Os crimes mais rent\u00e1veis do Brasil est\u00e3o hoje no campo virtual e os lucros s\u00e3o mais altos que os obtidos no narcotr\u00e1fico, segundo a Abeat (Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Especialistas em Alta Tecnologia) e a PF (Pol\u00edcia Federal). Sem legisla\u00e7\u00e3o pr\u00f3pria, condutas il\u00edcitas na internet est\u00e3o atraindo quadrilhas que antes atuavam em crimes como roubo a bancos e tr\u00e1fico de drogas, segundo a PF.<\/p>\n
Embora n\u00e3o haja n\u00fameros espec\u00edficos sobre tend\u00eancia, a PF e a Abeat, que se reuniram nesta ter\u00e7a-feira (20) no Rio para discutir o tema, se baseiam no aumento de investiga\u00e7\u00f5es e no volume de documentos virtuais. S\u00f3 as opera\u00e7\u00f5es Hurricane (furac\u00e3o) e Navalha, da PF, geraram dados com cerca de 28 mil Gbytes, enquanto a m\u00e9dia \u00e9 de menos de 1.000 Gbytes por investiga\u00e7\u00e3o, segundo dados da PF.<\/p>\n
Em todo o pa\u00eds, h\u00e1 hoje 140 peritos que investigam crimes na internet. H\u00e1 pouco mais de dez anos, existia apenas um, de acordo com a Abeat. S\u00f3 este ano, segundo a PF, os investigadores produziram 2.820 laudos de crimes com base em informa\u00e7\u00f5es descobertas em correios eletr\u00f4nicos, imagens, registros de impress\u00e3o, arquivos, pendrives e discos r\u00edgidos de computadores.<\/p>\n
“A tend\u00eancia \u00e9 esses crimes aumentarem, por causa das novas formas de tecnologia e a falta de legisla\u00e7\u00e3o”, afirma o perito Paulo Quitiliano, presidente da Abeat e coordenador-geral da Confer\u00eancia Internacional de Per\u00edcias em Crimes Cibern\u00e9ticos, que ter\u00e1 sua quinta edi\u00e7\u00e3o em setembro no Rio. “Quadrilhas tradicionais t\u00eam migrado suas opera\u00e7\u00f5es para a internet. Mas eles imaginam, de forma err\u00f4nea, que est\u00e3o no anonimato”.<\/p>\n
Instrumento<\/p>\n
No Rio, traficantes de drogas de favelas j\u00e1 fazem uso de v\u00e1rios recursos de inform\u00e1tica para manter atividades il\u00edcitas, segundo o perito Luiz Carlos Serpa, da superintend\u00eancia da PF no Rio. “Mesmo traficantes com apar\u00eancias mais simpl\u00f3rias fazem uso desses meios, para compartilhar informa\u00e7\u00f5es entre os membros das quadrilhas”, afirmou.<\/p>\n
Atualmente, por\u00e9m, o crime mais rent\u00e1vel na internet no Brasil s\u00e3o os golpes praticados contra correntistas de bancos, segundo Quitiliano. O golpe consiste em roubar dados e a senha de clientes de bancos por meio de falsos emails.<\/p>\n
“O sistema financeiro [como sites de bancos] \u00e9 muito seguro, mas n\u00e3o 100% seguro, ent\u00e3o os criminosos v\u00e3o atacar os pontos fracos desse sistema, que s\u00e3o os correntistas”, disse. Al\u00e9m desses golpes, aparecem nas investiga\u00e7\u00f5es dos peritos da PF condutas como explora\u00e7\u00e3o sexual, prostitui\u00e7\u00e3o e tr\u00e1fico de informa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Contrabando<\/p>\n
Atualmente, a PF inicia investiga\u00e7\u00e3o sobre a venda de produtos contrabandeados por sites brasileiros, afirmou o diretor t\u00e9cnico-cient\u00edfico da PF, o perito Paulo Roberto Fagundes. “O problema \u00e9 que os sites de venda de produtos contrabandeados, por\u00e9m n\u00e3o il\u00edcitos, s\u00e3o enquadrados como crime de descaminho. J\u00e1 os produtos il\u00edcitos s\u00e3o dif\u00edceis de monitorar porque esses criminosos normalmente hospedam informa\u00e7\u00f5es no que chamamos de para\u00edsos cibern\u00e9ticos, que s\u00e3o \u00e1reas sem dados e senhas”.<\/p>\n
Embora reconhe\u00e7a haver ainda poucos investigadores espec\u00edficos dos crimes “cibern\u00e9ticos”, Fagundes disse acreditar que a aprova\u00e7\u00e3o de uma legisla\u00e7\u00e3o pr\u00f3pria consiga conter a expans\u00e3o desses crimes. Atualmente, o projeto de lei para condutas il\u00edcitas na internet tramita no Senado Federal, sem previs\u00e3o de ser votado.<\/p>\n
“Dizem que o Estado quer invadir a vida das pessoas, mas se o Estado n\u00e3o tem as garantias m\u00ednimas para investigar, n\u00e3o temos condi\u00e7\u00e3o de proteger totalmente a popula\u00e7\u00e3o”, disse Fagundes.<\/p>\n
Para n\u00e3o se tornar v\u00edtima de golpe na internet, clientes de banco devem atualizar constantemente programas de antiv\u00edrus e evitar abrir mensagens de correio eletr\u00f4nico indesejadas ou os chamados spams, aconselhou Quintilliano.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Os crimes mais rent\u00e1veis do Brasil est\u00e3o hoje no campo virtual e os lucros s\u00e3o mais altos que os obtidos no narcotr\u00e1fico, segundo a Abeat (Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Especialistas em Alta Tecnologia) e a PF (Pol\u00edcia Federal). Sem legisla\u00e7\u00e3o pr\u00f3pria, condutas il\u00edcitas na internet est\u00e3o atraindo quadrilhas que antes atuavam em crimes como roubo a …<\/p>\n