Estas \u00faltimas semanas t\u00eam sido de forte adrenalina no segmento de inform\u00e1tica. Como uma parte consider\u00e1vel dos custos \u00e9 composta de produtos comprados e cotados em d\u00f3lar a coisa para alguns se complicou. O que anda acontecendo nos mercados todos n\u00f3s estamos acompanhando, mas e o que anda acontecendo nas empresas? Qual t\u00eam sido a rea\u00e7\u00e3o de cada uma delas?<\/p>\n
Cerca de 80% dos componentes dos computadores s\u00e3o importados, os custos de produ\u00e7\u00e3o inclusive dos equipamentos fabricados no Brasil j\u00e1 tiveram um incremento de 10% a 15%. O repasse total desse aumento ao consumidor n\u00e3o dado como certo.<\/p>\n
Aqui no F\u00f3rum temos muitos empres\u00e1rios de inform\u00e1tica representando os mais variados segmentos, inclusive servi\u00e7os, que t\u00eam que realizar grandes \u0091gin\u00e1sticas\u0092 para continuar operando, vendendo e se pagando. \u00c9 numa crise que se conhece os bons empres\u00e1rios, os \u00e9ticos e os competentes, enfim, aqueles que ao venc\u00ea-la ficar\u00e3o mais fortes ainda. \u00c9 uma prova de fogo!<\/p>\n
A Advance Marketing realizou pesquisa onde entrevistou 1.235 executivos do mercado de tecnologia, a fim de perceber os efeitos da crise em seus neg\u00f3cios. E, para 84% desse grupo, o colapso financeiro recente \u00e9 classificado como \u0091grave\u0092 ou \u0091muito grave\u0092 para os neg\u00f3cios. Apenas 16% das empresas apontam o momento como \u0091n\u00e3o grave\u0092.<\/p>\n
Para quem n\u00e3o sabe, s\u00e3o os empres\u00e1rios que primeiro decidem se aceitam produtos com alta majora\u00e7\u00e3o nos pre\u00e7os ou n\u00e3o. S\u00e3o eles que refletem sobre a boa hora da compra e que t\u00eam que descobrir o qu\u00ea e como fazer para se protegerem. Este outro lado, poucos vivem e v\u00eaem.<\/p>\n
De um lado est\u00e3o os fornecedores que n\u00e3o querem perder revendas e as revendas que n\u00e3o querem perder clientes ao deixar de vender. Do outro est\u00e1 o cliente que \u00e9 quem vai decidir se paga ou n\u00e3o o novo pre\u00e7o cobrado. H\u00e1 alguns dias a HP, comunicou que continua vendendo seus produtos pela tabela de pre\u00e7os atual que vale at\u00e9 o fim de outubro de 2008. Para novembro, segundo Val\u00e9ria Molina, diretora de Computa\u00e7\u00e3o Pessoal para Varejo da HP, esperam definir novos pre\u00e7os, procurando reduzir o impacto do c\u00e2mbio para o consumidor.<\/p>\n
Outro fabricante de computadores for\u00e7ado a acompanhar a alta do d\u00f3lar foi a Semp Toshiba Inform\u00e1tica. A empresa suspendeu a entrega de equipamentos para as lojas de varejo at\u00e9 que se defina uma nova pol\u00edtica de pre\u00e7os para seus produtos ante a crise. N\u00e3o s\u00f3 ela, mas muitos fabricantes de micros montados e que forneciam a magazines e grandes redes chegaram a mais que suspender-cancelaram contratos por n\u00e3o conseguirem manter pre\u00e7os. A Alcat\u00e9ia, no pico dessa crise, chegou a dar apenas duas horas de validade para as suas propostas de pre\u00e7os. As empresas de varejo reduziram a validade das suas propostas, tanto para pessoa f\u00edsica e como para jur\u00eddica, das atuais 48 horas para 24 horas.<\/p>\n
Outra empresa que precisou tomar uma decis\u00e3o foi a Positivo. A fabricante de computadores aumentou entre 10% e 15% o valor de seus produtos. Isto representa um acr\u00e9scimo pr\u00f3ximo de 100 reais.<\/p>\n
\u00c9 importante destacar que nenhum distribuidor ou empres\u00e1rio consciente deseja aumentar seus pre\u00e7os. Todos sabem que significa retra\u00e7\u00e3o. Assim, fazem de tudo para assimilar ao m\u00e1ximo os custos para que o repasse seja o menor poss\u00edvel. Quanto menor o aumento, menor o estrago.<\/p>\n
A Sefaz de S\u00e3o Paulo est\u00e1 tendo problemas para adquirir equipamentos (mesmo tendo a \u0091bagatela\u0092 de R$ 17 milh\u00f5es para gastar) visando melhorar infraestrutura de hardware da Nota Fiscal Paulista. O problema \u00e9 que os fornecedores querem mais prazo antes de vender. Segundo eles os desdobramentos da crise financeira nos Estados Unidos geram instabilidade no pre\u00e7o e na pontualidade para entrega dos produtos \u00e0 Sefaz paulista.<\/p>\n
J\u00e1 a integradora 2S desenvolveu um plano para impedir a interrup\u00e7\u00e3o de seus neg\u00f3cios. A id\u00e9ia foi gerar incentivos para que os clientes n\u00e3o tenham de cancelar os projetos previstos para 2008 gerados pela instabilidade do d\u00f3lar. A integradora promete subs\u00eddio total ou de parte dos servi\u00e7os atrelados aos projetos, com o intuito de reduzir as perdas com o c\u00e2mbio e tamb\u00e9m aumentou o prazo de pagamento al\u00e9m de acelerar a venda de projetos em reais, assegurando o valor do c\u00e2mbio at\u00e9 fevereiro de 2009.<\/p>\n
A redu\u00e7\u00e3o do cr\u00e9dito pode jogar no ventilador os planos da Vivo para este ano, tudo isso por conta da nova realidade de cr\u00e9dito ao varejo e sua rela\u00e7\u00e3o com a demanda no mercado de telefonia m\u00f3vel brasileiro. O presidente da Vivo, Roberto Lima, disse em Madri que “se os bancos recuarem, as vendas poder\u00e3o ser mais magras”. A escassez de cr\u00e9dito poder\u00e1 afetar as cadeias de varejo, que t\u00eam parcelado os aparelhos. Sem parcelamentos t\u00e3o atrativos e com aparelhos mais caros, as vendas de Natal podem sofrer impacto. Uma boa parte dos aparelhos j\u00e1 foi comprada pelas operadoras para este trimestre e ser\u00e1 paga em reais, afastando, em parte, a possibilidade de aumento de pre\u00e7os.<\/p>\n
Para a Gartner, o crescimento dos gastos em TI, em 2009, ser\u00e1 retra\u00eddoa uma taxa acima da prevista anteriormente por especialistas. A consultoria espera que os investimentos na \u00e1rea cres\u00e7am apenas 2,3%, menos da metade dos 5,8% aguardados meses atr\u00e1s.<\/p>\n
Apertem os cintos, OS JUROS SUBIRAM! <\/strong><\/p>\n As taxas de juros das opera\u00e7\u00f5es de cr\u00e9dito aumentaram um pouco mais em setembro, segundo levantamento realizado pela Associa\u00e7\u00e3o Nacional de Executivos de Finan\u00e7as, Administra\u00e7\u00e3o e Contabilidade (Anefac). Para a pessoa f\u00edsica, a taxa m\u00e9dia passou de 7,39% ao m\u00eas em agosto para 7,46%. J\u00e1 para as pessoas jur\u00eddicas a taxa subiu de 4,27% para 4,36%. Ambas as taxas s\u00e3o as maiores desde 2006.<\/p>\n Para a Anefac, o consumidor j\u00e1 come\u00e7a a sentir os efeitos da crise financeira mundial. Os prazos de financiamento foram reduzidos. No caso de ve\u00edculos, os prazos m\u00e1ximos passaram de 72 para 60 meses; e de bens diversos (linha branca, linha marrom, m\u00f3veis, computadores) o prazo foi reduzido de 36 meses 24 meses.Algumas montadoras trouxeram promo\u00e7\u00f5es a juros de 0,99%, mas mesmo assim, por serem compostos, saem muito caros no final. \u00c9 comprar um e pagar tr\u00eas ou pagar 3 e levar 1.<\/p>\n O contrato! <\/strong><\/p>\n Escrit\u00f3rios de advocacia est\u00e3o sendo acionados para reverem contratos que foram fechados quando o mundo vivia outra realidade financeira. “Estamos vivendo uma crise not\u00f3ria que poder\u00e1 romper rela\u00e7\u00f5es consolidadas, por isso muitas empresas est\u00e3o procurando as bancas para reformular seus contratos de compra e venda”. Quem afirma \u00e9o advogado Luiz Arthur Caselli Guimar\u00e3es, s\u00f3cio do Duart e Garcia, Caselli Guimar\u00e3es e Terra advogados. Esta foi uma grande demanda que surgiu em apenas uma semana.<\/p>\n Os planos de crescimento da IPconnection eram ousados. Em 2008, o objetivo era chegar a um faturamento de 9 milh\u00f5es de reais, o que dava um incremento de 50%. O crescimento ainda \u00e9 menor para 2009 quando a integradora espera crescer outros 30%, para ter uma receita de cerca de 12 milh\u00f5es de reais. Por conta da crise financeira e do d\u00f3lar mais caro, a integradora est\u00e1 sentindo que essa proje\u00e7\u00e3o pode estar amea\u00e7ada, pois j\u00e1 enxergam clientes colocarem o p\u00e9 atr\u00e1s.<\/p>\n A Cisco confirmou o corte de 129 funcion\u00e1rios em sua unidade localizada em Richardson, no estado do Texas, Estados Unidos. O corte vem com a decis\u00e3o de parar as opera\u00e7\u00f5es de servi\u00e7os de banda larga telef\u00f4nica na unidade. As demiss\u00f5es devem ocorrer at\u00e9 o dia o in\u00edcio de dezembro. Apesar disso, a companhia nega que as demiss\u00f5es tenham rela\u00e7\u00e3o com a crise financeira mundial. Em comunicado, a Cisco afirma que continuamente \u0091avalia seus neg\u00f3cios com as estrat\u00e9gias de crescimento da empresa e para aumentar a efici\u00eancia\u0092. Fica complicado n\u00e3o atrelar \u00e0 crise a decis\u00e3o da Cisco.<\/p>\n Remando na contra-m\u00e3o da crise. <\/strong><\/p>\n A Apple apresentou ter\u00e7a 14\/10 uma grande renova\u00e7\u00e3o em sua linha de computadores port\u00e1teis. O MacBook Pro passa a ter um “trackpad” (\u00e1rea de controle sens\u00edvel ao toque, que substitui o mouse) maior e suporte ao “multitouch”, recurso popularizado pelo iPhone que permite toques simult\u00e2neos para aplicar efeitos de zoom e rota\u00e7\u00e3o em aplicativos. O chipset gr\u00e1fico Intel ser\u00e1 substitu\u00eddo pelo da Nvidia, fabricante de placas de v\u00eddeo. Os chips gr\u00e1ficos Nvidia tamb\u00e9m passam a integrar o MacBook Air, notebook ultrafino da empresa. J\u00e1 o pre\u00e7o do modelo mais barato caiu para US$ 999, em uma a\u00e7\u00e3o que espera atrair compradores em uma \u00e9poca em que o medo da recess\u00e3o est\u00e1 espelhado na economia.<\/p>\n As a\u00e7\u00f5es da empresa, que tiveram valoriza\u00e7\u00e3o de 20% desde a \u00faltima semana,<\/p>\n quando a companhia fez convites \u00e0 imprensa para o evento sobre notebooks,<\/p>\n ca\u00edram 5% na Nasdaq, para 104,64 d\u00f3lares. Uma queda pouco expressiva diante do desastre que recaiu sobre outras marcas.<\/p>\n Ao contr\u00e1rio dos fabricantes de hardware, que refletiram quase imediatamente a alta do d\u00f3lar, os fornecedores de software garantem que ainda n\u00e3o sofreram os impactos da crise financeira, mesmo aqueles que t\u00eam grande parte da receita vinculada ao setor financeiro.<\/p>\n A explica\u00e7\u00e3o, segundo eles, est\u00e1 no fato de contarem com margens maiores que os fabricantes, o que lhes d\u00e1 mais possibilidades de renegocia\u00e7\u00e3o. Marcelo Ramos, diretor geral para a Am\u00e9rica do Sul da Sterling Commerce, afirma que o cen\u00e1rio brasileiro \u00e9 muito positivo. Opini\u00e3o semelhante tem Celso Chapinotte, diretor geral da BMC Software do Brasil para quem a alta do d\u00f3lar n\u00e3o afetou seus contratos.<\/p>\n No geral, essa crise afeta mais o mundo de hardware, que trabalha com margens muito pequenas. Nas \u00e1reas de software e servi\u00e7os \u00e9 mais f\u00e1cil acomodar estas varia\u00e7\u00f5es. Outro que ainda n\u00e3o sentiu reflexos foi Jos\u00e9 Eug\u00eanio Braga, vice-presidente comercial e de marketing da Borland que n\u00e3o registrou impacto junto aos seus clientes. Para ele o d\u00f3lar posicionado entre 1,80 reais e 2 reais seria melhor suportado.<\/p>\n Os distribuidores norte-americanos afirmam que t\u00eam como suportar as linhas de cr\u00e9dito aos canais, que, segundo eles, devem ser pouco afetados pela crise de cr\u00e9dito que realizou estragos no mundo nestas \u00faltimas semanas. A Ingram Micro, tamb\u00e9m diz que a companhia n\u00e3o planeja restringir os benef\u00edcios aos parceiros e que vai aumentar as linhas para VARs qualificados. Adrian Jones, vice-presidente e general manager da organiza\u00e7\u00e3o de parceiros da HP Am\u00e9ricas, diz que a empresa est\u00e1 pronta para prover mais suporte financeiro aos distribuidores, de forma a sustentar as linhas dos canais.<\/p>\n E ainda tem mais: a Phillips come\u00e7a a fabricar notebooks no Brasil, a CDI Distribuidora espera vender seis mil unidades de notebooks no terceiro trimestre de 2008, a DLink aumenta a equipe de canais no corporativo, a Abinee-Associa\u00e7\u00e3o Brasileira da Ind\u00fastria eletroeletr\u00f4nica mant\u00e9m seu \u00edndice de crescimento apesar da crise. Enquanto isso est\u00e3o abertas 20 vagas de tecnologia na BSA Brasil. A empresa de outsourcing e TI est\u00e1 em processo de recrutamento de profissionais nas \u00e1reas de programa\u00e7\u00e3o, an\u00e1lise e est\u00e1gio em desenvolvimento e infra-estrutura.<\/p>\n Comunicado saiu esta semana dando conta de que o emprego formal cresceu 12,6% em setembro na compara\u00e7\u00e3o com o mesmo m\u00eas de 2007, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Nas palavras do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, “o pa\u00eds deve fechar o ano com mais de 2,1 milh\u00f5es de empregos gerados -a proje\u00e7\u00e3o inicial, feita pelo governo, era criar 1,8 milh\u00e3o de vagas em 2008 e o Natal de 2008 ser\u00e1 ainda melhor do que o do ano passado e o Produto Interno Bruto (PIB) crescer\u00e1 mais de 6% neste ano.”<\/p>\n Duas cita\u00e7\u00f5es ilustram bem o momento que o setor de inform\u00e1tica vive e dever\u00e1 atravessar:Para Eugenio Gudin “Uma na\u00e7\u00e3o em crise n\u00e3o precisa de plano. Precisa de homens.” Para Ant\u00f4nio Gramsci “A crise consiste precisamente no fato de que o modelo velho est\u00e1 morrendo e o modelo novo ainda n\u00e3o pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas m\u00f3rbidos aparecem.” E para finalizar nada menos que brilhante H.G. Wells ao destacar de forma bem-humorada que “a crise de hoje \u00e9 a piada de amanh\u00e3.” Tomara que, mais uma vez, ele esteja certo.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Estas \u00faltimas semanas t\u00eam sido de forte adrenalina no segmento de inform\u00e1tica. Como uma parte consider\u00e1vel dos custos \u00e9 composta de produtos comprados e cotados em d\u00f3lar a coisa para alguns se complicou. O que anda acontecendo nos mercados todos n\u00f3s estamos acompanhando, mas e o que anda acontecendo nas empresas? Qual t\u00eam sido a …<\/p>\n