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{"id":220569,"date":"2015-08-22T15:08:49","date_gmt":"2015-08-22T15:08:49","guid":{"rendered":"http:\/\/www.voceesuamoto.com.br\/?p=220569"},"modified":"2015-08-22T15:08:49","modified_gmt":"2015-08-22T15:08:49","slug":"motoclubes-entre-anjos-e-demonios","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/motoclubes-entre-anjos-e-demonios\/","title":{"rendered":"MOTOCLUBES – Entre anjos e dem\u00f4nios"},"content":{"rendered":"

\"motociclistas-harley-davidson-5a\"<\/a>O que \u00e9 o motociclista? Cada um tem a sua pr\u00f3pria defini\u00e7\u00e3o, mas uma que \u00e9 aceita por todos diz ser ‘aquele que pilota motocicletas’. Na filosofia motocicl\u00edstica podemos afirmar que ser um motociclista \u00e9 ser amante das viagens, das estradas; gostar de fazer amigos. Por outro lado, a rebeldia e a busca da liberdade e todos os sentimentos que a envolvem tamb\u00e9m formam o conceito de motocicl\u00edsta. Al\u00e9m disso, atualmente, h\u00e1 ainda o esp\u00edrito de irmandade, fraternidade os quais conduziram para um novo motocicl\u00edsta que \u00e9 aquele tamb\u00e9m voltado para as a\u00e7\u00f5es filantr\u00f3picas.<\/p>\n

H\u00e1 motoclube para todos os gostos. Por\u00e9m o motociclismo atrelado ao motoclubismo est\u00e1 adquirindo formatos de torcida de times de futebol a ponto da viol\u00eancia existente nos Estados Unidos da Am\u00e9rica estar sendo importada para c\u00e1. Em vez de ser um estilo de vida, em alguns casos, vira um caso de pol\u00edcia.<\/p>\n

Vale destacar que aqui, no Brasil, a nossa miscigena\u00e7\u00e3o estimulou a toler\u00e2ncia com as diferen\u00e7as. Mesmo que se reprove e tor\u00e7a o nariz para cor e sexo, aqui o profano e o sagrado s\u00e3o vizinhos e n\u00e3o se matam. \u00c9 poss\u00edvel ver sinagogas na mesma rua das mesquitas e ningu\u00e9m joga bomba um no outro. \u00c9 comum ter terreiros de candombl\u00e9 pr\u00f3ximos a igrejas evang\u00e9licas e ningu\u00e9m morre por isso. As brigas que acontecem entre ra\u00e7as fora do Brasil, aqui perdem for\u00e7a. Enfim, se n\u00e3o fosse a desgra\u00e7a da classe pol\u00edtica brasileira a tirar a nossa paz e a viol\u00eancia reinante nas grandes cidades fruto da aus\u00eancia do Estado, o Brasil seria o melhor lugar do mundo para se viver.<\/p>\n

H\u00e1 anos o motoclubismo no Brasil vivia em paz. Os mais diversos bras\u00f5es conviviam em total respeito uns com os outros e a sociedade come\u00e7ava a ver em n\u00f3s motociclistas um grupo de pessoas que oferecia respeito e n\u00e3o medo. Mas esta calma vem sendo abalada por recentes casos de viol\u00eancia que chegaram a produzir mortes.<\/p>\n

Em Ponta Grossa (PR), em 12 de julho de 2015, tr\u00eas motociclistas morreram e outros dois foram feridos em raz\u00e3o de uma briga ocorrida em uma festa de S\u00e3o Jo\u00e3o entre motoclubes. Pouco mais de um m\u00eas depois foi a vez de Fortaleza (CE) passar por uma situa\u00e7\u00e3o semelhante quando um briga de tr\u00e2nsito entre um motorista de um carro e um motociclista quase terminou em linchamento. O motorista se envolveu em uma briga com quase quarenta motociclistas do Hells Angels MC que aqui estavam a passeio. As imagens em v\u00eddeo mostraram que o motorista quase foi linchado e morto n\u00e3o fosse a interven\u00e7\u00e3o de populares. No mesmo fim de semana outro incidente ocorreu em Fortaleza tamb\u00e9m envolvendo motoclube, mas sem grandes preju\u00edzos.<\/p>\n

Independente de quem fez, o importante neste artigo \u00e9 tratar o por qu\u00ea de tudo isso. A semelhan\u00e7a entre estes casos \u00e9 que Fortaleza teve a sua primeira experi\u00eancia negativa de outras que com certeza ainda novamente acontecer\u00e3o. Mas o motoclubismo n\u00e3o \u00e9 violento no seu todo e este hist\u00f3rico de viol\u00eancia o Brasil ainda n\u00e3o tem como acontece l\u00e1 fora h\u00e1 anos.<\/p>\n

Desconhecimento de causa<\/h2>\n

\"01\"<\/a>Boa parte dos motoclubistas sabe pouco ou quase nada sobre o que defendem e professam. No Brasil, contamos nos dedos das m\u00e3os os motoclubes que possuem estatuto e sequer estatuto registrado em cart\u00f3rio. Menos ainda os que possuem CNPJ. A maioria sequer existe e legalmente n\u00e3o s\u00e3o nada. Fisicamente possuem apenas um patch bordado \u00e0s costas o qual nem \u00e9 registrado em nome do MC e as recomenda\u00e7\u00f5es e regras s\u00e3o totalmente orais. Alguns s\u00e3o c\u00f3pias desautorizadas de motoclubes estrangeiros. Ent\u00e3o, falar de motoclubismo de raiz e de tradi\u00e7\u00e3o no Brasil ainda \u00e9 bem ut\u00f3pico apesar de termos um dos mais antigos motoclubes do mundo. No Brasil a primeira associa\u00e7\u00e3o foi fundada em 1927 – o Moto Club do Brasil sediado na rua Cear\u00e1 no estado do Rio de Janeiro. Alguns anos depois, mais precisamente em 1932, surgiu o Motoclube de Campos. De acordo com a BBC de Londres “Clubes” de motociclistas existem nos EUA desde 1930, reunindo milhares de apaixonados por motos. No meio dessa gama de apaixonados existem aqueles que descambam para o crime – s\u00e3o conhecidos nos EUA como as gangues de motociclistas.<\/p>\n

O FBI e as gangues de motociclistas<\/h2>\n

\"Sons<\/a>Segundo um estudo do FBI, a pol\u00edcia federal americana, existem mais de 300 motoclubes dedicados exclusivamente a atividades criminosas, que v\u00e3o do tr\u00e1fico de drogas e armas a extors\u00e3o e lavagem de dinheiro. O Departamento de Justi\u00e7a dos EUA lista oito delas como organiza\u00e7\u00f5es extremamente sofisticadas e perigosas. E a lista inclui a Bandidos como uma das gangues que esteve envolvida no tiroteio em Waco, Texas (USA) onde morreram nove pessoas.<\/p>\n

Segundo o FBI, algumas organiza\u00e7\u00f5es t\u00eam contingente que n\u00e3o chega a 10 pessoas. Outras, como o Hell’s Angels, um dos mais famosos e pol\u00eamicos grupos de motociclistas do mundo, contam com milhares de membros em dezenas de pa\u00edses – quase um ex\u00e9rcito. Outro estudo publicado em 2013 pelo FBI mostrava, curiosamente, o Estado americano do Texas, antes das mortes em Waco, como uma \u00e1rea relativamente segura em termos de atividades mais intensas de gangues de motociclistas.<\/p>\n

De 1% a 2,5%<\/h2>\n

Ainda de acordo com as autoridades americanas, apenas 2,5% de integrantes de grupos criminais organizados nos EUA est\u00e3o nas gangues de motociclistas, mas uma em cada 10 jurisdi\u00e7\u00f5es policiais do pa\u00eds consideram suas atividades uma s\u00e9ria amea\u00e7a para a seguran\u00e7as de suas regi\u00f5es.<\/p>\n

O n\u00famero 2,5% reflete um crescimento forte em rela\u00e7\u00e3o ao que aconteceu em Hollister, Calif\u00f3rnia (EUA) em 4 de julho de 1947. Antes eram apenas 1% dos motoclubes que digamos era fora-da-lei.<\/p>\n

1947 – Hollister, CA – USA<\/h2>\n

\"motoclubes-conheca-um-pouco-da-historia-dos-motoclubes-8\"<\/a>O incidente ocorrido em 04 de julho de 1947 em Hollister, Calif\u00f3rnia (USA) pode ser atribu\u00eddo a um erro de cobertura de imprensa e a um texto sensacionalista que tinha como objetivo vender mais jornais (pr\u00e1tica comum \u00e0 \u00e9poca). De acordo com relatos, Barney Peterson, um fot\u00f3grafo do San Francisco Chronicle, publicou a foto de um motociclista b\u00eabado equilibrando-se precariamente sobre uma motocicleta Harley-Davidson, cercado por cascos de cerveja quebrados e segurando uma cerveja em cada m\u00e3o com a seguinte manchete: \u201cE assim, a Am\u00e9rica\u201d<\/p>\n

O San Francisco Chronicle exagerou quando, no artigo, afirmava que \u201cmotociclistas realizavam competi\u00e7\u00f5es em todas as ruas e entravam com suas motocicletas dentro de bares e restaurantes\u201d. Para piorar este epis\u00f3dio a revista utilizou palavras como \u201cterrorismo\u201d e \u201cpandem\u00f4nio\u201d. Tamb\u00e9m afirmavam que as mulheres que acompanhavam os motociclistas eram qualquer coisa, menos \u201csenhoritas americanas\u201d.<\/p>\n

O artigo serviu para insuflar os \u00e2nimos na regi\u00e3o e logo apareceram os primeiros desentendimentos que resultaram at\u00e9 em morte. A revista Life, em 21 de julho de 1947, aproveitando o momento, publicou um artigo usando a mesma foto do motociclista b\u00eabado com o seguinte t\u00edtulo: \u201cEle e os seus amigos aterrorizam a cidade\u201d (Cyclist\u2019s Holiday: He and Friends Terrorize Town). O artigo afirma que \u201cquatro mil membros de um moto clube eram respons\u00e1veis pelo tumulto.\u201d Mais do que um exagero essa afirma\u00e7\u00e3o era uma deslavada mentira, pois nenhum motoclube havia conseguido juntar, pelo menos a metade desse n\u00famero, naquela \u00e9poca.<\/p>\n

Bastaram apenas 115 palavras colocadas logo abaixo de uma imagem gigantesca de um motociclista b\u00eabado para causarem tumulto por todo pa\u00eds. Alguns autores afirmaram que a AMA – American Motorcycle Association, liberou para imprensa uma nota que desmentia a sua participa\u00e7\u00e3o no evento de Hollister e indicava que 99% dos motociclistas eram pessoas de bem, cidad\u00e3os cumpridores da lei, e que os clubes de motociclistas da AMA n\u00e3o estiveram envolvidos na baderna. Por\u00e9m a Associa\u00e7\u00e3o Americana do Motociclista n\u00e3o tem nenhum registro de tal nota. A revista Life publicou o coment\u00e1rio de pelo menos de tr\u00eas pessoas, uma delas era Paul Brokaw, um proeminente editor de um peri\u00f3dico chamado Motorcyclist. Brokaw \u2018detona\u2019 a Revista Life considerando que a imagem publicada era totalmente descabida e mentirosa.<\/p>\n

A \u00edntegra da carta do editor \u00e0 LIFE<\/h2>\n

Brokaw, em carta ao editor da Life destaca sua indigna\u00e7\u00e3o com a forma pela qual o fato fora tratado pela revista:<\/p>\n

\u201cSenhores,<\/em><\/p>\n

As palavras mal servem para expressar meu choque ao descobrir que o retrato do motociclista foi obviamente preparado e publicado por um fot\u00f3grafo interesseiro e sem escr\u00fapulos.<\/em><\/p>\n

N\u00f3s reconhecemos, lamentavelmente, que houve uma desordem em Hollister \u2013 n\u00e3o ato de 4.000 motociclistas, mas de um por cento desse n\u00famero, ajudada por um grupo de n\u00e3o motociclistas apostadores. N\u00f3s, de forma alguma, estamos defendendo os culpados \u2013 de fato \u00e9 necess\u00e1ria uma a\u00e7\u00e3o dr\u00e1stica para evitar o retorno de tais comportamentos.<\/em><\/p>\n

Entretanto, voc\u00eas devem entender que a apresenta\u00e7\u00e3o dessa foto macula, inevitavelmente, o car\u00e1ter de 10.000 homens e mulheres inocentes, respeit\u00e1veis, cumpridores das leis e que s\u00e3o os representantes verdadeiros de um esporte admir\u00e1vel.\u201d<\/em><\/p>\n

Paul Brokaw<\/em>
\nEditor, Motorcyclist<\/em>
\nLos Angeles, Calf<\/em>.<\/p>\n

\u201cOutlaw Motorcycle Clubs\u201d ou os motoclubes 1%<\/h2>\n
\"Waco,<\/a>
Waco, Texas – USA – Nove mortos<\/figcaption><\/figure>\n

Enquanto os motociclistas comuns e as moto-organiza\u00e7\u00f5es estavam tentando se distanciar do ocorrido em Hollister, clubes como o Boozefighters buscaram se enquadrar a ele. Assim, o evento de Hollister de 1947 era o que faltava para a consolida\u00e7\u00e3o dos motoclubes n\u00e3o alinhados a AMA, ou seja, os \u201cOutlaw Motorcycle Clubs\u201d. Vale ressaltar que estes MCs nunca pertenceram a AMA, logo n\u00e3o foram banidos ou coisa parecida como alguns informam.<\/p>\n

Entre 1948 e princ\u00edpios dos Anos 60\u2019 os clubes de motociclistas (n\u00e3o aliados a AMA) se espalharam para fora da Calif\u00f3rnia estabelecendo um novo cap\u00edtulo na hist\u00f3ria do motociclismo nos Estados Unidos. Outlaws Motorcycle Clubs tais como os Sons of Silence Motorcycle Club, surgiram no meio oeste, os Bandidos Motorcycle Club, no Texas; os Pagans Motorcycle Club, na Pennsylvania; entre outros. Durante este per\u00edodo, v\u00e1rios membros do Pissed Off Bastards of Bloomington sa\u00edram do seu clube e formaram a primeira vers\u00e3o dos Hell’s Angels Motorcycle Club (HAMC). No mesmo per\u00edodo, os Boozefighters, um dos Outlaws Motorcycle Clubs originais, iniciou o decl\u00ednio no n\u00famero de membros.<\/p>\n

No meio dessa confus\u00e3o surgem os motoclubes 1%. Eles emergem em uma escala nacional tendo como suporte o surgimento dos Outlaw Motorcycle Clubs. Para concretizar este nascimento, os clubes dominantes da \u00e9poca foram al\u00e9m. Observando a declara\u00e7\u00e3o atribu\u00edda a AMA (de que os arruaceiros eram apenas 1%), buscaram para si a responsabilidade de fazer parte daquele 1% que foi apontado em Hollister. Assim, criaram a organiza\u00e7\u00e3o sem regras expl\u00edcitas, n\u00e3o alinhada a AMA, ou seja, assumidamente Outlaw Motorcycle Club e passaram a se identificar por meio de um emblema em forma de diamante com a inscri\u00e7\u00e3o 1%. Concordaram tamb\u00e9m em estabelecer limites geogr\u00e1ficos ao qual cada MC teria dom\u00ednio.<\/p>\n

\"Sons-of-Anarchy-BN5T\"<\/a>Um ponto significativo na evolu\u00e7\u00e3o dos motoclubes 1% se evidenciou no ver\u00e3o de 1964 na Calif\u00f3rnia. Nesta \u00e9poca, dois membros do Oakland Hells Angels Motorcycle Club foram presos e acusados de terem estuprado duas mulheres em Monterey, no entanto, pouco tempo depois foram liberados, devido a insufici\u00eancia de provas. Esse epis\u00f3dio foi \u00e0 desculpa que faltava para que o governo do estado da Calif\u00f3rnia voltasse os olhos para os outlaw motorcycle clubs (motoclubes fora-da-lei). Ainda em 1964, o senador Fred Farr exigiu uma investiga\u00e7\u00e3o imediata sobre os estas organiza\u00e7\u00f5es, encargo que ficou sob a responsabilidade do general Thomas C. Lynch. O relat\u00f3rio de Lynch foi controverso, amplamente divulgado e foi o documento que ajudou a consolidar a imagem do motociclista de motoclube, a qual pouco ou nada mudou de l\u00e1 para c\u00e1.<\/p>\n

Rebeldia inspiradora?<\/h2>\n

\"jaquetadecouro001\"<\/a><\/p>\n

A baderna de 1947 em Hollister, por exemplo, serviu de inspira\u00e7\u00e3o para ‘O Selvagem’, filme de 1953 que teve Marlon Brando em um de seus pap\u00e9is mais marcantes a ponto do uso de longas costeletas para seu personagem, o l\u00edder de uma gangue de motociclistas, por exemplo, servir de inspira\u00e7\u00e3o para o “visual” inconfund\u00edvel de Elvis Presley. Recentemente, o seriado americano Filhos da Anarquia, retratando a vida de uma gangue de motociclistas envolvida nas mais variadas atividades criminais, foi sucesso de p\u00fablico e cr\u00edtica, durando sete temporadas e conquistando f\u00e3s tamb\u00e9m no Brasil a ponto inclusive de copiarem a marca do motoclube fict\u00edcio.<\/p>\n

O Brasil<\/h2>\n

\"jaqueta-perfecto-motoqueiro\"<\/a>No Brasil o Abutres MC – um dos maiores do mundo – usa o pacth 1%. Apesar disso possui um belo trabalho filantr\u00f3pico. Conforme descrito no site do motoclube “o Abutre\u2019s Moto Clube n\u00e3o \u00e9 uma entidade filantr\u00f3pica, tampouco com fins lucrativos, por\u00e9m, em raz\u00e3o da expressiva confian\u00e7a depositada pela sociedade em geral, realiza, em parceria com outras entidades, a\u00e7\u00f5es sociais por todo o territ\u00f3rio nacional, fomentando obras benem\u00e9ritas entre as comunidades carentes em geral. O Abutre\u2019s Moto Clube \u00e9 reconhecido por essas a\u00e7\u00f5es, atrav\u00e9s de diversas comendas; inclusive condecorado pela Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas – ONU.”<\/p>\n

\"18\"<\/a>Assim, o fato de ser um motoclube 1%, de j\u00e1 ter se envolvido em algumas brigas, n\u00e3o quer dizer que o motoclube seja uma organiza\u00e7\u00e3o criminosa. H\u00e1 de se ter alguns cuidados quanto a interpreta\u00e7\u00f5es ao p\u00e9-da-letra para n\u00e3o provocar injusti\u00e7as. Por\u00e9m, \u00e9 importante deixar claro que apesar de ter tamb\u00e9m um perfil que abra\u00e7a a\u00e7\u00f5es sociais o Abutres segue um estatuto r\u00edgido e cobra um rigorosa disciplina dos seus integrantes.<\/p>\n

Acontece que muitos acreditam na ideia que motoclubismo n\u00e3o \u00e9 apenas andar de moto. \u00c9 filantropia e obras sociais. N\u00e3o, n\u00e3o \u00e9. \u00c9 tamb\u00e9m isso, mas n\u00e3o somente isso e nem quase s\u00f3 isso. No motoclubismo n\u00e3o h\u00e1 santos como querem alguns ao vender a imagem dos motociclistas como ex-renegados rebeldes ou novos santos sobre duas rodas. Nunca foram santos e nunca ser\u00e3o demon\u00edacos. Ser\u00e3o rebeldes. Alguns com causa, outros sem causa, mas ser\u00e3o diferentes e pensar\u00e3o diferente.<\/p>\n

\"EAGLE<\/a>Por\u00e9m, isso n\u00e3o os rotula como criminosos, arruaceiros, baderneiros, bandidos. \u00c9 poss\u00edvel ser rebelde e se rebelar, protestar, mesmo defendendo causas por vezes imposs\u00edveis sem agredir, matar, linchar e prejudicar a vida de quem quer que seja. H\u00e1 motoclubes e gangues de motociclistas desde que clubes de motociclistas apareceram no mundo. O primeiro \u00e9 resultante de uma paix\u00e3o; j\u00e1 o segundo vive como fora-da-lei. \u00c9 voc\u00ea a pessoa que escolhe de que lado vai estar.<\/p>\n

Quando sobem numa moto tudo muda e essa mudan\u00e7a \u00e9 mais ou menos intensa e ser\u00e1 proporcional ao que voc\u00ea acredita e defende. Portanto, h\u00e1 sim motoclubes de v\u00e1rios perfis. Uns mais violentos, outros menos. Mas eles existem e v\u00e3o continuar existindo e a imagem, por mais que fa\u00e7a toda a filantropia do mundo, ainda ser\u00e1 pautada pelo que foi resultado da soma do ocorrido em 4 de julho de 1947 e logo depois do relat\u00f3rio do general Lynch. Ser\u00e3o sempre garotos-maus mesmo fazendo boas coisas. O mundo sabe disso t\u00e3o bem quanto voc\u00eas mesmos.<\/p>\n

S\u00e3o c\u00e9u e inferno. S\u00e3o e sempre ser\u00e3o bons garotos-maus ou maus garotos-bons. Isso nunca vai mudar, pois \u00e9 parte do DNA. O a\u00e7o que forjou a liberdade e a paix\u00e3o pelas duas rodas, trouxe embutido na receita 1% daquilo que muitos de voc\u00eas n\u00e3o gostam e reprovam, mas que infelizmente, nunca ser\u00e1 totalmente apagado e nem far\u00e1 parte apenas da hist\u00f3ria.<\/p>\n

Podem e devem viver e rodar em paz e \u00e9 o que quer a maioria nesse pa\u00eds onde o profano e o sagrado se avizinham, discordam ou apenas se toleram, mas n\u00e3o se matam. N\u00e3o s\u00e3o anjos e nem apenas dem\u00f4nios. S\u00e3o os dois. Ao memos tempo, o tempo todo.<\/p>\n

Guerra entre motoclubes
\n