At\u00e9 bem pouco tempo, algo entre dez ou quinze anos, eram poucos os corajosos que se aventuravam\u00a0em grandes viagens de moto\u00a0dentro de nosso pa\u00eds, pela Am\u00e9rica do Sul ou pelo mundo, E quando essas viagens eram relatadas em revistas, uma legi\u00e3o de leitores ficava sonhando em ter a coragem e oportunidade daqueles her\u00f3is destemidos. Poucos se aventuravam pois o medo era grande pela falta da\u00a0informa\u00e7\u00e3o, o que temos hoje em abund\u00e2ncia gra\u00e7as \u00e0 Internet.<\/p>\n
<\/a><\/p>\n Atrav\u00e9s de blogs, redes sociais (Orkut) e sites, os relatos de grandes aventuras come\u00e7aram a atingir um n\u00famero muito maior de leitores, provocando assim uma mudan\u00e7a nessa realidade. Quem viajava usava a internet para divulgar sua proeza j\u00e1 que a internet n\u00e3o impunha limita\u00e7\u00e3o de espa\u00e7o como as m\u00eddias impressas. Assim esses relatos passaram a ser feitos com riqueza de detalhes e conseguiram atingir\u00a0um n\u00famero cada vez maior\u00a0de leitores.<\/p>\n Como exemplo, cito uma dessas grandes viagens, que foi relatada detalhadamente pelo Portal Motonline em 2011. Os motociclistas Carlos Kelm<\/strong> eAntonio Cabral<\/strong> realizaram em nov\/dez de 2010, uma odiss\u00e9ia<\/strong><\/a>de 13.466 km em 21 dias, at\u00e9 Ushuaia, indo pelo Chile e retornando pela Argentina. O n\u00famero de acessos \u00e0 mat\u00e9ria impressiona at\u00e9 hoje e continua crescente, evidenciando que o tema desperta grande interesse entre nossos leitores.<\/p>\n <\/a><\/p>\n Descobriu-se ent\u00e3o que o bicho n\u00e3o era t\u00e3o feio quanto parecia e aqueles seres humanos diferentes n\u00e3o eram t\u00e3o her\u00f3is como os v\u00edamos. Ficamos sabendo que para fazer uma trip de grandes propor\u00e7\u00f5es n\u00e3o precis\u00e1vamos ser super-homens, pod\u00edamos encarar a aventura sem medo e com recursos nem t\u00e3o opulentos quanto se imaginava. \u00a0Foi neste momento que come\u00e7amos a presenciar ademocratiza\u00e7\u00e3o da aventura<\/strong>. E a tend\u00eancia \u00e9 que fique cada vez mais f\u00e1cil fazer longas viagens\u00a0de moto.<\/p>\n Outro fator que contribuiu muito foi a chegada de motos de maior cilindrada, principalmente as bigtrail, que antes s\u00f3 existiam nos mercados de primeiro mundo. Essas grandes motos passaram a ser trazidas ou montadas no Brasil, tornando-se mais acess\u00edveis. Nessa \u00e9poca a Yamaha reinava quase absoluta com sua excelente XT 600 Z T\u00e9n\u00e9r\u00e9<\/strong>, fabricada de 1990 a 1993 e a XT 600Z<\/strong>, fabricada a partir de 1993, preferidas pela grande maioria dos aventureiros pela imagem de robustez e confiabilidade que transmitiam.\u00a0A Yamaha oferecia tamb\u00e9m a\u00a0XTZ 750 Super T\u00e9n\u00e9r\u00e9<\/strong>, fabricada de 1990 a 1998, mas essa era muito cara e apenas poucos privilegiados podiam compr\u00e1-la.<\/p>\n <\/a><\/p>\n Percebendo que a Yamaha vendia suas trail que nem banana em fim de feira, os demais grandes fabricantes\u00a0viram que esse segmento do motociclismo no Brasil iria se\u00a0transformar em uma grande fonte de lucros e passaram a trazer para c\u00e1\u00a0motos especialmente desenvolvidas para encarar longas dist\u00e2ncias. E assim\u00a0as grandes motos estradeiras foram invadindo nosso mercado, trazendo consigo tecnologia embarcada cada vez mais confi\u00e1vel e os pre\u00e7os come\u00e7aram a ficar mais atraentes devido \u00e0 concorr\u00eancia que se estabelecia no setor.<\/p>\n No final da d\u00e9cada de 1990,\u00a0os grandes fabricantes resolveram aportar por aqui,\u00a0quase que de forma combinada, come\u00e7ando a invadir nosso mercado com lan\u00e7amentos e mais lan\u00e7amentos de big e midi trails. E n\u00e3o se arrependeram pois as vendas de motocicletas com curso de suspens\u00e3o mais longo continua crescente e muito longe ainda da satura\u00e7\u00e3o \u2013 ou seja, muito lucro ainda h\u00e1 pela frente.<\/p>\n <\/a><\/p>\n A Suzuki chegou na frente em 1995 com sua linha DR de 650<\/strong> e 800cc<\/strong>. Em 1997 trouxe a Freewind XF 650<\/strong>. Finalmente em 2003 trouxe a DL 1000 V-Strom<\/strong>\u00a0que vendeu muito\u00a0por conta do seu motor bicil\u00edndrico com inje\u00e7\u00e3o eletr\u00f4nica e v\u00e1rias outras inova\u00e7\u00f5es tecnol\u00f3gicas que cairam no gosto do consumidor \u2013 a produ\u00e7\u00e3o da 1000cc foi interrompida em 2009 e retornou em grande estilo em 2014. Em 2009 a Suzuki refor\u00e7ou sua presen\u00e7a no mercado com o lan\u00e7amento da DL 650 V-Strom<\/strong>, com pre\u00e7o menor para atender uma clientela que n\u00e3o precisava ou n\u00e3o podia bancar uma 1000cc.<\/p>\n