Est\u00e1 cada vez mais dif\u00edcil contratar pessoas para vagas dispon\u00edveis no mercado. O maior problema n\u00e3o \u00e9 a qualifica\u00e7\u00e3o. Ela at\u00e9 que existe, mas o maior problema mesmo e o mais grave de todos \u00e9 o analfabetismo dos alfabetizados. Explico: O Houaiss destaca que analfabeto \u00e9 tamb\u00e9m “aquele que \u00e9 muito ignorante, bronco, de racioc\u00ednio dif\u00edcil” <\/strong> . Infelizmente \u00e9 cada vez maior a quantidade de pessoas que n\u00e3o sabem escrever corretamente, n\u00e3o sabem entender e pior, n\u00e3o conseguem formar uma ideia compreens\u00edvel daquilo que expressam. O problema \u00e9 grave e h\u00e1 muitos culpados. O Paulo Couto e outros colunistas do F\u00f3rum PCs puxam uma campanha h\u00e1 alguns anos com o tema – “Eu sei escrever…”. Tal tema ainda desperta muito interesse a ponto de comumente sermos convidados a participar de programas de entrevistas para tratar do tema.<\/p>\n A mesma opini\u00e3o dos colunistas do F\u00f3rum PCs \u00e9 compartilhada por v\u00e1rios headhunters <\/strong> , empresas de sele\u00e7\u00e3o e departamentos de RH. O problema est\u00e1 gerando um fato que muitos est\u00e3o chamando de \u0091analfabetos graduados\u0092. Ultimamente h\u00e1 muito mais vagas do que profissionais capacitados a ocup\u00e1-las. S\u00e3o pessoas com qualifica\u00e7\u00e3o t\u00e9cnica, com extensos curr\u00edculos e muitos diplomas, mas com pouco conhecimento te\u00f3rico e pr\u00e1tico e sem as atitudes adequadas de um profissional. A maioria \u00e9 de gente muito nova e alguns chegam a ser arrogantes, pois com esse perfil pouco valem no mercado, mas se acham \u0091o m\u00e1ximo\u0092. V\u00e1rios n\u00e3o possuem sequer a m\u00ednima etiqueta empresarial ou corporativa, sua vida pessoal \u00e9 completamente desorganizada e parecem desconhecer fundamentos da \u00e9tica e do respeito. Segundo Paulo Ricardo Mubarack a falta de fibra \u00e9 outra marca registrada deste extenso grupo de incapacitados para o trabalho e isso est\u00e1 se transformando no maior apag\u00e3o de m\u00e3o-de-obra que este pa\u00eds j\u00e1 teve.<\/p>\n Paulo Ricardo Mubarack (Consulting & Business School) concorda que o problema \u00e9 “grave” <\/strong> e muitos empres\u00e1rios e executivos de RH j\u00e1 o perceberam h\u00e1 muito tempo. “Estamos diante de um grande grupo de “novos analfabetos”. Mal sabem escrever ou ler, mal sabem falar ou ouvir. N\u00e3o tem qualquer curiosidade cient\u00edfica, n\u00e3o leem livros, n\u00e3o assinam publica\u00e7\u00f5es t\u00e9cnicas, n\u00e3o consultam dicion\u00e1rios, n\u00e3o estudam, n\u00e3o treinam.” Sentencia Mubarak.Nos treinamentos que ministrava para equipes de vendas era comum ouvir representantes comerciais admitirem que “nunca participaram de um treinamento em vendas”.<\/p>\n A ortografia e o portugu\u00eas est\u00e3o no corredor da morte <\/strong> , sentenciados que foram ao ostracismo pela falta de uso e mais ainda pelo mau uso dele. Tais ditos \u0091profissionais\u0092 n\u00e3o revisam a ortografia do que escrevem no Word, mesmo tendo um corretor autom\u00e1tico. \u00c9 comum lermos palavras grafadas erroneamente. Um exemplo \u00e9 uma frase comum em entrevistas a candidatos para vagas de vendedores ou consultores em TI – eles escrevem “atender as suas ESPECTATIVAS do cliente” <\/strong> e dizer que est\u00e1 “ANCIOSO” <\/strong> para conseguir a vaga.<\/p>\n Gerentes de vendas e gestores de pessoas n\u00e3o conhecem os indicadores de desempenho mais b\u00e1sicos para suas \u00e1reas e sequer os procuram nem mesmo no Google. Al\u00e9m de tudo n\u00e3o leem os textos corretamente e muito menos totalmente e no meio da missiva o abandona e sai acreditando que possui opini\u00e3o formada sobre tudo. Ledo engano. Apesar de lerem muitas not\u00edcias r\u00e1pidas nas manchetes da Internet (principalmente twitters) n\u00e3o conseguem assimilar o contexto de causa e repercuss\u00f5es.<\/p>\n Os novos analfabetos graduados, na sua costumeira arrog\u00e2ncia, apresentam uma pose de import\u00e2ncia absoluta, inabal\u00e1vel, indefect\u00edvel e sempre reclamam da mesma coisa: “-que ganham muito pouco…” Mal sabem eles que ainda possuem uma grande desvantagem sobre os analfabetos cl\u00e1ssicos. Enquanto os cl\u00e1ssicos realmente n\u00e3o sabem ler e nem escrever e assumem isso; os analfabetos graduados n\u00e3o sabem que s\u00e3o analfabetos. Mubarak destaca com bastante propriedade, citando os gregos, para consolidar essa tal dupla ignor\u00e2ncia: “eu n\u00e3o sei que n\u00e3o sei!” Como disse Mario Quintana “o pior analfabeto: o que sabe ler, mas n\u00e3o l\u00ea”. <\/strong><\/p>\n Relat\u00f3rio do PNLL-Plano Nacional do Livro e Leitura acrescenta um fato importante ao citar que no Brasil, mais de 11% de nossa popula\u00e7\u00e3o olham para um livro e n\u00e3o conseguem ver nenhuma aventura, nenhum grande personagem se definindo, nem se aproximar de uma reflex\u00e3o instigante… Ele \u00e9 apenas uma m\u00e1quina estranha repleta de c\u00f3digos indecifr\u00e1veis, parada, sem vida alguma. N\u00e3o conseguem ver porque mesmo a m\u00e1quina mais simples exige-lhes um b\u00e1sico dom\u00ednio do alfabeto que uma boa parte do nosso povo mais pobre ainda n\u00e3o possui. No Brasil a leitura per capita equivale a 1,8 livros lidos por ano – sem coment\u00e1rios.<\/p>\n Segundo Paulo Couto, Editor-Chefe do F\u00f3rum PCs a campanha \u0091Eu Sei Escrever\u0092 foi uma cruzada que come\u00e7ou atacando o \u0091internet\u00eas\u0092 <\/strong> , “n\u00e3o porque era um idioma de \u0091moda\u0092 ou \u0091da internet\u0092, mas porque segrega uma vez mais aquele que n\u00e3o conhece seu significado.” Paulo Couto destaca que “tempos atr\u00e1s convivemos com o grave problema da discrimina\u00e7\u00e3o digital (a turma do \u0091sem computador\u0092), que \u00e9 consequ\u00eancia da discrimina\u00e7\u00e3o social e financeira existente nesse pa\u00eds, e vem o \u0091internet\u00eas\u0092 agora para segregar entre os \u0091digitalizados\u0092 \u00e0queles que n\u00e3o utilizam a linhagem r\u00e1pida dos torpedos e MSN.” Ressalta o Editor.<\/p>\n Aqui mesmo no F\u00f3rum PCs tem gente que critica os textos do Piropo sem nem mesmo ler, dizem que “s\u00f3 leio o inicio e o fim” <\/strong> . V\u00e1rias vezes, eu, Paulo, Piropo, Xand\u00f3, Elis (a guisa de exemplo) fomos criticados por alguns usu\u00e1rios que discordaram de uma opini\u00e3o que n\u00e3o foi expressada, direta ou indiretamente, no texto. Isso aconteceu simplesmente porque “eles entenderam dessa forma”. V\u00e1rias vezes recebemos e-mails duros de gente dizendo que discorda de n\u00f3s, e d\u00e1 a sua opini\u00e3o, a qual na realidade \u00e9 EXATAMENTE A NOSSA, ou seja, entendeu tudo o contr\u00e1rio. Isso j\u00e1 aconteceu com todos os colunistas do Forum PCs. Paulo lembra que recebe e-mails ou mensagens “t\u00e3o confusas que n\u00e3o d\u00e1 pra entender se o sujeito est\u00e1 afirmando ou perguntando, concordando ou discordando, com algo que eu escrevi.” Destaca Couto.<\/p>\n Nas nossas conversas, entre os colunistas, notamos tamb\u00e9m uma ansiedade exagerada nas pessoas <\/strong> , como se todos vivessem em um ritmo muito mais acelerado do que o normal, de forma que as interrup\u00e7\u00f5es nas conversas se tornaram frequentes, e a falta de racioc\u00ednio na hora de expor um tema marca a maioria das discuss\u00f5es. H\u00e1 um filme do Denzel Washington chamado \u0091The Great Debaters\u0092 que mostra que o debate era tratado como uma disciplina acad\u00eamica, com professor, aula, exerc\u00edcios e competi\u00e7\u00f5es. “Situa\u00e7\u00f5es como as propostas nesse filme”, destaca Paulo Couto, “ou no \u0091Sociedade dos poetas mortos\u0092 s\u00e3o completamente estranhas para o pessoal de hoje. \u00c9 necess\u00e1rio massagear mais o c\u00e9rebro e exercitar o pensamento e a argumenta\u00e7\u00e3o.” Conclui.<\/p>\n Para refor\u00e7ar a tese esta semana a Ediouro, enviou mensagem \u0091mandando\u0092 que os livreiros destru\u00edssem milhares de t\u00edtulos<\/a> de livros que n\u00e3o est\u00e3o tendo “boa sa\u00edda”. Entre os condenados \u00e0 morte estavam M\u00e1rio Quintana, Tolst\u00f3i, Ferreira Gullar, Shakespeare, N\u00e9lson Rodrigues. Diante do protesto dos livreiros, a editora suspendeu a ordem e est\u00e1 negociando descontos para que sejam comprados por pre\u00e7o mais baixos e vendidos em promo\u00e7\u00e3o.Para quem n\u00e3o sabe, as editoras gozam de uma s\u00e9rie de imunidades tribut\u00e1rias que representam um subs\u00eddio justo \u00e0 publica\u00e7\u00e3o de livros, inclusive para estes livros que mandou destruir. Em um pa\u00eds carente de cultura, educa\u00e7\u00e3o e de boa leitura tais livros deveriam ser doados \u00e0s escolas, bibliotecas, centros sociais p\u00fablicos e n\u00e3o \u00e0 fogueira como destino proposto pela Ediouro. <\/strong><\/p>\n No rumo que est\u00e1 tomando a sociedade atual, em breve um filme dever\u00e1 virar profecia realizada. Ele se chama <\/a> que mostra o futuro baseado na extrapola\u00e7\u00e3o do presente. No filme os mais inteligentes e conscientes evitam ter filhos ou mais de dois filhos. Assim eles s\u00e3o rapidamente superados pelos idiotas que procriam com mais velocidade. Os filhos dos idiotas elegem representantes parecidos com eles, e em algumas gera\u00e7\u00f5es a \u0091elite pensante\u0092 se torna uma minoria pouco influente. Nesse cen\u00e1rio futuro (poss\u00edvel?), o presidente americano \u00e9 um \u0091rapper\u0092 e ningu\u00e9m consegue resolver o problema das lavouras que pararam de germinar, pois, pasmem, que foram irrigadas por anos a fio com \u0091Gatorade\u0092 simplesmente porque a propaganda dizia que era “melhor do que \u00e1gua”.<\/p>\n A sociedade atual est\u00e1 manipulada de tal forma que nos transformamos em meros consumidores <\/strong> e pagadores de impostos. Consumimos qualquer porcaria que \u00e9 oferecida, at\u00e9 mesmo educa\u00e7\u00e3o de baixa qualidade, produtos \u0091xing-lings\u0092, programas de TVs absolutamente rid\u00edculos e a pior delas – as promessas de pol\u00edticos.<\/p>\n O \u0091internet\u00eas\u0092 \u00e9 apenas um dialeto dentre os muitos falados no Brasil <\/strong> , (tente entender o \u0091mineir\u00eas\u0092, o \u0091pernambuqu\u00eas\u0092, o \u0091paraib\u00eas\u0092, o \u0091paulist\u00eas\u0092, \u0091carioqu\u00eas\u0092, o \u0091gauch\u00eas\u0092 e decifre, se puder, a Conspira\u00e7\u00e3o Cearense para Dominar o Mundo) mas mesmo utilizando uma linguagem abreviada para se comunicar via Web atrav\u00e9s do MSN ou SMS, n\u00e3o ser\u00e1 essa a justificativa para assassinar o nosso portugu\u00eas. Se bobear, em breve, essa falta de compreens\u00e3o, leitura e conhecimento do idioma p\u00e1trio ir\u00e1 gerar a seguinte conversa entre um entrevistador e um \u0091analfabeto graduado\u0092 (sim, por que quase todo mundo, hoje em dia, tem p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o): O entrevistador perguntar\u00e1 ao candidato se ele fala bem portugu\u00eas. Ele diz que sim e falar\u00e1: “- portugu\u00eas”!<\/p>\n A cruzada continua…<\/p>\n Para me acompanhar no Facebook – Luis Sucupira<\/a> Para me seguir no Twitter – <\/a> Siga o F\u00f3rum PCs no Twitter – <\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Est\u00e1 cada vez mais dif\u00edcil contratar pessoas para vagas dispon\u00edveis no mercado. O maior problema n\u00e3o \u00e9 a qualifica\u00e7\u00e3o. Ela at\u00e9 que existe, mas o maior problema mesmo e o mais grave de todos \u00e9 o analfabetismo dos alfabetizados. Explico: O Houaiss destaca que analfabeto \u00e9 tamb\u00e9m “aquele que \u00e9 muito ignorante, bronco, de racioc\u00ednio …<\/p>\n