“Se voc\u00ea se conhece e conhece o inimigo, n\u00e3o temer\u00e1 ganhar a guerra.”<\/em><\/p>\n

<\/em><\/p>\n

<\/em><\/p>\n

SUN TSU, general chin\u00eas-S\u00e9culo IV AC.<\/p>\n

Conta um lenda que certa vez dois ladr\u00f5es foram presos e levados a presen\u00e7a do sult\u00e3o. Pelas leis do Isl\u00e3 o roubo \u00e9 punido com amputa\u00e7\u00f5es ou com a morte. No caso dos dois a pena seria capital. Antes o sult\u00e3o perguntou qual seria o \u00faltimo desejo. O primeiro ladr\u00e3o pediu uma refei\u00e7\u00e3o de rei com tudo que teria direito. Foi atendido. O segundo pediu ao sult\u00e3o que n\u00e3o o matasse agora pois ele poderia fazer seu cavalo voar. Todo mundo sabe que os \u00e1rabes s\u00e3o apaixonados por cavalos e o sult\u00e3o n\u00e3o fugia a regra. Curioso, o sult\u00e3o perguntou ao homem quanto tempo ele precisaria pra isso. O homem disse que seria necess\u00e1rio um ano. Ap\u00f3s isso poderia mat\u00e1-lo.
\n<\/em><\/p>\n

O sult\u00e3o p\u00f4s-se a pensar. Enquanto o sult\u00e3o pensava o primeiro ladr\u00e3o ficou curioso e disse:<\/p>\n

– “Vc est\u00e1 louco? Voc\u00ea sabe que cavalos n\u00e3o voam!”<\/p>\n

– “Voc\u00ea est\u00e1 certo…” Completou o segundo ladr\u00e3o. “Mas voc\u00ea esqueceu que ainda tenho tr\u00eas ou quatro chances de sair vivo e voc\u00ea morre amanh\u00e3 bem cedo. Retrucou o segundo ladr\u00e3o.”<\/p>\n

– “Mas que chances s\u00e3o essas?” Perguntou o primeiro.<\/p>\n

– “Simples: em um ano pode acontecer muita coisa. O sult\u00e3o pode morrer, o cavalo pode morrer ou eu posso ser o primeiro na hist\u00f3ria a conseguir fazer o cavalo voar.” Finaliza o segundo ladr\u00e3o.<\/p>\n

O sult\u00e3o aceitou o desafio e ainda disse que se ele ou o cavalo morressem antes de um ano o segundo ladr\u00e3o estaria livre, pois o acordo estaria sendo feito entre eles dois e o segundo ladr\u00e3o n\u00e3o deveria ser punido duas vezes pelo mesmo crime.<\/p>\n

No dia seguinte o primeiro ladr\u00e3o foi executado e o segundo ladr\u00e3o come\u00e7ava o seu trabalho.<\/p>\n

Onze meses depois numa viagem a neg\u00f3cios o sult\u00e3o fere-se gravemente ao cair do cavalo e poucos dias depois morre. Seu cavalo \u00e9 sacrificado, pois havia quebrado a perna.<\/p>\n

O segundo ladr\u00e3o foi libertado e nunca mais se ouviu falar dele.<\/p>\n

Interessante perceber que existem pessoas que se entregam facilmente a derrota e deixam de lutar. <\/strong> Outras buscam novas formas de fazer.O segundo ladr\u00e3o conhecia bem o sult\u00e3o e a cultura do lugar. Como tinha o objetivo de ficar vivo e sabia que ainda tinha uma chance, p\u00f4s-se a pensar no qu\u00ea fazer para ficar vivo. Estrat\u00e9gia \u00e9 isso “O QU\u00ca FAZER?” . Depois vem a t\u00e1tica que \u00e9 o “COMO FAZER?”. A estrat\u00e9gia era fazer com que o sult\u00e3o acreditasse que ele poderia fazer ser cavalo voar e com isso ganhasse um pouco mais de tempo de vida. Logo em seguida o segundo ladr\u00e3o come\u00e7ou a pensar nas t\u00e1ticas. Uma delas seria torcer para que o cavalo morresse antes do prazo dado pelo sult\u00e3o; outra seria que o sult\u00e3o morresse ou que, na mais inacredit\u00e1vel hip\u00f3tese, ele descobrisse como fazer um cavalo voar.<\/p>\n

Vejo muitas situa\u00e7\u00f5es onde as pessoas desistem facilmente logo nas primeiras dificuldades. A hist\u00f3ria est\u00e1 cheia de exemplos de pessoas que fizeram a diferen\u00e7a por mudar a estrat\u00e9gia para aquele objetivo. Costumo dizer que a diferen\u00e7a entre persist\u00eancia e teimosia \u00e9 que na teimosia voc\u00ea tenta sempre da mesma forma atingir algo que acaba dando o mesmo resultado. J\u00e1 na persist\u00eancia se n\u00e3o der certo assim, tenta-se de outra forma, por\u00e9m, sempre de olho no objetivo.<\/p>\n

Estrat\u00e9gia e t\u00e1tica s\u00e3o coisas presentes diariamente na vida da gente <\/strong> e a toda hora. Em todo momento estamos fazendo planos, montando abordagens e formas de tentar atingir metas e\/ou objetivos.<\/p>\n

\u00c9 noite. Alexandre, O Grande, <\/strong> est\u00e1 a algumas horas de uma das mais dif\u00edceis batalhas da sua vida. Como de h\u00e1bito re\u00fane-se com seu conselho de chefes para receber as informa\u00e7\u00f5es do dia. As not\u00edcias n\u00e3o s\u00e3o nada animadoras. Alexandre descobre que tem um grave problema pela frente. Seus inimigos est\u00e3o na vantagem de cinco para 1 e s\u00e3o muito fortes e bem armados. Neste cen\u00e1rio \u00e9 imposs\u00edvel vencer lutando diretamente. Se resolvesse esperar refor\u00e7os poderia ser atacado. Alexandre consulta seus generais e pergunta sobre quem comanda o ex\u00e9rcito inimigo. A lideran\u00e7a n\u00e3o era uma unanimidade; ele mantinha as v\u00e1rias tribos juntas por acordos e interesses. O l\u00edder inimigo era a \u00fanica pessoa capaz de manter os ex\u00e9rcitos unidos e sem ele dispersariam. Alexandre sabia disso e p\u00f4s-se a discutir com o grupo.<\/p>\n

Ao final da reuni\u00e3o chegaram \u00e0 conclus\u00e3o que s\u00f3 conseguiriam vencer se matassem o l\u00edder. Mas como seria poss\u00edvel? Tinham cinco vezes mais for\u00e7a que o ex\u00e9rcito de Alexandre! Imediatamente Alexandre montou sua estrat\u00e9gia. Informou aos generais que deveriam concentrar todo o ex\u00e9rcito para matar o l\u00edder inimigo. Aquele que conseguisse ganharia uma condecora\u00e7\u00e3o. Seria matar o l\u00edder e recuar. Depois aguardariam a ordem de atacar de novo.<\/p>\n

Amanhece e todos os guerreiros de Alexandre e os inimigos est\u00e3o a postos. Todos sabem o que fazer. Utilizando o elemento surpresa, Alexandre ordena o ataque. Imediatamente todo o ex\u00e9rcito corre em dire\u00e7\u00e3o ao l\u00edder inimigo desprezando o combate generalizado. Em pouco tempo o l\u00edder est\u00e1 morto. O ex\u00e9rcito de Alexandre recua. A confus\u00e3o toma conta do lado inimigo. Ningu\u00e9m sabe o que fazer e nem a quem obedecer. Percebendo o resultado e antes que os inimigos se organizem Alexandre envia seus ex\u00e9rcitos em massa e no meio da confus\u00e3o derrota o inimigo sem piedade. Ao final da batalha, Alexandre j\u00e1 possu\u00eda uma legi\u00e3o de prisioneiros e poucas baixas.<\/p>\n

Existe um ditado que diz que voc\u00ea pode perder uma ou v\u00e1rias batalhas <\/strong> , mas nunca a guerra. Estrat\u00e9gia \u00e9 mais ou menos isso. S\u00e3o todas as batalhas que precisa travar para ganhar a guerra ou conquistar seu objetivo e bater a meta.<\/p>\n

Estrat\u00e9gia, segundo James Brian Quinn, da Amos Tuck School <\/strong> da Dartmouth College, vem da \u00e1rea militar. “Na Gr\u00e9cia Strategos referia-se, primeiramente, a um papel, uma fun\u00e7\u00e3o ou cargo. Depois passou a significar a “Arte do General”, a soma das habilidades psicol\u00f3gicas e comportamentais com as quais exercia seu papel. Na \u00e9poca de P\u00e9ricles(450 a.C.), passou a significar habilidades gerenciais (administra\u00e7\u00e3o, lideran\u00e7a, orat\u00f3ria, poder). No tempo de Alexandre(330 a.C.), referia-se \u00e0 habilidade de empregar for\u00e7as para sobrepujar a oposi\u00e7\u00e3o e criar um sistema unificado de governa\u00e7\u00e3o global. ” Deve ter percebido que a estrat\u00e9gia sempre aborda o ‘que \u00e9 preciso fazer’ e est\u00e1 sempre relacionada ao objetivo maior e a meta a ser alcan\u00e7ada. Por isso ela teve sua origem na \u00e1rea militar e pol\u00edtica. Existem v\u00e1rios estrategistas famosos: Napole\u00e3o, Alexandre – o Grande, Sun Tsu, Maquiavel, Eisenhower, Kissinger, Gromiko e tantos outros.<\/p>\n

Para funcionar uma estrat\u00e9gia precisa estar dentro de alguns crit\u00e9rios. Ela deve ter objetivos claros, decisivos e diretos; precisa manter a iniciativa, concentra\u00e7\u00e3o na execu\u00e7\u00e3o da solu\u00e7\u00e3o do problema, ser flex\u00edvel para poder adaptar-se as modifica\u00e7\u00f5es e as corre\u00e7\u00f5es de rumo; necessita de lideran\u00e7a coordenada e comprometida; surpresa, segredo, velocidade e absoluta seguran\u00e7a no que est\u00e1 fazendo.<\/p>\n

A estrat\u00e9gia possui v\u00e1rios pontos de vista quanto a sua empregabilidade. <\/strong><\/p>\n

Na \u00e1rea militar a estrat\u00e9gia cuida do plano de guerra(Von Clausewitz). No jogo especifica as a\u00e7\u00f5es que ser\u00e3o feitas pelo jogador em cada situa\u00e7\u00e3o poss\u00edvel(Von Newman e Morgenstern). Na administra\u00e7\u00e3o \u00e9 um plano unificado e , abrangente e integrado com a finalidade de assegurar que os objetivos b\u00e1sicos do empreendimento sejam alcan\u00e7ados(Glueck). A estrat\u00e9gia \u00e9 um plano que \u00e9 feito sob um pretexto, obedece a um padr\u00e3o de a\u00e7\u00f5es e estabelecem uma posi\u00e7\u00e3o que for\u00e7a a realiza\u00e7\u00e3o de uma perspectiva pessoal ou de mercado.<\/p>\n

Com certeza, alguma vez na sua vida, voc\u00ea ou algu\u00e9m da sua fam\u00edlia j\u00e1 usou ou foi visitado por uma vendedora da Avon. Antes de ser o que \u00e9 a Avon come\u00e7ou vendendo livros, chamou-se Perfumaria Calif\u00f3rnia e passou a ter o nome definitivo numa homenagem \u00e0 terra onde nasceu William Shakspeare cuja cidadetem o nome Startford-on-avon. Pura verdade.<\/p>\n

A primeira mudan\u00e7a aconteceu quando perceberam que as pessoas queriam outra coisa. Para facilitar a venda de livros David McConnell passou a oferecer gratuitamente uma fragr\u00e2ncia agrad\u00e1vel especialmente desenvolvida para ser um facilitador na entrada do vendedor na casa do cliente. Acontece que com o tempo o perfume fez mais sucesso que os livros e David McConnell passou a vend\u00ea-los aos clientes. Recrutou sua primeira vendedora que depois recrutou outras e o resto voc\u00ea j\u00e1 sabe no que deu.<\/p>\n

Mas qual foi a estrat\u00e9gia adotada pela Avon? <\/strong><\/p>\n

A estrat\u00e9gia era vender livros de porta em porta. A t\u00e1tica usada para facilitar as coisas\t era dar um brinde que agradasse homens e mulheres. Ent\u00e3o usaram a fragr\u00e2ncia. Acontece que a t\u00e1tica acabou virando um neg\u00f3cio e as estrat\u00e9gias foram todas revistas e mudadas a tempo.<\/p>\n

As coisas n\u00e3o estavam dando certo. Ele bem que poderia ter desistido, mas percebeu que o mercado sinalizava outra coisa, uma demanda reprimida de um p\u00fablico que queira comprar em casa os produtos de beleza, com conforto e comodidade. Na nova estrat\u00e9gia a situa\u00e7\u00e3o se inverteu. Vendia perfumes para donas de casa, em casa. A t\u00e1tica (incr\u00edvel isso) passou a ser dar de brinde um livro sobre cuidados com a beleza. Nele existiam dicas de produtos para cada tipo de necessidade.<\/p>\n

Sempre h\u00e1 uma sa\u00edda e mesmo quando n\u00e3o tem sa\u00edda a, sa\u00edda \u00e9 essa mesma: sem sa\u00edda. Mas a isso se chama fatalidade e fatalidade se explica a luz do \u0091quando tudo d\u00e1 errado\u0092. Lembram?<\/p>\n

A estrat\u00e9gia \u00e9 important\u00edssima. Sem elas, esses tr\u00eas fatos teriam outros finais. O ladr\u00e3o teria morrido de barriga cheia; Alexandre teria sofrido a sua pior derrota e talvez, jamais, seria \u0091O Grande\u0092, a marca Avon n\u00e3o mais existiria e por \u00faltimo este artigo n\u00e3o seria escrito a partir desses exemplos.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Conta um lenda que certa vez dois ladr\u00f5es foram presos e levados a presen\u00e7a do sult\u00e3o. Pelas leis do Isl\u00e3 o roubo \u00e9 punido com amputa\u00e7\u00f5es ou com a morte. No caso dos dois a pena seria capital. Antes o sult\u00e3o perguntou qual seria o \u00faltimo desejo. <\/p>\n","protected":false},"author":22,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"site-sidebar-layout":"default","site-content-layout":"default","ast-global-header-display":"","ast-main-header-display":"","ast-hfb-above-header-display":"","ast-hfb-below-header-display":"","ast-hfb-mobile-header-display":"","site-post-title":"","ast-breadcrumbs-content":"","ast-featured-img":"","footer-sml-layout":"","theme-transparent-header-meta":"","adv-header-id-meta":"","stick-header-meta":"","header-above-stick-meta":"","header-main-stick-meta":"","header-below-stick-meta":"","footnotes":""},"categories":[304,12],"tags":[171,1470,1473,1482],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2730"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/22"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2730"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2730\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":212054,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2730\/revisions\/212054"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2730"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2730"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.luissucupira.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2730"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}