O capacete salva vidas, certo? Mas pouco adianta cobrir a cabe\u00e7a e deixar o resto de fora. Os n\u00fameros dos acidentes com moto mostram que falta ainda muita coisa para que o problema venha a ser resolvido.<\/p>\n

Segundo o Dr. Lineu Juc\u00e1, diretor do Centro de Traumatologia do Instituto Dr. Jos\u00e9 Frota de Fortaleza (\u00fanico hospital especializado em traumas), 64% dos acidentes com moto sofrem les\u00f5es nos membros inferiores, 34% nos membros superiores e 32% na cabe\u00e7a. Dos que sofrem traumas na cabe\u00e7a quase 60% deles n\u00e3o estava usando capacete ou n\u00e3o o usavam corretamente, ou seja: cinta destravada, capacete usado como chap\u00e9u e por a\u00ed vai.<\/p>\n

De todos os acidentes com motos no Estado do Cear\u00e1, cerca de 6 em cada 10 acidentados n\u00e3o possu\u00edam habilita\u00e7\u00e3o e 80% deles haviam ingerido bebida alco\u00f3lica ou estava sob efeito de drogas.<\/p>\n

Os n\u00fameros sugerem v\u00e1rias a\u00e7\u00f5es corretivas que nada mais s\u00e3o do que paliativos que pioram\u00a0 mais do que podem trazer algum benef\u00edcio de redu\u00e7\u00e3o de acidentes e mortes. Para ter uma ideia, cerca de 80% dos leitos da UTI do IJF \u2013 Instituto Dr. Jos\u00e9 Frota de Fortaleza s\u00e3o ocupados por acidentados com motos e este n\u00famero cresceu absurdamente ao ponto de quase dobrar em rela\u00e7\u00e3o a 2009.<\/p>\n

Por\u00e9m, estes n\u00fameros se analisados de forma correta e sem paix\u00f5es, ir\u00e3o mostrar que se houvesse fiscaliza\u00e7\u00e3o e educa\u00e7\u00e3o grande parte desse n\u00famero seria reduzido.<\/p>\n

Como o Estado n\u00e3o faz a parte dele como deveria e a parte que lhe cabia foi transferida para o munic\u00edpio, nada muda e s\u00f3 piora. O munic\u00edpio recebeu a incumb\u00eancia de fiscalizar, sinalizar e punir os infratores de tr\u00e2nsito, mas n\u00e3o faz na sua plenitude ou de forma nenhuma. Os motivos s\u00e3o v\u00e1rios e v\u00e3o desde raz\u00f5es pol\u00edticas, passando pela corrup\u00e7\u00e3o e chegando, em grande parte, ao descaso.<\/p>\n

Enquanto a fiscaliza\u00e7\u00e3o n\u00e3o acontece como deveria, restam a\u00e7\u00f5es paliativas. Uma delas est\u00e1 relacionada a reduzir os danos em caso de acidente e \u00e9 bem simples. Partindo do princ\u00edpio que os acidentes s\u00f3 ir\u00e3o aumentar na propor\u00e7\u00e3o semelhante que aumenta a frota e nenhuma a\u00e7\u00e3o mais r\u00edgida de fiscaliza\u00e7\u00e3o ser\u00e1 feita, resta proteger o motociclista.<\/p>\n

Nas CIPAs \u2013 Comiss\u00f5es Internas Para Preven\u00e7\u00e3o de Acidentes existem os EPIs \u2013 Equipamentos de Prote\u00e7\u00e3o Individual os quais s\u00e3o fornecidos pelas empresas e seu uso exigido pelos empregadores. Tais equipamentos possuem tributa\u00e7\u00e3o diferenciada. Agora, se partirmos desse pressuposto e seguindo a mesma linha de racioc\u00ednio: caneleiras, capacetes, cotoveleiras, luvas e air-bags individuais deveriam ser isentos de impostos ou ter tributa\u00e7\u00e3o diferenciada. Mas n\u00e3o s\u00e3o.<\/p>\n

A receita \u00e9: educar e fiscalizar. Enquanto isso n\u00e3o acontece os acidentes v\u00e3o continuar ocorrendo. Por\u00e9m uma pequena atitude que n\u00e3o iria gastar mais que algumas linhas para salvar v\u00e1rias vidas ou pelo menos lhes dar uma segunda chance. Bastariam que isentassem de impostos os EPIs relacionados \u00e0 seguran\u00e7a do motociclista \u2013 luvas, botas, caneleiras, capacetes e air-bags. Isso sim seria uma medida que teria total aceita\u00e7\u00e3o no meio e quem sabe ajudaria a educar o motociclista a ser mais prudente, quando menos, salvaria vidas.<\/p>\n

A\u00a0educa\u00e7\u00e3o de tr\u00e2nsito precisa\u00a0ser mat\u00e9ria nas escolas municipais, estaduais e particulares. A sexta come\u00e7a e j\u00e1 se sabe que alguns n\u00e3o chegar\u00e3o vivos na segunda e que boa parte deles morreu pelo uso incorreto dos equipamentos de seguran\u00e7a.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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