosos ou usu\u00e1rios de meia idade n\u00e3o se encaixa neste perfil. Assim a coisa segue indefinida e solta.<\/p>\n

\"C\u00e2mbio<\/a><\/p>\n

C\u00e2mbio CVT e freios ABS!<\/p>\n

Funcionando como um mercado \u00e0 margem do controle das autoridades, os fabricantes e importadores continuam apostando na falta de interesse das prefeituras de regulamentar o setor. Por outro lado, quando os DEMUTRANs \u2013 Departamentos Municipais de Tr\u00e2nsito \u2013 resolvem apertar na fiscaliza\u00e7\u00e3o das motos acima de 50cc as vendas de 50cc crescem mais ainda. A raz\u00e3o \u00e9 simples: s\u00f3 no Cear\u00e1, segundo estat\u00edsticas do pr\u00f3prio DETRAN, cerca de 300 mil pessoas dirigem ve\u00edculos sem CNH e a maioria deles \u00e9 de motociclistas na raz\u00e3o de 80% no interior.<\/p>\n

Basta apertarem na fiscaliza\u00e7\u00e3o de CNH e na exig\u00eancia do emplacamento para que estes clientes vendam suas motos e comprem 50cc que n\u00e3o precisam de nada disso. N\u00e3o adianta nem mesmo os DETRANs implementarem a CNH Popular que custa cerca de 30% do valor de uma habilita\u00e7\u00e3o normal, pois a demanda \u00e9 muito maior que os DETRANs conseguem dar conta. Al\u00e9m disso, ainda existe o problema da baixa instru\u00e7\u00e3o aliado em parte pela baixa capacidade financeira e a falta de financiamento da CNH.<\/p>\n

Mercado Iceberg<\/strong><\/p>\n

Para piorar, a crise no mercado de duas rodas por conta da dificuldade de aprova\u00e7\u00e3o de cr\u00e9dito levou muitas lojas, distribuidores e lojistas multimarca a revenderem as cinquentinhas como forma de sobreviver e cobrir os preju\u00edzos crescentes por conta da queda nas vendas de motos que comp\u00f5em o mercado de \u201csmall bikes\u201d (100\/125\/150cc). No meio deste cen\u00e1rio a venda das \u201ccinquentinhas\u201d se n\u00e3o est\u00e1 crescendo, vai muito melhor do que a de suas irm\u00e3s maiores. Pelos n\u00fameros oficiais da Abraciclo \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares \u2013 as 50cc (ciclomotores) representam pouco no mercado brasileiro e n\u00e3o amea\u00e7am. Engano. Esse \u00e9 um mercado \u201cIceberg\u201d: a ponta que se v\u00ea \u00e9 a menor parte do seu verdadeiro tamanho.<\/p>\n

\"Op\u00e7\u00f5es<\/a><\/p>\n

Op\u00e7\u00f5es para todos os gostos e bolsos<\/p>\n

Uma an\u00e1lise mais atenta aos n\u00fameros divulgados pela Fenabrave e pelo Sincodiv-SP (Federa\u00e7\u00e3o Nacional dos Distribuidores de Ve\u00edculos e Sindicato dos Concession\u00e1rios e Distribuidores de Ve\u00edculos, respectivamente) revela a verdadeira realidade. O que se divulga \u00e9 apenas uma pequena parte da demanda real deste mercado. Estima-se que as motos de cinquenta cilindradas, se somados todos os importadores e fabricantes, ocuparia a terceira posi\u00e7\u00e3o no ranking de venda de ve\u00edculos motorizados de duas rodas. No entanto, para saber o real tamanho desse mercado \u00e9 necess\u00e1ria uma apura\u00e7\u00e3o nem sempre f\u00e1cil pois o nome adotado pelos importadores (fantasia) \u00e9 diferente da marca (fabricante) que os produz na China e isso complica a busca e identifica\u00e7\u00e3o destes ve\u00edculos.<\/p>\n

 <\/p>\n

Segundo Francisco Trivelatto (Sincodiv-SP), em 2006, o volume de motos vendidas (importadas e nacionais) foi de 8,3 mil unidades, representando 3,9 vezes o total emplacado no ano. J\u00e1 em 2011, houve 146 mil unidades vendidas, o equivalente a 12,9 vezes a soma dos emplacamentos da categoria no per\u00edodo. \u201cEstimo que, em 2012, foram vendidas cerca de 200 mil unidades, enquanto que foram emplacadas apenas 15.857 unidades de motos de 50 cc\u201d, demonstra o executivo. Ainda em estimativa, mantida a m\u00e9dia de emplacamentos em rela\u00e7\u00e3o ao volume vendido, em 2013 foram vendidas 160 mil motinhos de 50cc.<\/p>\n

Sem crise<\/strong><\/p>\n

E quem acha que este mercado diminuiu no mesmo ritmo do restante do segmento de motocicletas no Brasil engana-se novamente. Mesmo com o aumento do IPI por parte do governo na ordem de 35%, os efeitos sequer foram percebidos e boa parte dos importadores absorveu parte ou o aumento todo. A gordura na margem de contribui\u00e7\u00e3o dessas motos ultrapassa os 40% coisa quase imposs\u00edvel de se obter em motos de 100 a 300 cilindradas que fica entre 9% e 25%.<\/p>\n

\"Pre\u00e7os<\/a><\/p>\n

Pre\u00e7os atraentes para quem depende de um p\u00e9ssimo sistema de transporte p\u00fablico<\/p>\n

Quem vende cinquentinhas n\u00e3o sofre com problemas relativos \u00e0 falta de financiamento e muito menos com inadimpl\u00eancia alta. Outra caracter\u00edstica desse mercado \u00e9 a venda \u00e0 vista, pelo cart\u00e3o de cr\u00e9dito, cr\u00e9dito consignado para aposentados e at\u00e9 linhas de cr\u00e9dito particulares. Sim, \u00e9 isso mesmo, fazer neg\u00f3cio do jeito que se fazia antigamente, com anota\u00e7\u00e3o na cadernetinha, pois na maioria das cidades de interior todo mundo se conhece e vender a cr\u00e9dito para um p\u00fablico que \u00e9 fiel pagador \u00e9 uma pr\u00e1tica muito comum, principalmente no Nordeste brasileiro. \u00c9 f\u00e1cil vender e mais f\u00e1cil ainda receber e as margens s\u00e3o boas. Ou seja \u2013 \u00e9 um excelente neg\u00f3cio para ambas as partes.<\/p>\n

\u00c9 f\u00e1cil importar!<\/strong><\/p>\n

Apesar de haver uma certa desconfian\u00e7a de que h\u00e1 muita opera\u00e7\u00e3o de importa\u00e7\u00e3o feita por meios il\u00edcitos, at\u00e9 agora continua sendo apenas desconfian\u00e7a. At\u00e9 porque o processo de importa\u00e7\u00e3o \u00e9 bem f\u00e1cil, conforme revela um destes \u201cplayers\u201d do mercado nordestino, que prefere n\u00e3o se revelar. Funciona assim. O investidor vai \u00e0 China, escolhe um fabricante e os modelos de moto que lhe interessa dentre milhares de modelos dispon\u00edveis. Acerta o pre\u00e7o geralemtne entre 450 e 600 d\u00f3lares, paga o valor \u00e0 vista e espera dois meses para a chegada das motos no porto.<\/p>\n

\"Mercado<\/a><\/p>\n

Mercado sem crise…. e com regras pr\u00f3prias<\/p>\n

As motos chegam aqui no porto, recolhe-se os importos e as motos j\u00e1 saem para as lojas para serem vendidas em reais por valores entre R$ 2.900,00 e R$ 4.200,00. Alguns fabricantes que possuem opera\u00e7\u00e3o em zonas incentivadas (Manaus) recebem estes ciclomotores desmontados e os \u201cnacionalizam\u201d seguindo o processo PPB da Suframa (Processo Produtivo B\u00e1sico), e se beneficiam dos impostos mais baixos.<\/p>\n

Antigamente as motos tinham problemas de p\u00f3s-venda, acabamento e durabilidade. Hoje com a crescente concorr\u00eancia entre as marcas e a crescente e elevada exig\u00eancia dos clientes por cinquentinhas de melhor qualidade fez com que a coisa mudasse de figura. H\u00e1 cinquentinhas b\u00e1sicas com c\u00e2mbio manual, roda raiada, freio tambor e pre\u00e7o abaixo dos R$ 3.200,00. Por outro lado o mercado est\u00e1 se sofisticando. Cinquentinhas com c\u00e2mbio semi-autom\u00e1tico, freios a disco e CVT est\u00e3o ficando cada vez mais populares. H\u00e1 motos com dispositivos que recebem pendrive e com caixas de som embutidas no guid\u00e3o. Outras chegam \u00e0 sofistica\u00e7\u00e3o de trazerem c\u00e2mbio CVT junto com freios ABS apenas na roda dianteira que n\u00e3o ultrapassam a casa dos R$ 4.200,00.<\/p>\n

Mas n\u00e3o basta para o usu\u00e1rio de \u201ccinquentinha\u201d que a moto tenha muita tecnologia. Ela precisa ser parecida com uma moto de maior cilindrada e \u00e9 aqui que as c\u00f3pias e as compras de moldes liberados por grandes fabricantes acontecem. Para baratear custos com a produ\u00e7\u00e3o os grandes fabricantes fecham parcerias com os chineses na forma de joint-venture. Essas parcerias, diferentemente do outsourcing ou OEM, n\u00e3o envolvem necessariamente a transfer\u00eancia de tecnologia ou libera\u00e7\u00e3o de patente. Por\u00e9m o sistema Joint-Venture prev\u00ea essa possibilidade e isso depende de como cada contrato \u00e9 costurado, de transferir tecnologia, patentes e at\u00e9 a venda de moldes.<\/p>\n

Dessa forma muitas das cinquentinhas que rodam no Brasil s\u00e3o c\u00f3pias id\u00eanticas de modelos de cilindrada superiores comercializadas no Brasil. Essa velocidade de inova\u00e7\u00e3o est\u00e1 acontecendo cada vez em menor tempo. \u00c9 perfeitamente poss\u00edvel hoje, no Brasil, ver cinquentinhas usando moldes e adotando modelos que recentemente \u2013 digo menos de 90 dias \u2013 deixaram de ser comercializados ou foram substitu\u00eddos por um novo modelo. Se voc\u00ea afirmar que s\u00e3o c\u00f3pias est\u00e1 certo, mas a grande maioria \u00e9 c\u00f3pia autorizada. E n\u00e3o se engane \u2013 no p\u00f3s-guerra muitos fabricantes consagrados copiaram projetos de motos alem\u00e3s \u2013 as melhores \u00e0 \u00e9poca. Jap\u00e3o e Estados Unidos j\u00e1 tiveram seus dias de China.<\/p>\n

C\u00f3pias japonesas a pre\u00e7os paraguaios<\/strong><\/p>\n

O p\u00f3s-venda tamb\u00e9m melhorou. Os importadores entenderam que para continuar vendendo neste mercado precisariam ter pe\u00e7as de reposi\u00e7\u00e3o em grande quantidade. Antes tais motos eram vendidas sem nenhuma garantia. Hoje a maioria dos fabricantes oferece desde a garantia de dois anos a garantia estendida. Ainda existem marcas que garantem apenas motor e c\u00e2mbio por seis meses e o restante fica por conta do revendedor. Se o revendedor quer dar mais seis meses \u00e9 por conta dele.<\/p>\n

Mesmo assim vale a pena. O revendedor compra as pe\u00e7as dos mesmos importadores a pre\u00e7os paraguaios e esta pr\u00e1tica contribuiu para aumentarem as suas receitas. Para isso criaram empresas de importa\u00e7\u00e3o de pe\u00e7as \u2013 as conhecidas \u201cparts\u201d alguma coisa \u2013 para alimentar o mercado paralelo. Assim, o mercado de cinquentinhas passa a ser abastecido tamb\u00e9m pelas revendedoras de motope\u00e7as que compram al\u00e9m de pe\u00e7as para 50cc, motope\u00e7as para outros tipos de motos comercializadas aqui no Brasil e que, na sua maioria, s\u00e3o fabricadas ou montadas aqui por grandes montadoras. Ou seja \u00e9 um mercado de centenas de milh\u00f5es de reais.<\/p>\n

Cartas na manga<\/strong><\/p>\n

Quem pensa que este mercado vai decrescer, engana-se mais uma vez. J\u00e1 existe uma estrat\u00e9gia guardada na manga pelos importadores de 50cc, para o acaso de os DEMUTRANs resolverem exigir ACC e emplacamento ou que mesmo os DETRANs \u2013 por interm\u00e9dio de algum projeto de lei \u2013 tornem-se os controladores deste mercado. Basta embutir o custo do emplacamento e da ACC na venda de tais ve\u00edculos. De qualquer forma, os lucros obtidos com a venda de cinquentinhas podem servir por conta do volume de vendas que elas geram, como g\u00e1s extra que evitaria tirar o f\u00f4lego desse mercado.<\/p>\n

\"\u00c0<\/a><\/p>\n

\u00c0 margem da lei, consumidores n\u00e3o se preocupam com seguran\u00e7a<\/p>\n

A aus\u00eancia do Estado e a vista grossa dos munic\u00edpios deixou este mercado esquecido e assim ele criou suas pr\u00f3prias regras e defesas e hoje anda sozinho. Ele cresceu e continua crescendo e n\u00e3o sente na pele a crise. Mais que isso, conseguiu expandir-se pelo setor de motope\u00e7as como um novo neg\u00f3cio atrelado a venda dessas motos. Portanto, reclamar de falta de p\u00f3s-venda e de produtos inadequados em termos de seguran\u00e7a, a cada dia que passa, est\u00e1 virando coisa do passado. Estas motos chegam com recursos eletr\u00f4nicos interessantes como alarmes, partidas no controle remoto e at\u00e9 com ABS. Tudo para impressionar o cliente que quer comprar um produto que se pare\u00e7a cada vez mais com uma moto de maior cilindrada.<\/p>\n

Encontrar o fio da meada neste bolo de fios \u00e9 o mesmo que encontrar uma agulha em um palheiro. Mas, supondo que resolvam regulamentar, os importadores mudam de estrat\u00e9gia e viram fabricantes e assim conseguem os mesmos incentivos fiscais das \u201csmall bikes\u201d e esta diferen\u00e7a dever\u00e1 proporcionar a absor\u00e7\u00e3o dos custos com emplacamento e a emiss\u00e3o da ACC sem mexer muito no pre\u00e7o final.<\/p>\n

Acidentes e roubos<\/strong><\/p>\n

As estat\u00edsticas de acidentes com motos no Brasil s\u00e3o incompletas e n\u00e3o s\u00e3o fornecidas de forma segmentada por cilindrada e muito menos separada pelo fator que o causou. Dessa forma, os acidentes com motos de 50cc entram no escopo das estat\u00edsticas de acidentes com motos e s\u00e3o atendidos da mesma forma que uma moto que paga o DPVAT.<\/p>\n

Ocorre que, mesmo sendo uma praga no Nordeste Brasileiro, estas motos figuram pouco nas estat\u00edsticas de acidentes com mortes at\u00e9 mesmo por conta da velocidade que conseguem chegar \u2013 que geralmente n\u00e3o passa dos 50 km\/h. Morre-se mais em \u201csmall bikes\u201d do que em cinquentinhas. Mas os traumas gerados s\u00e3o os mesmos e at\u00e9 piores, pois grande parte dos seus usu\u00e1rios acredita ser dispens\u00e1vel o uso do capacete o que tamb\u00e9m \u00e9 ignorado por boa parte dos munic\u00edpios \u2013 mesmo aqueles com tr\u00e2nsito municipalizado.<\/p>\n

Outro problema consiste na facilidade de roubo dessas motos. Como n\u00e3o as emplacam simplesmente n\u00e3o existem no sistema RENAVAM \u2013 Registro Nacional de Ve\u00edculos Automotores. Da\u00ed, se j\u00e1 \u00e9 muito dif\u00edcil encontrar uma small bike, achar uma cinquentinha \u00e9 mais dif\u00edcil ainda. Mas at\u00e9 para isso tem jeito. Para ajudar a proteger o usu\u00e1rio, os revendedores fazem os chamados combos com alarmes e at\u00e9 com recompensas para policiais que recolhem motos com chassi adulterado ou nota fiscal fraudada (o \u00fanico documento dessas motos \u00e9 a nota fiscal). Outro problema existente \u00e9 com rela\u00e7\u00e3o as infra\u00e7\u00f5es de tr\u00e2nsito. Sem placas elas n\u00e3o podem ser multadas e quando s\u00e3o recolhidas paga-se uma multa, a di\u00e1ria do dep\u00f3sito e logo em seguida voltam \u00e0s ruas. Algo parecido com o Estatuto do Menor.<\/p>\n

Resumo<\/strong><\/p>\n

A constata\u00e7\u00e3o \u00e9 simples. No interior que n\u00e3o tem transporte p\u00fablico, onde \u00e9 deficiente a fiscaliza\u00e7\u00e3o e n\u00e3o existe interesse pol\u00edtico na regulamenta\u00e7\u00e3o das cinquentinhas esta moto vai continuar sendo vendida e desta vez com a inclus\u00e3o do p\u00fablico adolescente que a cada dia que passa cresce cada vez mais como usu\u00e1rios de tais motos \u2013 dadas de presente pelos pr\u00f3prios pais \u2013 para irem \u00e0 escola e encontrar-se com os amigos no final do dia.<\/p>\n

Nas cidades elas continuar\u00e3o sendo uma alternativa barata em rela\u00e7\u00e3o ao transporte p\u00fablico e servem como poderosa ferramenta para profissionais liberais tipo encanadores, pintores, eletricistas e at\u00e9 mec\u00e2nicos de motos. O mercado das motos de 50cc \u00e9 auto-protegido, auto-regulamentado, tem vida pr\u00f3pria e, principalmente, possui grande prote\u00e7\u00e3o pol\u00edtica \u2013 a qual \u00e9 essencial para que continue do jeito que est\u00e1 por mais alguns bons anos.<\/p>\n

E a julgar pela velocidade que as coisas andam neste nosso Pa\u00eds, com certeza a velocidade das cinquentinhas, mesmo n\u00e3o passando dos 50 km\/h, ser\u00e1 ainda muito superior \u00e0 velocidade de resposta da classe pol\u00edtica. E exatamente por isso elas v\u00e3o continuar como o mosquito da dengue \u2013 entra ano e sai ano \u2013 por mais que se tente fazer alguma coisa o risco de epidemia vai continuar.<\/p>\n

Fonte: Fenabrave, Sincodiv-Sp, Francisco Trivelatto, Abraciclo, Detran<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Muitos criticam a venda de motos de 50cc, mas na realidade poucos sabem por que elas existem, continuam rodando, vendem muito e n\u00e3o sofrem com os efeitos da crise no mercado de duas rodas.<\/p>\n","protected":false},"author":22,"featured_media":216691,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"site-sidebar-layout":"default","site-content-layout":"default","ast-global-header-display":"","ast-main-header-display":"","ast-hfb-above-header-display":"","ast-hfb-below-header-display":"","ast-hfb-mobile-header-display":"","site-post-title":"","ast-breadcrumbs-content":"","ast-featured-img":"","footer-sml-layout":"","theme-transparent-header-meta":"","adv-header-id-meta":"","stick-header-meta":"","header-above-stick-meta":"","header-main-stick-meta":"","header-below-stick-meta":"","footnotes":""},"categories":[14],"tags":[1026],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/216690"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/22"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=216690"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/216690\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":216692,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/216690\/revisions\/216692"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/216691"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=216690"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=216690"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=216690"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}